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Ficou marcado na história: o legado que Jorge Jesus deixa ao Flamengo

Técnico português frustrou rubro-negros ao retornar ao Benfica, mas ficará eternizado na Gávea como o líder de um ano mágico, com mais títulos que derrotas

Um título Copa Libertadores, um do Campeonato Brasileiro, uma Recopa Sul-Americana, uma Supercopa do Brasil e um Campeonato Carioca, sempre com um estilo de jogo ofensivo e encantador. Em pouco mais de um ano, Jorge Jesus colecionou tantas façanhas no Flamengo que já pode ser considerado um dos maiores treinadores da história do clube mais popular do Brasil. A trajetória, no entanto, foi interrompida abruptamente nesta sexta-feira 17, quando o Flamengo confirmou a saída do técnico português de 65 anos para reassumir o comando do Benfica.

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A saída, que já vinha sendo especulada havia algumas semanas, pegou os flamenguistas de surpresa. Com o time campeão de tudo, um elenco repleto de estrelas e altos salários – inclusive o do próprio técnico – em dia, e um contrato recém-renovado, parecia não haver motivo algum para cogitar uma mudança de ares. No entanto, a saudade de Lisboa e, sobretudo, a indefinição causada pela pandemia de coronavírus, além, claro, de uma sedutora proposta financeira, fizeram Jesus mudar de ideia. Ele tinha um pacto com os atletas: voltar ao Mundial de Clubes e desta vez sair com o título. A competição, porém, talvez nem sequer aconteça em meio a um calendário caótico.

Torcida do Flamengo com a foto do "mister" Jesus na arquibancada
Nos braços do povo: Jesus é um ídolo no Rio Alexandre Vidal/Flamengo/Divulgação

A saída inesperada, que normalmente seria motivo de revolta por parte de torcedores, não deve ser vista como traição. Nas redes sociais, já se espalham demonstrações de decepção, mas sobretudo de respeito e gratidão ao “Mister”, como ele era chamado carinhosamente pelos jogadores e pela nação rubro-negra. O legado que Jesus deixa na Gávea “ficou marcado na história”, como diz a canção “Em dezembro de 81”, que virou hit no Maracanã em 2019.

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O português também deve ser grato ao clube que o proporcionou uma grande chance. Até o ano passado, ele estava no Al-Hilal, dos Emirados Árabes, após uma passagem frustrada pelo Sporting, marcada por uma invasão de torcedores ao centro de treinamento do clube e uma série de agressões aos atletas e comissão técnica. No Brasil, Jorge Jesus sobrou e voltou forte ao mercado, o que motivou o Benfica a “namorá-lo” diversas vezes até receber o “sim” nesta sexta.

Em um time superior aos rivais em termos financeiros e com grandes contratações engatilhadas logo quando chegou, Jorge Jesus foi brilhante. Além dos títulos, o português deixa o clube com 43 vitórias, 10 empates e apenas quatro revezes (são mais troféus que derrotas).

Dentro de campo, o estilo de jogo do Flamengo era o que mais chamava atenção. Os 10 jogadores de linha estavam sempre participando das ações defensivas, mas marcando alto e sufocando os adversários. O Flamengo induzia o time adversário ao erro ou a se livrar da bola o mais rápido possível, para então usar seus craques para achar espaço nas mais retrancadas defesas adversárias. A impressão era de que a equipe era quase imbatível. “O treinador tem de ser um criativo, assim como o jogador”, disse o português em entrevista a PLACAR, no ano passado, quando explicava “seus mandamentos”.

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Sua postura peculiar era outro atrativo para os torcedores, que adoravam ouvir o técnico falar em tom de superioridade sobre os adversários, antes e depois de prová-la nos gramados. Nem mesmo os técnicos mais falastrões, como Renato Gaúcho, puderam rebater efetivamente as provocações. “O Flamengo está em outro patamar”, dizia Bruno Henrique no ano passado, mas a frase virou um clichê nas coletivas do português e viralizou nas redes sociais.

A postura de Jorge Jesus, inclusive, sempre foi motivo de polêmica com os técnicos brasileiros, que constantemente reclamavam. A saída do português, sob este ponto de vista, é até um alívio para os concorrentes, mas a bola será novamente passada para treinadores brasileiros tentarem provar que podem fazer um time tão competitivo quanto o Flamengo de 2019.

Quanto ao time rubro-negro, o novo responsável por assumir o posto ainda é uma incógnita, pois o Flamengo estava confiante em sua permanência. Vale lembrar que o tempo para assimilar o golpe será curto, pois o Brasileirão está marcado para o dia 9 de agosto. Pelo sucesso de Jorge Jesus, é provável que outro gringo pinte no Rio de Janeiro. O novo comandante receberá um grupo montado, entrosado e com boas chances de seguir vencedor, mas dificilmente receberá um carinho tão grande quanto o antecessor, sempre recebido pela torcida com um “olê, olê, olê, mister, mister”.

Jorge Jesus: 43 vitórias, 10 empates e apenas quatro derrotas no Flamengo Ricardo Moraes/Reuters
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