Entrevista: Paulo Sérgio, cria do terrão e quebrador de paradigmas
Campeão mundial pela seleção brasileira e pelo Bayern, ex-atacante relembrou sua trajetória no programa Redação PLACAR
Ser campeão do mundo é uma honra para poucos. O ex-atacante Paulo Sérgio, de 53 anos, obteve a façanha duas vezes, pela seleção brasileira na Copa de 1994 e também pelo Bayern de Munique, na Copa Intercontinental de 2001. Foi também um dos mais pródigos filhos do terrão, como é conhecida a categoria de base do Corinthians, pelo qual conquistou o Brasileirão de 1990, o primeiro do Timão.
“Eu costumo dizer que eu rompi muitos paradigmas, pois o Corinthians nunca havia sido campeão brasileiro, o Brasil estava 24 anos sem ganhar a Copa, e fui um dos primeiros brasileiros a fazer sucesso na Alemanha”, contou Paulo Sérgio em entrevista ao Redação PLACAR desta semana. Antes de empilhar taças pelo Bayern, ele havia brilhado pel Bayer Leverkusen, entre 1993 e 1997.
Revelado pelo Corinthians em 1988, ele se diz orgulhoso de sua trajetória no clube. “Na minha época era terrão mesmo, hoje é grama sintética, outra estrutura. Não tinha nem chuteira, a gente jogava de tênis mesmo”, diz. “Que saiu do terrão para ser campeão do mundo só tem três jogadores, eu, Viola e Rivellino. São poucos.”
Durante a entrevista, Paulo Sérgio relembrou a derrota para o Palmeiras na final do Paulista de 1993 e a famosa entrada que levou de Edmundo. Segundo ele, a arbitragem favoreceu a equipe alviverde. “Naquela época, o Campeonato Paulista era mais importante que o Brasileiro, o foco era esse. E aquela final estava marcada por algo muito importante, que era tirar o Palmeiras da fila. Eles tinham investido muito dinheiro. Já minaram nosso time no primeiro jogo, expulsaram o Moacir, e mesmo assim ganhamos”, disse.
“E no segundo começam a minar novamente, cartões amarelos. Muitos lembram da entrada do Edmundo, mas antes teve uma pouco antes do Roberto Carlos. Se tivesse VAR…”, seguiu. “Se o Roberto Carlos fosse expulso, se o Edmundo fosse expulso, por mais que eles estivessem um time mis forte que o nosso, o nosso era muito determinado, e eles não iam ganhar da gente. Mas começaram a minar nosso time., podíamos jogar um ano que não ganharíamos deles, já era carta marcada.”
Na entrevista, Paulo Sérgio falou sobre racismo na Alemanha – “o mesmo que tem lá, tem aqui” -, relembrou boas histórias com Francesco Totti na Roma e Oliver Kahn no Bayern e da histórica conquista do tetra, em 1994.
“O Brasil teve momentos de seleções que jogavam bonito, eram atrativas, foram importantes, mas não conquistaram. E naquela Copa sabíamos o que nós queríamos e nos preparamos para isso”, diz. “Nós dominamos a Itália na final, havia pressão por jogar bonito, mas nós jogamos pra vencer. Foi uma seleção que deixa um legado importante.