Estádio Petraglia: família de antecessor protesta contra mudança do Atheltico-PR
Familiares consideram que história de Joaquim Américo está sendo "apagada para gerações futuras" em pleno ano do centenário do Furacão
O Conselho Deliberativo do Athletico Paranaense definiu por unanimidade a alteração do nome institucional da Ligga Arena em votação na última segunda-feira, 26. Assim, o antigo Joaquim Américo Guimarães passou a se chamar estádio Mario Celso Petraglia, como forma de homenagear o atual presidente do clube. O binesto de Joaquim, Flávio Guimarães, enviou uma nota à PLACAR em nome da família, protestando contra a mudança.
“Nós da família, estamos muito tristes pela história estar de uma certa forma sendo apagada para gerações futuras! Justamente nós 100 anos do clube! Estão tentando apagar a gênese do clube e imputar o começo do Athlético depois do Petráglia! Justamente um mês antes da comemoração do centenário!”, diz trecho da nota.
“Joaquim Américo Guimarães construiu o primeiro estádio do Paraná, a baixada do água verde, com recurso próprio, sem ajuda de governo e patrocínios! Era um feito para a época! Ele criou o internacional, que era o clube que aceitava jogadores de diversas nacionalidades , clube que deu origem ao furacão! Não tiramos o mérito de homenagear Petráglia, ele merece demais uma homenagem, só não concordamos que para homenagear alguém se “desomenageie” outro! Uma pena! Prometeram homenagear meu bisavô de outra forma! Talvez um memorial, vejamos se será verdade! Teremos que nos contentar com migalhas! Uma pena, lamentável essa situação!”, completa a família de Joaquim Américo.
O Athletico confirmou a mudança na última segunda-feira, 26. “Após homenagear por 90 anos Joaquim Américo Guimarães, fundador do Internacional e figura importante nos primórdios do futebol paranaense, a casa athleticana entra em um novo momento”, publicou o time paranaense.
Com Petraglia no cargo desde 1995, o Athletico conquistou os títulos do Campeonato Brasileiro de 2001, duas Sul-Americanas em 2018 e 2021, e a Copa do Brasil de 2019. Além disso, foi responsável por construir o moderno Centro de Treinamento do Caju, de 220 mil metros quadrados, e a Arena da Baixada, a única com teto retrátil na América Latina.
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“O novo nome institucional homenageia quem acreditou em um sonho, reconstruiu o estádio duas vezes e colocou o nosso nome em uma Copa do Mundo: Mario Celso Petraglia”, escreveu o clube.
O nome oficial do estádio do Athletico-PR era Joaquim Américo, que em 1913, ano do início das obras, era presidente do Internacional de Curitiba, clube que originou o Athletico. Mais conhecida como Arena da Baixada, o estádio passou a se chamar Ligga Arena após acordo de naming rights em 2023, nome que será mantido comercialmente.
Agora, Petraglia se junta ao grupo de dirigentes que batizam grandes estádios do país. Saiba quem foram Mário Filho, Paulo Machado de Carvalho, entre outros.
Mário Filho (Maracanã)
Mário Rodrigues Filho (1908-1966) foi um dos maiores jornalistas esportivos do Brasil, torcedor do Flamengo e irmão do escritor e dramaturgo tricolor Nelson Rodrigues. Nascido em Recife (PE), fez carreira no Rio (foi o criador do nome do clássico Fla-Flu) e foi um dos grandes incentivadores da construção do Maracanã.
Cícero Pompeu de Toledo (MorumBis)
Cícero Pompeu de Toledo (1910-1959) era o presidente do São Paulo no início da construção do estádio tricolor. Morreria em 1959, um antes de o MorumBis ser inaugurado. Sob sua gestão, o São Paulo foi campeão paulista de 1948, 1949, 1953 e 1957.
Paulo Machado de Carvalho (Pacaembu)
Paulo Machado de Carvalho (1901-1992) foi um advogado e empresário paulistano. Ganhou o apelido de “Marechal da Vitória” por ter chefiado a delegação do Brasil nas primeiras Copas conquistadas, em 1958 e 1962. Fez fama no rádio e na TV (foi criador da TV Record e dono da Panamericana, que mudaria de nome para Jovem Pan) . Foi presidente do São Paulo entre 1940 e 1947, antecessor de Cícero Pompeu de Toledo. Passou a batizar o Pacaembu em 1961, 21 anos depois da inauguração do estádio municipal.
Governador Magalhães Pinto (Mineirão)
José de Magalhães Pinto (1909-1996) foi um advogado e banqueiro, e dos mais poderosos políticos de Minas Gerais. Foi deputado, senador e governador do estado entre 1961 e 1966. Apoiou o golpe militar de 1964 e assumiu o Ministério das Relações Exteriores no governo de Costa e Silva.
José Pinheiro Borda (Beira-Rio)
José Pinheiro Borda (1897-1965) foi um engenheiro nascido em Portugal e que veio ainda jovem para Porto Alegre. Foi presidente do conselho deliberativo do Internacional e comandou a comissão de obras do Beira-Rio. Morreu em 1965, quatro anos antes da inauguração do estádio colorado.
Urbano Caldeira (Vila Belmiro)
Urbano Vilella Caldeira Filho (1890-1933) é considerado um dos santistas mais fanáticos em todos os tempos. Catarinense, se mudou para o litoral paulista para trabalhar como agente alfandegário, mas sua paixão e talento para o futebol falaram mais alto. Foi atleta, treinador e dirigente do Santos. Era constantemente visto aparando o gramado do Peixe. Morreu de pneumonia aos 43 anos. Dias depois, a diretoria decidiu batizar a Vila Belmiro com seu nome.
Major Antônio Couto Pereira
Antônio Couto Pereira (1896-1976), o homem que batiza o estádio do Coritiba, foi um militar e presidente do clube paranaense. Responsável por encontrar o terreno no bairro Alto da Glória, em Curitiba, inaugurado em 1932, sob o nome de Belfort Duarte. Passou a batizar o estádio apenas em 1977, quando foi concluída uma grande reforma no local.
Governador Plácido Castelo (Arena Castelão)
Plácido Aderaldo Castelo (1906-1979), foi um advogado, jornalista e político. Foi prefeito de Fortaleza e governador do Ceará na época da inauguração do estádio, em 1973.
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