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Coronavírus: atletas rejeitam reduzir salário e cobram ajuda da CBF

Fenapaf, entidade que representa os jogadores do futebol brasileiro, enviou contraproposta à Comissão Nacional de Clubes nesta quarta

A pandemia de coronavírus paralisou o futebol brasileiro e criou um clima de enorme instabilidade financeira em todos os clubes do país, dos menores aos maiores. Sem a realização de jogos, as equipes não conseguem receitas para bancar seus elencos. Assim como vem ocorrendo na maioria dos países, discute-se no Brasil a possibilidade de reduzir o salário dos atletas, além de outras medidas, como a antecipação de férias e mudanças no calendário, para minimizar os efeitos da crise causada pelo Covid-19. A Federação Nacional dos Atletas de Futebol Profissional (Fenapaf), que representa jogadores de diversas divisões, rejeitou a proposta de redução salarial em carta enviada nesta quarta-feira, 25, à Comissão Nacional de Clubes (CNC), que é quem está à frente das negociações. 

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No início da semana, a CNC propôs as seguintes condições: férias coletivas de 20 dias a partir de abril, mais dez dias de folga no fim do ano e redução de 25% nos salários dos jogadores. Com isso, o calendário do futebol nacional iria até o fim de dezembro. A Medida Provisória 927, posteriormente revogada pelo governo federal, que tratava da suspensão de pagamento dos trabalhadores por até quatro meses, acirrou ainda mais as discussões entre clubes e atletas.

Nesta tarde, a Fenapaf fez uma contraproposta endereçada a Mário Bittencourt, representante da Comissão Nacional de Clubes (CNC) e presidente do Fluminense: o grupo concordou com a antecipação de férias remuneradas, de 30 dias, durante todo o mês de abril; pediu que a licença de dez dias ocorra entre o Natal e o Ano Novo; exigiram o pagamento de vencimentos do mês de março; e, por fim e mais importante, pediram que a Confederação Brasileira de Futebol seja “interveniente/anuente em caso de acordo coletivo”, sendo responsável por qualquer pagamento que os clubes não sejam capazes de realizar.

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“Estamos ouvindo atletas de todo o país para tentar chegar a um consenso. Não enxergamos de forma positiva a redução salarial, mas estamos abertos a conversar. Ainda não dá para ter uma real noção do que vai acontecer”, afirmou Washington Mascarenhas, ex-jogador do Palmeiras, que é presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Município de São Paulo (SIAFMSP), grupo formado há dois anos e que tem como membros diversos participantes do extinto Bom Senso FC, como Paulo André, Alex, Fernando Prass, Ricardo Berna e William Machado.

Lugano, Ricardo Berna, William Machado, Cesar Sampaio, Junior, Washington, Gottardo e Thais Picarte, durante reunião do Sindicato
Lugano, Ricardo Berna, William Machado, Cesar Sampaio, Junior, Washington, Gottardo e Thais Picarte, durante reunião do Sindicato SIAFMSP/Divulgação

Washington participou de reuniões na Federação Paulista de Futebol e diz que a expectativa dos clubes é conseguir finalizar os Estaduais. “Se houver tempo hábil, a ideia é retomar o campeonato, mas será preciso entrar em um acordo com a CBF.” Ainda não dá para prever quando os campeonatos serão retomados, mas é possível que o Brasileirão seja realizado em outros moldes.

A reportagem procurou grandes clubes do país para comentar sobre o conflito. O presidente do Corinthians, Andrés Sánchez, disse que o clube “seguirá o que for decidido pela Comissão Nacional de Clubes, mas a paralisação deverá ocasionar um grande caos financeiro”. O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, que contraiu coronavírus recentemente, admitiu que o Grêmio “dificilmente conseguirá honrar seus compromissos em dia” “Não creio que só nós teremos essa dificuldade. Todos os clubes vão passar por isso, porque as receitas são previsíveis e certas, mas não virão sem a realização dos jogos”, explicou.

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A situação é semelhante nas milionárias ligas europeias. Clubes alemães como Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Borussia Mönchengladbach já concordaram em reduzir seus salários durante o período em que a Bundesliga estiver suspensa. Os atletas do Barcelona, no entanto, não aceitaram a primeira proposta de cortes feita pela diretoria, segundo informou o jornal Marca. Na Inglaterra, o Sindicato dos Jogadores Profissionais (PFA) pediu nesta quarta para que sejam iniciadas negociações urgentes com os empregadores (Premier League e Liga Inglesa de Futebol).

Documento enviado pela Fenapaf à Comissão Nacional de Clubes
Trecho de documento enviado pela Fenapaf à Comissão Nacional de Clubes ./Reprodução
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