Daniel Alves: de contestado a símbolo da Juventus vencedora
Lateral brasileiro tem atuações decisivas e já sonha com quarto título da Liga dos Campeões. Pior para o Barcelona, que o deixou escapar a custo zero
Devastadora. Assim definiu o diário La Gazzetta Dello Sport, o principal esportivo da Itália, a atuação de Daniel Alves diante do Monaco na vitória que praticamente colocou a Juventus em mais uma decisão de Liga dos Campeões. Com duas assistências para Gonzalo Higuaín, uma delas num espertíssimo toque de calcanhar, e uma postura segura durante toda a partida, o veterano lateral brasileiro reafirmou o que fez durante a maior parte da carreira: goste ou não de suas extravagâncias, é um vencedor nato. E terá a chance de conquistar sua quarta Liga dos Campeões, logo em sua primeira temporada em Turim.
A boa fase na Itália tem certo sabor de vingança para o baiano de 33 anos. No ano passado, Daniel deixou o Barcelona por vontade própria, a custo zero, insatisfeito com a falta de respaldo dos dirigentes do clube pelo qual conquistou mais de 20 títulos em oito anos. O sucesso na Juventus também não foi imediato. Sofreu com lesões e, sobretudo na liga italiana, revezou a titularidade com o suíço Stephan Lichtsteiner e com o colombiano Juan Guillermo Cuadrado. Chegou a ser especulada uma transferência para a China, o que representaria um melancólico fim de carreira. O jogo virou, porém, na Liga dos Campeões.
O brasileiro foi intocável para o técnico Massimiliano Allegri na competição continental e brilhou intensamente nas últimas três partidas – antes do jogo no Principado de Mônaco, foi excepcional diante do Barcelona dos amigos Neymar e Messi. Não à toa, foi escolhido para a coletiva de imprensa prévia à semifinal. “O maior perigo para nós é pensarmos que já ganhamos a Liga de Campeões porque eliminamos o Barcelona”, alertou. Em campo, jogando mais avançado que de costume, esteve sempre concentrado e mostrou ser um dos líderes da equipe que conta com os veteranos Gianluigi Buffon e Giorgio Chiellini, entre outros.
De quebra, Daniel ainda superou recorde de Roberto Carlos como o brasileiro com mais partidas disputadas em competições europeias (142). Também poderá se tornar o único atleta do país a levantar a “Orelhuda” quatro vezes e ultrapassar a marca de 30 títulos por clubes na carreira. O momento de maturidade o acompanha na seleção brasileira de Tite e, após fracassos em 2010 e 2014, Daniel já se permite sonhar com a Copa do Mundo, o único grande título que lhe falta, quem sabe como capitão. Duvidar dele, como fizeram em Barcelona, não é parece ser uma atitude prudente.