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Destaque, Claudinho desafia rótulos e sonha em reencontrar Tite

Em entrevista a PLACAR, meia do Red Bull Bragantino e artilheiro do Brasileirão relembra saídas de Santos e Corinthians e garante: é jogador de time grande

A palavra rotular, segundo o dicionário Michaelis, significa “conferir a alguém ou algo qualificação desprovida de fundamento e, muitas vezes, inadequada”. Um dos principais destaques do futebol nacional na atualidade, o meia Claudinho, do Red Bull Bragantino, espera se desvencilhar de alguns rótulos que ainda o perseguem ao fim do Campeonato Brasileiro, em 25 de fevereiro.

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“Vejo pessoas dizendo que não dei certo no Corinthians. Falam que sou jogador de time pequeno e que camisa pesa para mim, mas [no Corinthians] foi uma outra situação. Eu estava começando, sou muito grato ao clube pelas oportunidades. Não sinto que tenho que provar mais nada a ninguém, faço tudo por mim mesmo, para mostrar que posso, que consigo, que também me supero. Essas situações já não me incomodam mais, mas acabamos lendo e escutando, não tem jeito. Só acho que é uma coisa que deveriam rever melhor”, disse, em entrevista a PLACAR.

Aos 24 anos, recém-completados no último dia 28 de janeiro, o meio-campista discorda das repercussões negativas na passagem pelo Corinthians, entre 2015 e 2017. Claudinho chegou ao clube já na reta final do processo de formação, aos 18 anos, após o fim de um longo ciclo no Santos. Na Vila Belmiro, conta que amargurou dias de espera para ser valorizado.

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No Corinthians, foi alçado de forma surpreendente por Tite ao time de cima, que terminou como campeão do Brasileiro de 2015. Não encontrou espaço nem no ano seguinte, mas rejeita qualquer indício de má relação com o treinador, por quem diz ter gratidão eterna pela primeira grande oportunidade na carreira, e a quem espera reencontrar, se possível, na seleção brasileira.

“Não é que não deu certo. Subi com uma equipe muito qualificada, em 2015, com nomes como Jadson e Renato Augusto jogando muito. Havia muita concorrência e, mesmo assim, ainda subi, já foi gratificante. Sabia que seria muito difícil jogar nessa equipe, eles faziam um campeonato muito bom. Não vejo isso de não deu certo, mas só joguei 7 minutos em 2016. Tenho gratidão enorme pelo Tite, ele apostou em mim. Nem me conhecia, mas apostou, me ensinou muitas coisas, é um cara do bem. Trabalho muito para chegar à seleção e, se for com ele, será uma grande honra”, afirma.

“Tudo o que passei era preciso passar. Agradeço pelas dificuldades, também, não era minha vontade sair do Santos. Até quando meu contrato estava acabando, não quis assinar pré-contrato com ninguém, pois tinha uma esperança de que com a mudança de diretoria pudessem resolver minha situação. Era o meu clube, onde cheguei aos cinco anos. Fiquei dois dias desempregado, tentando reverter o que aconteceu, mas nada acontecia. Daí tomei o rumo de ir para o Corinthians”, completa.

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Dono de repertório vasto de gols bonitos na temporada, o camisa 10 do Red Bull Bragantino demorou a explodir. De 2016 a 2018, rodou por quatro times – Red Bull Brasil (que depois fundiu com o Bragantino), Santo André, Ponte Preta e Oeste –, mas desde 2019, ano do acesso do clube à elite, construiu credenciais tão novas quanto animadoras.

Hoje, Claudinho lidera a corrida pela Bola de Ouro, com 5,72 pontos – entregue ao melhor jogador do campeonato pela tradicional premiação Bola de Prata, atualmente oferecida pela ESPN Brasil. Além disso, também ostenta a briga por uma sonhada artilharia, com 16 gols, ao lado de Marinho, do Santos, e Thiago Galhardo, do Internacional.

De quase goleiro a meia clássico

No Santos, em 2015, onde jogou dos 5 aos 18 anos
No Santos, em 2015, onde jogou dos 5 aos 18 anos Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC/Divulgação

Claudinho construiu carreira bem longe de Bragança Paulista. Aos 5 anos, morava em São Vicente, no bairro do Jockey Clube, e foi levado para o futsal do Santos. Queria ser goleiro, mas a mãe Lúcia insistia para que fugisse da posição devido à baixa estatura dela e de seu esposo.

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“Logo no começo, ainda com cinco anos, precisei ir para o gol e peguei um pênalti. Acabei pedindo para o meu treinador para continuar. Voltando para casa com minha mãe no ônibus ela falou que isso não seria bom para mim: ‘olha o meu tamanho, olha o tamanho do seu pai, você não vai crescer muito’. Acho que era mais emoção de momento, tinha pegado um pênalti. Deus usou a boca dela”, conta.

A atual posição, aliás, só lhe surgiu quase no fim do ciclo na base do Santos. Acostumado a jogar pelos lados do campo, com Neymar como principal referência, foi desafiado por um dos técnicos, Aarão Alves, a mudar no sub-17, em 2014. Deu certo, o time acabou campeão paulista da categoria e Claudinho terminou como vice-artilheiro, com 19 gols, o principal goleador foi Gabriel Jesus, do Palmeiras, com 37.

“Vivi um dos meus melhores anos na base após essa mudança. Passei a gostar mais, até então só atuava pelos lados. Não me considero um último romântico, o futebol vai evoluindo e você precisa aprender mais coisas. Hoje um meia que só jogava com a bola nos pés tem que voltar para marcar, fazer recomposição. Gosto muito do Everton Ribeiro, que é um cara de muita qualidade. Acho que temos estilos parecidos”, analisa.

Na base do Santos, Claudinho dividiu protagonismo no meio de campo com Caio Henrique, ex-Fluminense e Grêmio, hoje no Mônaco, além do volante Thiago Maia, atualmente no Flamengo. No Corinthians, na Copinha de 2016, o principal companheiro foi Maycon, hoje no Shakhtar Donetsk.

Ele escolheu ficar e agora?

Além de líder técnico, meia também virou capitão da equipe
Além de líder técnico, meia também virou capitão da equipe Ari Ferreira/Red Bull Bragantino/Divulgação

Em 2019, ainda emprestado pela Ponte Preta ao Red Bull Bragantino, Claudinho surpreendeu ao comunicar que ficaria no clube, rejeitando propostas de Cruzeiro, Atlético-MG e Corinthians. A recusa foi anunciada de forma curiosa, em vídeo gravado em que aparecia sentado para tomar café da manhã e recusava pão de queijo e doce de leite, comidas típicas de Minas Gerais. Depois, escolhia um energético da marca que banca o clube de Bragança.

“Desde quando eu cheguei, que era Red Bull Brasil, recebi muito respaldo e confiança. Sempre acreditaram em meu trabalho no momento mais delicado, então não seria nada mais justo ficar. Sentei com a minha família, com os meus pais, e pela gratidão que tenho decidimos por isso. Vejo que tomei a decisão certa”, conta.

Cobiçado e valorizado, o destino após o campeonato ainda é uma incerto. Marcou neste Brasileiro a cena do técnico Renato Gaúcho, do Grêmio, em conversa ao pé do ouvido após uma partida em 2 novembro. “Conversei com ele, sim, acho um baita jogador”, admitiu Renato na entrevista minutos depois. Com contrato ampliado até dezembro de 2024 e multa de 60 milhões de euros (aproximadamente 394,6 milhões de reais), a Europa é um destino bem mais possível e os outros clubes da Red Bull surgem como opção.

“Estou muito feliz aqui, sem hipocrisia. É claro que todo o jogador tem o seu sonho de jogar na seleção brasileira, uma Champions League, mas é no tempo de Deus. Falam do Red Bull Leipzig, do Salzburg, mas não há prioridade. Claro que se acontecesse seria uma honra. Tenho objetivos hoje no campeonato, tento não esquentar a cabeça com isso. Se for algo bom, conversamos e nos acertamos”, conclui.

Até lá, Claudinho espera continuar quebrando números e recordes. Além dos 16 gols, tem cinco assistências na competição e é o jogador que mais cria chances de gol da equipe. “De verdade, quando vai começar a temporada, minhas metas individuais são ajudar a minha equipe melhorando meu número de assistências e fazendo mais gols do que no ano anterior. Isso nunca pode pesar, me fazendo um fominha, nunca fui assim. Quando você é justo, as coisas acontecem”.

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