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Entre vaias e aplausos, Messi riu por último; os detalhes do adeus do craque ao Brasil

Gênio argentino levou uma multidão ao Maracanã e apesar de atuação apagada, marcada por irritação pré-jogo, colecionou mais uma boa memória no Rio

RIO DE JANEIRO – “Eu vim mais para ver o Messi”. Não foram poucos os torcedores brasileiros que admitiram, sem pestanejar, o principal motivo de terem ido ao Maracanã nesta noite de calor infernal no Rio de Janeiro desta terça-feira, 21. De quebra, havia ainda um Brasil x Argentina, o maior clássico do futebol mundial, com uma série de condimentos especiais. Numa noite histórica, para o bem e para o mal, todos os olhos e lentes estavam voltados ao craque campeão do mundo, e não era para menos. Aos 36 anos, o gênio argentino fez, muito provavelmente, o 23º e último jogo em solo brasileiro. Irritou-se, reclamou, xingou e pouco fez com a bola. Mas, assim como na final da Copa América de 2021, o dia que mudou sua relação com o povo argentino, deixou o Maraca rindo por último, com o triunfo por 1 a 0 que ampliou a crise na equipe canarinha.

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Havia expectativa sobre qual seria o tratamento da torcida brasileira ao melhor jogador do mundo, um dos maiores de todos os tempos. Em sua estreia no país, em 2008, então com 20 anos e vestindo a camisa 18, Messi recebeu aplausos – num misto de admiração ao prodígio e protesto contra o Brasil de Dunga, em um empate em 0 a 0, no Mineirão. Desta vez, já na reta final de uma carreira irretocável o cenário era outro. Lionel é um ídolo global, admirado por aqui não apenas por sua categoria, mas pela amizade com Ronaldinho e Neymar, pelo bom trato com as crianças, e pelo respeito que sempre teve com o principal rival.

Ao chegar ao estádio, Messi teve seu nome gritado, mas desceu rápido do ônibus, concentrado. Logo na entrada em campo, foi alvo de reações distintas. Meninos e meninas com cartazes pediam sua camisa, enquanto alguns adultos priorizavam a rivalidade. O adeus de Messi ao Brasil registrou uma cena inusitada: o lado amarelo do estádio comemorou um gol de Messi, mas na hora do aquecimento, diante do goleiro argentino. Depois, nos chutes que errou, recebeu vaias, numa galhofa tipicamente carioca.

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Tudo ia bem, até terminar a execução dos hinos nacionais. Uma enorme confusão se instalou no setor misto das arquibancadas e a polícia interveio com violência. Ao ver torcedores sangrando, o capitão e seus colegas correram para tentar socorrer os compatriotas. O excêntrico goleiro Dibu Martínez chegou a tentar arrancar um cassetete da mão de um policial. Revoltado, Messi puxou a fila dos argentinos que abandonaram o campo. Antes, ainda bateu boca com Rodrygo, o jovem que herdou a camisa 10 de seu melhor amigo brasileiro, Neymar, lesionado. Deu-se o caos no Maracanã.

Brasil x Argentina: duelo pelas Eliminatórias – Alexandre Battibugli / PLACAR

Quando a bola, enfim, rolou, o clima era outro e, em uníssono, a torcida brasileira brindou Messi com um xingamento. O craque teve um primeiro tempo para esquecer. Logo de cara, sofreu uma falta e depois, bem vigiado, foi praticamente um espectador em campo. A fama de apenas caminhar enquanto sua equipe defende lhe precede, mas desta vez o canhoto parecia especialmente incomodado, fora do jogo. Em sua única boa jogada, resistiu a uma trombada de André e iniciou o ataque que terminou com a Argentina pedindo pênalti –Messi nem reclamou. Ao deixar o gramado para receber um atendimento na perna, foi vítima de mais ofensas. Nos minutos finais, postou-se do lado completamente oposto ao do jogo, o mais próximo ao vestiário, como se já quisesse ir embora.

Messi, portanto, passeou em campo nos primeiros 45 minutos, mas será que isso era bom sinal? Na volta do intervalo, aos 17 minutos, o tempo pareceu parar quando o craque engatilhou a perna esquerda da entrada da área, na chamada “zona Messi”, onde encontrou as redes algumas centenas de vezes… mas a bola explodiu na zaga, para alívio geral. No entanto, pouco depois, em escanteio batido por Lo Celso, saiu o gol de Nicolás Otamendi, de cabeça. Messi se uniu ao bolo da comemoração. Aos 31 minutos, deu-se o momento que responderia o dilema da noite: Messi seria vaiado ou reverenciado? A resposta: ambos. Ao dar lugar a Ángel Di María, seu coadjuvante de luxo e melhor sócio, o camisa 10 abaixou a cabeça, aparentemente alheio às reações divididas.

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Ao apito final, Messi correu em direção aos torcedores que a quem fez questão de defender antes de a bola rolar, e deixou o Brasil com um feito enorme: foi a primeira derrota em casa da história do Brasil em Eliminatórias. A lenda nascida em Rosário deve encerrar, assim, sua passagem pelo território inimigo (?) com 14 vitórias, cinco empates e quatro derrotas, em 23 jogos.

Ao final da partida, Messi parecia ainda incomodado com as cenas de violência pré-jogo. Em suas redes sociais, escreveu que “esse time continua fazendo história… Grande vitória no Maracanã, embora fique marcada pela repressão aos argentinos mais uma vez no Brasil. Isto não pode ser tolerado, é uma loucura e tem que acabar agora.” O astro deixou o estádios por uma porta dos fundos, sem passar pelos jornalistas na zona mista, mas levando para casa valiosos e sinceros aplausos de brasileiros.

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