Envolvido em polêmicas, CEO da Nike deixará o cargo depois de 13 anos
Mark Parker será substituído por John Donahoe em um ano de altos e baixos para a empresa patrocinadora de Neymar e da seleção brasileira de futebol
A fabricante americana de material esportivo Nike informou no final da tarde desta terça-feira 22, que Mark Parker, presidente e CEO da empresa desde 2006, dará lugar a outro executivo John Donahoe, que já foi o diretor-executivo da gigante do comércio online eBay. O anúncio, feito através de um comunicado oficial, acontece no final de um ano de extremos para a marca de calçados. Se por um lado a companhia assinou campanhas de marketing de sucesso, atacando pontos nevrálgicos da sociedade, como o racismo, por outro a Nike sofreu com a divulgação de detalhes de como lidava com a gravidez de suas atletas patrocinadas e da condenação por doping de um treinador de atletismo que tinha um projeto financiado inteiramente pela empresa.
Parker esteve envolvido diretamente em pelo menos um desses episódios. Dias antes do início do Mundial de Atletismo, realizado há três semanas, o jornal americano Wall Street Journal revelou que o CEO sabia de um esquema de doping coordenado por Alberto Salazar no Projeto Oregon, patrocinado pela Nike. A publicação divulgou uma troca de e-mails que mostra que Parker teve acesso às práticas do treinador cubano radicado nos Estados Unidos.
Salazar acabou banido por quatro anos pela Agência Antidoping dos Estados Unidos. Um dos motivos foi ter feito experimentos com testosterona em atletas – segundo o Wall Street Journal, um deles teria acontecido na sede da Nike, com consentimento de Mark Parker. A empresa negou o envolvimento do CEO no caso e ainda declarou seu apoio ao direito de defesa de Salazar.
O outro caso começou no ano passado, quando Parker decidiu reestruturar sua diretoria e perdeu o seu braço direito e favorito para assumir o seu lugar como CEO no futuro, Trevor Edwards. A derrota corporativa ocorreu depois que um grupo de funcionárias reclamou sobre a hostilidade com que Edwards as tratava na empresa. A Nike deu um passo rumo à igualdade quando admitiu, em maio, que falhava com suas funcionárias e decidiu rever a posição, garantindo promoções e aumentos de salários para 7 000 mulheres. Parker passou o mês se desculpando publicamente.
Neste ano, as práticas condenatórias contra as mulheres voltaram ao foco quando três corredoras olímpicas declararam em outro periódico dos Estados Unidos, o New York Times, que a Nike diminuiu seus pagamentos enquanto elas estavam grávidas. Allyson Felix, a única mulher a ganhar seis ouros olímpicos no atletismo, contou que a fornecedora de materiais esportivos queria pagar 70% a menos após ela dar a luz. A Nike voltou a se posicionar dizendo que iria rever os contratos para garantir mais proteções a atletas grávidas.
A Nike decide mudar o comando em seu período mais lucrativo da história. A empresa chegou ao seu maior valor de mercado no final de setembro deste ano, avaliada em 145 bilhões de dólares, com um aumento de 7% no faturamento do último trimestre (10,7 bilhões de dólares). Com o anúncio da saída de antigo CEO, as ações caíram 1% nas primeiras horas após o anúncio.
De acordo com a nota, Mark Parker vai atuar como presidente executivo e continuará a liderar o conselho da empresa, trabalhando próximo a Donahoe e à diretoria da empresa.