Copa América: VAR é protagonista na estreia e confunde até Galvão Bueno
O primeiro gol da seleção foi marcado graças a intervenção do árbitro de vídeo. Cartão amarelo dado a boliviano na etapa inicial gerou dúvida na transmissão
O VAR (árbitro de vídeo) foi um dos protagonistas da vitória brasileira por 3 a 0 sobre a Bolívia nesta sexta-feira, 14, na estreia da seleção na Copa América 2019. O sistema de revisão de lances polêmicos foi utilizado pelo menos duas vezes, quando juiz em campo foi consultar o monitor à beira do gramado, e chegou até a confundir o narrador Galvão Bueno, da Rede Globo, transmissão da partida.
A intervenção do VAR foi fundamental para que o Brasil abrisse o placar, aos 5 minutos da segunda etapa. O árbitro argentino Néstor Pitana não percebeu o toque de mão do zagueiro boliviano Jusino Cerrutto, mandando o lance seguir. Chamado pelo rádio-transmissor, Pitana decidiu rever o lance na TV e apontou o pênalti em favor do Brasil, convertido por Coutinho.
Algo que foi muito solicitado durante a Copa do Mundo de 2018, o áudio da sala do VAR pôde ser ouvido na transmissão da partida. Não ficou claro se a divulgação das conversas entre o árbitro de vídeo e o juiz em campo foi intencional ou uma falha, mas ouviu-se claramente a manifestação do argentino Patricio Loustau, o VAR do jogo entre Brasil e Bolívia. “Voy por mano, penal, sin amonestación” (Acho que foi mão, pênalti, sem advertência, em tradução livre do espanhol). Aliviado, Galvão Bueno comemorou o desfecho: “Santo VAR”, disse o narrador.
Mas Galvão havia praguejado contra o auxílio do vídeo num lance do primeiro tempo. Logo no começo da partida, Pitana foi chamado pelo VAR para rever uma falta dura de Fernando Saucedo em Casemiro. Pelo protocolo amplamente divulgado pela Fifa, a consulta ao vídeo só pode ser feita quando há dúvida sobre um lance flagrante de expulsão. No lance de Saucedo, Pitana decidiu não expulsar o boliviano e apenas aplicou o cartão amarelo.
A atitude de Pitana confundiu Galvão, que chegou a dizer que árbitro só poderia dar cartão vermelho, caso visse necessidade, mas não o amarelo. Neste momento, o ex-árbitro Paulo César Oliveira, comentarista titular da Globo, corrigiu a visão do narrador. “O árbitro de vídeo só pode chamar se entender que é para cartão vermelho. Após fazer a revisão na beira do gramado, a decisão final é do árbitro. Ele pode mostrar o vermelho se entender que é uma conduta violenta, ou o amarelo se for uma ação temerária. Ele pode sim mostrar o amarelo após a revisão”, disse na transmissão. “Ahhh tá. Daqui uns 5 anos a gente vai entender a regra do VAR”, concluiu Galvão.
A opinião de Paulo César não recebeu respaldo total de outro ex-árbitro, Salvio Spinola, que também atua como comentarista da Globo. No Twitter, Salvio concordou que a decisão final da punição (ou não) é do árbitro em campo, mas concluiu dizendo que a atitude de aplicar um cartão amarelo na revisão de uma possível expulsão é “uma ‘burla’ ao protocolo (do VAR)”.