Ex-chefe da vela diz que foi demitido por tentar tirar Baía de Guanabara da Rio-2016
O inglês Peter Sowrey foi destituído do cargo em dezembro do ano passado por tentar mudar a disputa da vela para Búzios, onde a água é mais limpa
O ex-presidente da Federação Internacional de Vela (Isaf), Peter Sowrey, declarou nesta terça-feira em entrevista à agência de notícias Associated Press (AP) que sua saída da entidade, no começo de dezembro, ocorreu por causa de uma tentativa de mudança das provas de vela dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro da Baía de Guanabara para Búzios. A revelação chegou até a figurar nesta quarta-feira entre os assuntos mais comentados do Twitter, os ‘trending topics’, com a hashtag #riowater. O executivo inglês propôs o novo lugar para a disputa da modalidade devido ao alto nível de poluição em Guanabara, onde ainda estão programadas as competições da modalidade.
Um estudo divulgado em julho do ano passado pela própria AP revelou que as águas da Marina da Glória na Baía de Guanabara, da Lagoa Rodrigo de Freitas e da praia de Copacabana estão altamente contaminadas por vírus e bactérias de esgoto humano que podem ser nocivos à saúde dos atletas olímpicos. Inclusive, esportistas do remo e alguns velejadores relataram mal-estar em treinos e eventos-testes e levantaram mais ainda as suspeitas de poluição nos lugares onde serão disputadas algumas modalidades.
Peter Sowrey ficou apenas cinco meses no cargo. Na época, a Isaf divulgou um curto comunicado em seu site oficial explicando que o ex-dirigente “decidiu ir em busca de outros desafios que combinam com sua carreira”.
Mas Sowrey desmentiu o fato na entrevista à AP: “Foi-me dito para me calar sobre o assunto. A diretoria sentiu que eu estava sendo muito agressivo. Eles basicamente me botaram para fora. Eu não me demiti. A diretoria, no final, me disse para sair”, revelou o inglês à AP, contrariando a justificativa da própria Isaf.
“Eu fiz um plano com Búzios e tentei levar à frente. Eu não podia vencer essa batalha, não internamente na Isaf, e eu não podia vencê-la com os organizadores. Eu fiquei perplexo, pois não havia um plano reserva para a vela. Afinal de contas, é apenas velejar, não curar o câncer”, comentou o ex-presidente em tom irônico.
Mesmo com as análises que comprovaram haver poluição nas águas da Baía de Guanabara e em outros lugares, o Governo do Rio de Janeiro, a prefeitura e os organizadores dos Jogos Olímpicos decidiram manter os locais onde serão disputadas algumas modalidades aquáticas.
(Com Gazeta Press)