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Del Nero rejeita renúncia e cede poder aos clubes em troca de apoio

Para conter movimento por liga independente, presidente da CBF prometeu dar aos times maior influência na organização dos campeonatos nacionais

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo del Nero, acuado pelos escândalos envolvendo a entidade, se reuniu com dirigentes de 19 dos 20 clubes da Série A do Brasileirão para discutir os novos rumos do futebol nacional. No encontro que durou quase cinco horas na sede da entidade, no Rio de Janeiro, Del Nero rejeitou a possibilidade de renunciar ao cargo e revelou que dará mais poder de decisão aos clubes na reforma do estatuto da CBF, que acontecerá nesta quinta-feira. Entre as mudanças estatutárias está o aumento de influência dos times em decisões como a definição do calendário e fórmula de disputa dos campeonatos. A medida agradou os dirigentes e praticamente encerrou a discussão sobre a possível criação de uma liga independente neste momento.

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A prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, no recém-revelado escândalo de corrupção na Fifa, não foi discutida na reunião, que teve apenas o Corinthians como clube ausente. Del Nero disse não ter nenhum motivo para renunciar, contrariando uma exigência do movimento Bom Senso FC. No início encontro, o presidente do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, sugeriu que a criação de uma liga independente fosse debatida, mas os cartolas consideram que o momento não era adequado. Os clubes, no entanto, exigiram mudanças no estatuto que lhes conferissem maior autonomia.

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A principal exigência é que a CBF retire o artigo que lhe concede poder de veto nas decisões tomadas pelo conselho de clubes. “Se as federações não concordarem com a mudança na assembleia geral, aí é capaz de os clubes partirem para a criação da liga independente”, afirmou o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar. Encurralada, a CBF prometeu apoiar a mudança, que será votada por dirigentes das federações filiadas à CBF em Assembleia Geral nesta quinta-feira. Caso a alteração seja aprovada, serão os clubes que definirão calendário, fórmula de disputa, premiação, horários dos jogos e até mesmo questões de acesso e descenso. Isso, porém, só poderia valer a partir de 2017, já que o Estatuto do Torcedor veta mudança de regulamentos em prazo inferior a dois anos.

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Reeleição – Outra mudança (louvável) pretendida por Del Nero é limitar a apenas uma o número de reeleições do presidente da entidade máxima do futebol brasileiro, com mandato de quatro anos – Ricardo Teixeira ficou 23 anos no cargo. No entanto, Del Nero, não só cedeu: na semana passada, conseguiu convencer os presidentes de federações a aprovar a mudança na norma do estatuto que dá ao vice-presidente mais velho da entidade o direito de assumir a presidência no caso de renúncia do atual mandatário.

A CBF fez lobby com os dirigentes das federações em reunião fechada que não contou com a presença dos opositores – incluindo Delfim de Padua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense e vice que assumiria a CBF no caso de queda de Del Nero. “A ideia de o mais velho assumir remete à ditadura”, declarou Walter Feldman, secretário-geral da CBF. Del Nero e Feldman querem que um eventual sucessor do presidente seja decidido pelo voto dos vices. Se aprovada – o que deverá acontecer -, a mudança terá efeito imediato. Del Nero será sabatinado nesta terça-feira pela Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, em Brasília, para explicar o esquema de corrupção envolvendo a entidade e a Fifa.

O logotipo da CBF na fachada da sede da entidade no Rio de Janeiro
O logotipo da CBF na fachada da sede da entidade no Rio de Janeiro VEJA

(Com Gazeta Press e Estadão Conteúdo)

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