Ex-presidente do Barcelona dorme a -5°C na prisão
Jornal espanhol detalha a rotina de Sandro Rosell, preso há nove meses na Espanha, acusado de lavagem de dinheiro em transações com a CBF
Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, está perto de completar nove meses de prisão na Espanha. Acusado de lavagem de dinheiro e cobrança ilegal de comissões em transações envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e seu ex-presidente Ricardo Teixeira, o dirigente espanhol tem sofrido com o frio intenso na penitenciária de Soto de Real, próxima a Madri. O jornal catalão Mundo Deportivo revelou nesta quinta-feira detalhes do “Inferno de Rosell”, que se sente injustiçado e mal-tratado.
Segundo seus advogados, Pau Molins e Andrés Maluenda, o aquecedor da prisão só funciona duas horas por dia e Rosell dorme todas as noites vestindo roupas impermeáveis, trazidas pelos familiares, para se proteger do frio de -5°C. O ex-presidente do Barcelona também utiliza garrafas de água quente para se proteger do inverno. Os advogados também criticaram a qualidade das refeições e do atendimento médico da penitenciária e disseram que “as forças de Rosell estão se esgotando”.
Rosell está proibido de ter contato direto com com familiares, advogados e amigos – uma tela de vidro os separa durante as visitas. O ex-dirigente e empresário de 53 anos considera irregular a sua prisão preventiva imposta pela juíza do Tribunal Nacional, Carmen Lamela, no caso apelidado de “Operação Jules Rimet”.
A Justiça espanhola não o autoriza a responder em liberdade por considerar que há risco de fuga. Seus advogados insistem que Rosell tenha seu passaporte confiscado, o que impossibilitaria sua saída do país, e já consideraram recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Rosell também solicita que, ao menos, seja transferido para a prisão de Cuatre Camins, em Barcelona, para que seus familiares não precisem viajar 1.200 quilômetros até Madri para visitá-lo.
Ricardo Teixeira segue livre
Rosell foi preso em maio do ano passado, após investigações nos Estados Unidos sobre seu envolvimento em contratos da Nike com a CBF, na época em que trabalhava como diretor da fornecedora de material esportivo americana. O FBI o acusa de ter desviado cerca de 15 milhões de dólares para contas secretas de Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, de quem Rosell era amigo próximo.
O Mundo Deportivo destaca nesta quarta-feira que a juíza Carmen Lamela pediu à Justiça brasileira a extradição de Ricardo Teixeira, apontado como beneficiário das comissões ilegais. No entanto, o Brasil, “depois de analisar o caso e as evidências, não considerou que havia algum crime alegado”, informa o jornal.
A publicação cita ainda uma consideração absurda, atribuída à Audiência Nacional da Espanha. “Continuando com o Brasil, surge a situação que, tendo acreditado a defesa de Rosell de que a CBF é um órgão privado, a Audiência Nacional respondeu que não, ‘porque no Brasil o futebol vai além dos esportes’ . Por esse motivo, a Audiência Nacional considera unilateralmente a CBF como um órgão público.” Ricardo Teixeira segue respondendo às acusações em liberdade.