Duelo de capitães tricampeões
Carlos Alberto Torres e Lothar Matthäus, capitães nos títulos mundiais de 1970 e 1990, falam da semifinal de hoje e da Copa
De um lado, Carlos Alberto Torres, capitão na conquista do tricampeonato mundial do Brasil, em 1970, líder de uma das equipes que mais encantaram os fãs do futebol. Do outro, Lothar Matthäus, o volante camisa 10 que liderou a Alemanha na conquista do tri, em 1990, na Itália. Participantes do programa É Campeão!, do canal pago SporTV, os dois falaram com exclusividade a VEJA e PLACAR.
Como vocês avaliam o futebol desta Copa do Mundo?
Carlos Alberto Torres: De 1 a 10, dou nota 7. Para mim, não é uma Copa tão boa assim no aspecto técnico. Está muito aquém de outros Mundiais. Sob a perspectiva do público, contudo, é nota 10. Tenho visto a alegria das pessoas, o pessoal festejando nas ruas, participando. Isso, para mim, foi a grande surpresa. Confesso que não esperava tanto. Fico muito feliz.
Lothar Matthäus: É um Mundial de muitos gols. Taticamente, tenho visto times jogando com uma pressão maior no começo, de olho num erro do adversário logo no início. Também notei que as equipes têm procurado mais manter o controle da bola, além de buscar recuperá-la quanto antes para evitar que o adversário jogue.
Brasil e Alemanha lutam para chegar pela oitava vez à final de uma Copa do Mundo. O que esperar desse confronto?
Carlos Alberto Torres: Acho que o campeão do mundo sai desse jogo. Comentei isso com o Daniel Passarella outro dia.
Lothar Matthäus: Será uma partida bastante equilibrada. Sinceramente, não vejo o Brasil como favorito, ainda que devesse ser considerado como tal. Até agora, o time ainda não me convenceu. A questão central é ver como o time reage à ausência de Thiago Silva e de Neymar.
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O que esperar do Brasil sem Neymar?
Carlos Alberto Torres: Não tenho ideia. É uma grande incógnita. Tivemos o exemplo de 1962. O Pelé tinha 21 anos, um a menos que o Neymar. Machucou-se no segundo jogo. Aí entrou o Amarildo e resolveu. Sei lá, acho que alguém pode resolver crescer agora. Ou algum jogador sozinho ou o time inteiro pode encarar o desafio de vencer para o Neymar.
Lothar Matthäus: Acredito que a ausência dele traga uma reação da equipe. Situações desse tipo costumam fortalecer o grupo. O mesmo para o caso do Thiago. Acho que os jogadores vão precisar se superar e imagino que o Brasil tenha dificuldades para vencer a Alemanha.
Quem ganha a Copa do Mundo?
Carlos Alberto Torres: Como eu disse, acho que o campeão sai de Brasil e Alemanha. Não creio nem na Argentina nem na Holanda. São dois times que estão indo à sexta partida patinando, sem convencer, sem um padrão de jogo. Não tenho visto essas equipes com a marca de um campeão. É um torneio curto, em que você precisa mostrar alguma evolução, crescer gradativamente.
Lothar Matthäus: Como patriota, quero sempre que a Alemanha termine na frente. Acho que o Brasil não está enfrentando bem a enorme pressão que tem sobre suas costas e, por isso, o time não parece estar 100%. Isso não tem a ver com a contusão de Neymar. O Brasil teve muita sorte contra o Chile, tomou um sufoco da Colômbia nos últimos minutos. O mesmo a respeito da Alemanha, que fez apenas o que precisava para passar das oitavas e das quartas de final. Antes da Copa, meu favorito era a Argentina e não vou mudar minha opinião.