Feijão: premiação baixa do tênis pode incentivar manipulação
O brasileiro, nº 149 do mundo, disse que condena os tenistas que entregam partidas por dinheiro, mas também entende o lado dos atletas que são mal pagos no circuito
Mais um tenista se pronunciou sobre as recentes denúncias de manipulação de resultados em jogos de tênis. O brasileiro João Souza, o Feijão, que está disputando o Challenger do Rio de Janeiro nesta semana, disse que condena o fato de alguns tenistas aceitarem suborno para entregarem partidas, mas não se surpreendeu com as denúncias feitas pela BBC e pelo site BuzzFeed, envolvendo 28 tenistas suspeitos de vender resultados – 16 dos quais estão entre os 50 melhores do mundo de acordo com as publicações.
O atual nº 149 do ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP) afirmou já ter escutado muitas histórias sobre o tema – mas levanta um motivo que acredita contribuir para a corrupção: a baixa remuneração dos torneios. Feijão lembra que no circuito são poucas as competições que distribuem bons prêmios, o que, segundo ele, faz com que o suborno acabe se tornando um atrativo para alguns tenistas que não ganham tanto com os torneios.
“Os Grand Slams, Master 1000, 500 e 250 são muito bem pagos. Mas e o resto? Quem joga Challenger ou Future acaba pagando para jogar. O cara que não tem patrocínio, tem família, vai fazer o quê?”, disse o brasileiro. “Eu não concordo com isso, mas entendo esse lado.”
Ao se aprofundar sobre as dificuldades enfrentadas pelos tenistas que não fazem parte do grupo dos 80 primeiros do ranking, Feijão lembrou que eles não têm vida fácil e gastam muito para participar de torneios. “Dos Challengers para baixo a remuneração é muito baixa. Tem Future que dá prêmio de 1.800 dólares ao campeão. O cara gasta muito mais do que isso com viagem, hospedagem, comida, treinador.”
Suborno – O atleta também revelou que já foi alvo de uma tentativa de suborno, mas não aceitou. O caso aconteceu há dois ou três anos, segundo ele, durante um torneio em Bucaramanga, na Colômbia. “Eu já recebi uma vez, alguns anos atrás, uma proposta, por meio do Facebook. Eu nem respondi. Um cara me comunicou, eu não lembro com quem ia jogar, ele perguntou se eu aceitava perder por 2 sets a 0 e tal. Li e não respondi.”
Feijão diz já ter escutado falar em várias propostas feitas a tenistas nessas condições. “Já ouvi 25 mil euros, 10 mil reais, 20 mil dólares. Não estou defendendo os caras que fazem. Mas quem não está em um Grand Slam vende o almoço para pagar a janta.”
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(Com Estadão Conteúdo)