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Família da roça e meia na base: conheça Diego Carlos, zagueiro da seleção

Convocado pela primeira vez, o jogador do Sevilla virou defensor a pedido de Pita e pensava em parar para ajudar a pagar as contas em casa

“Você vai sair de lá para vir comer carne moída aqui? Pode ir embora, viu”. A reação espontânea de Alex Mazza, então técnico do sub-17 do América-SP, há pouco mais de uma década, aconteceu assim que viu o zagueiro Diego Carlos sentado à porta do estádio Benedito Teixeira, em São José do Rio Preto, semanas após chegar do Desportivo Brasil. Camisa 10 na base do clube, ele não queria recomeçar como zagueiro e pensava em largar o futebol para trabalhar e ajudar a família.

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Convocado por Tite após os cortes de Éder Militão e Rodrigo Caio por lesão, o zagueiro de 27 anos que hoje brilha no Sevilla – responsável pela jogada no gol do título do clube espanhol na última final da Liga Europa, contra a Inter de Milão – passou por dificuldades até chegar à seleção brasileira.

“Ele era um menino do interior, tinha saudades e sempre muita preocupação em ajudar a família. Estava com o preparador físico do clube e demos essa bronca nele. Os pais eram pessoas simples, cortadores de cana, muito trabalhadores. Queria largar tudo para ir ajudá-los”, conta Mazza a PLACAR. “E ele não queria jogar de zagueiro de jeito nenhum”, acrescenta.

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“Quando foi aprovado no América-SP, com 16 anos, ele não pôde jogar o Paulista, pois o prazo para inscrições havia encerrado. Ele morava no alojamento, mas muitas vezes comentava em parar para ir ajudar a família, muito sofrida. Pusemos na cabeça dele que não poderia desistir, que o futebol era a melhor forma de ajudá-los”, conta Dario Papa, então supervisor da base do clube e que atualmente trabalha na empresa que cuida da carreira do jogador.

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Natural de Barra Bonita, no interior paulista, Diego viveu infância humilde em Dois Córregos (a 286km de São Paulo). Antes do futebol, ajudava os pais com o trabalho na roça, vendia picolés na cidade e também trabalhava em uma fábrica, embalando e pintando móveis. Só jogava futebol nas ruas, descalço.

Passou a jogar em um time local, após realizar um teste com uma chuteira emprestada, maior do que o número que usava. Chamou atenção do América-SP e viu tudo mudar quando Pita – então coordenador da base do Desportivo Brasil, clube de Porto Feliz que pertencia à Traffic – acompanhava um treinamento. Impressionado com a força física do jogador, pediu ao treinador para que testasse o então meio-campista como zagueiro.

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“Vi um meia muito forte, mas sem muita mobilidade. Imaginei que poderia ser um zagueiro de alto nível, pois tinha excelente técnica, vinha entre os zagueiros para organizar todo o jogo. Ele não queria, mas por insistência dos treinadores aceitou. Não cabia em uma posição, mas entrava perfeitamente em outra. Levamos ele na hora como zagueiro”, conta o ex-jogador, atualmente coordenador de captação do São Paulo. “Ele jogava de cabeça erguida, tinha ótima saída e batia o tiro de meta quase de uma área a outra”, relata Alex Mazza.

No Desportivo, ganhou espaço como zagueiro e visibilidade que chamou atenção do São Paulo. Jogou uma Copa São Paulo pelo clube e subiu aos profissionais em maio de 2013, com Ney Franco, ao lado do também zagueiro Lucão, do volante Allan e do meia-atacante Lucas Evangelista.

Jamais foi utilizado pelo clube. Era a sétima opção entre os zagueiros, e preferiu sair a renovar contrato. “A passada do Diego era muito boa, subiu rapidamente ao profissional. Tinha um biotipo acima da média, mas a concorrência era grande na época”, lembra o técnico Marcos Vizolli, que treinava o sub-20, hoje auxiliar fixo do clube paulista.

Diego passou por Paulista e Madureira, sem sucesso, e foi para Portugal. Jogou por Estoril e Porto B até a chegada ao Nantes, onde viveu a sonhada guinada na carreira. Na passagem, ficou marcado por um episódio curioso em que se chocou de forma involuntária com o árbitro Tony Chapron que, no chão, tentou acertar um chute no brasileiro. Em seguida, o expulsou de campo. O episódio rendeu na suspensão do juiz pela direção de arbitragem da Ligue 1.

No Sevilla, o jogador hoje é nome mais cobiçado para uma transferência. Com multa rescisória estipulada em 75 milhões de euros (501 milhões de reais pela cotação atual), pode se tornar em breve o terceiro zagueiro mais caro do mundo, atrás somente de Matthijs de Ligt, contratado pela Juventus em 2019 por 85,5 milhões de euros, e Virgil Van Dijk, que chegou ao Liverpool em 2018 por 84,7 milhões de euros.

Agora, consolidado, Diego será o 16º zagueiro diferente testado por Tite desde o início de seu trabalho, em junho de 2016. Ele já era observado pela comissão do treinador e tentará provar que pode assumir de vez uma vaga na seleção.

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