Dòmenec Torrent e Eduardo Coudet, as novas vítimas do futebol brasileiro
Desde o sucesso de Jorge Jesus, eles se transformaram em salvadores da pátria. Já não são mais, como revelam as saídas dos técnicos do Flamengo e do Inter
E não sobrou nenhum… Em fevereiro, PLACAR pôs na capa quatro treinadores estrangeiros que faziam sucesso no Brasil e prometiam um 2020 vencedor. Erramos – mas não por culpa nossa, diga-se. A esperança de um futebol melhor e times mais alegres, com ideias mais modernas, deu lugar a um sentimento de mais do mesmo nesta segunda-feira, 9. O Flamengo demitiu o catalão Dòmenec Torrent e o Internacional anunciou que o argentino Eduardo Coudet decidiu abraçar outro desafio.
Jorge Jesus à parte – este sim que abandonou um projeto de sucesso no Flamengo para voltar à sua terra natal e assumir o Benfica –, o venezuelano Rafael Dudamel e o português Jesualdo Ferreira já haviam saído do país como grandes derrotados de Atlético Mineiro e Santos.
O crime sem fiança da dupla, inaceitável diante da máquina de moer reputações no país do futebol: não ter transformado as duas equipes no Barcelona em poucos meses de trabalho. Mesmo o argentino Jorge Sampaoli, que substituiu Dudamel e briga pelo título do Brasileirão apresentando um futebol vistoso com o Galo, sofre com críticas diversas a cada resultado negativo.
Torrent e Coudet protagonizaram um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro há poucos dias, em 25 de outubro. O empate por 2 a 2 na 18ª rodada foi tido por muitos como o ponto alto da competição até aqui – o comentarista Paulo Vinícius Coelho, forjado em PLACAR e atualmente nos canais Globo, afirmou ser a melhor partida daquele final de semana no mundo. Não foi suficiente para manter o catalão no comando do Rubro-Negro.
Tampouco o argentino no Colorado. Noves fora a decisão de ele ter saído do comando do Internacional, ela aconteceu após um cenário interno de insegurança. Apesar do ótimo trabalho, Coudet sabia dos rumores de demissão vindos de dentro da diretoria e se incomodou com alguns posicionamentos dentro do clube. Por isso, resolveu aceitar uma proposta do Celta de Vigo, da Espanha, clube onde foi jogador.
A solução do Flamengo deve vir de um dos times mais bem acertados do Campeonato Brasileiro: contratar o técnico Rogério Ceni, do Fortaleza. O Inter deve assinar com Abel Braga, ídolo colorado, mas que não faz um bom trabalho há alguns anos. Ambos têm características bastante diferentes em relação aos antecessores – como também era o caso quando Dome e Coudet chegaram aos clubes. É apenas mais uma prova de como o futebol brasileiro caminha a esmo, sem saber direito para onde ir.