Confiante e unido, Atlético promete surpreender em Lisboa
Quem tem medo do poderoso Real Madrid? Não o rival de sábado na final da Liga dos Campeões, que chegou ao palco do grande jogo impondo respeito
“Ele é como um deus para nós”, disse o português Tiago sobre Simeone, que estava sentado ao seu lado. “O que ele diz, todos aceitam. Se ele pedir para a gente pular de uma ponte, nós pulamos. Estamos muito orgulhosos de tê-lo como técnico”
Para muitos, o Real Madrid é o favorito, mas a equipe de Cristiano Ronaldo terá de superar um adversário dos mais indesejáveis na final da Liga dos Campeões, no sábado, em Lisboa, se quiser conquistar o décimo título europeu de sua história. O Atlético de Madri busca seu primeiro troféu da competição, mas que ninguém pense que a equipe está intimidada com esse desafio. Pelo contrário: na véspera do jogo, nesta sexta-feira, ao visitar o palco da decisão – o Estádio da Luz, do Benfica -, o time vermelho e azul da capital espanhola impressionou por suas declarações e por sua postura incrivelmente confiante e competitiva. O Atlético já chegou com jeito de campeão – e com razão, já que acaba de comemorar a conquista do Campeonato Espanhol. Para o técnico Diego Simeone e seus jogadores, o título nacional já deixou claro que a equipe está mais do que pronta para glórias maiores.
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“Estamos muito confiantes porque temos uma identidade muito forte. Mostramos que sabemos o que fazer em cada jogo. Seremos o Atlético de sempre, e essa é a nossa segurança e a nossa força”, disse Tiago, o único português do elenco, que jogará num estádio que conhece bem, pois defendeu o Benfica (“É um sonho de criança”, disse ele sobre disputar a final em sua antiga casa). O meia admitiu que o Real pode ser visto por muitos como o favorito, mas afirma que seus companheiros não perdem tempo pensando nisso. “Para nós, não importa. Daremos tudo o que temos. Mostraremos que somos um rival digno.” O também meia Raúl Garcia adotou um discurso parecido: “É importante ter confiança em tudo o que fazemos”. Confiança e convicção, aliás, são talvez a características mais emblemáticas do Atlético. “Não há outro caminho amanhã que não seja jogar como temos jogado”, avisa o argentino Simeone.
O treinador faz elogios generosos ao Real (“Enfrentaremos uma equipe que pode ser considerada a melhor do mundo”), mas não mostra qualquer dúvida em relação à chance de sua equipe jogar de igual para igual com o rival da capital. “Somos conscientes das nossas virtudes e também sabemos dos nossos defeitos. Somos uma equipe compacta e que interpreta cada momento de uma partida muito bem”, explicou, com uma tranquilidade que contrasta com as lembranças de sua carreira como atleta – Simeone foi um volante aguerrido, com temperamento explosivo e um gosto especial por provocar os oponentes. Como técnico, Simeone é outro: ainda extremamente competitivo, mas bem mais moderado e respeitoso. Segundo ele, esse é um reflexo também do elenco que ele encontrou em Madri, onde o treinador desembarcou há duas temporadas e meia depois de uma passagem de muito sucesso como atleta, na década de 1990.
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“Cresci como técnico em consequência do tipo de jogador� que encontrei aqui. Os atletas também fazem o treinador melhorar”, agradeceu ele. A confiança mútua entre jogadores e a comissão técnica, aliás, é outra marca do Atlético – e fica claro que a troca de elogios não é só da boca para fora. Tiago, por exemplo, surpreendeu ao explicar qual é a importância de Simeone para os jogadores. “Ele é como um deus para nós”, disse o português sentado ao lado do argentino, que� ficado emocionado com as palavras do volante. “O que ele diz, todos aceitam. Se ele pedir para a gente pular de uma ponte, nós pulamos. Estamos muito orgulhosos de tê-lo como técnico.” Com tamanha união no grupo, nem o técnico nem seus comandados deixaram escapar qualquer pista sobre a grande questão desta sexta: Arda Turan e Diego Costa, que se recuperam de contusão, estarão prontos para jogar a finalíssima no sábado?
Simeone disse que só definirá a escalação à noite, conversando no hotel com o meia turco e o atacante brasileiro. Eles participaram da sessão de reconhecimento do gramado, mas o treino foi limitado a uma movimentação leve – da qual ambos participaram normalmente�. De acordo com o técnico, os dois possíveis substitutos já estão avisados de que jogarão caso Arda e Diego não estejam bem. Tiago, Gabi e Raúl Garcia não mostram – pelo menos publicamente – qualquer preocupação com o risco de ausência de dois dos melhores jogadores da equipe. Segundo eles, o grupo é tão unido e o time trabalha de forma tão homogênea e consistente que nem mesmo as substituições serão capazes de roubá-los da chance de levantar a taça. “Este é um clube especial, pelo qual as pessoas têm uma paixão diferente”, explicou o português, antes de Simeone avisar que o Atlético “vai jogar seu jogo”, sem medo nem hesitação.
https://youtube.com/watch?v=9MGu5sPHEJI%3Frel%3D0
2013: Bayern
Depois de perder duas decisões em três anos – uma delas, em seu próprio estádio -, o Bayern não deixou passar a terceira oportunidade de levantar a taça. Em um clássico alemão, a equipe de Munique derrotou o Borussia por 2 a 1 no Estádio de Wembley.
2012: Chelsea
A equipe londrina surpreendeu e conquistou seu primeiro título contra o Bayern de Munique, na casa do adversário, a Allianz Arena. Didier Drogba foi o grande destaque da final, que foi decidida nos pênaltis depois de empate por 1 a 1 no tempo normal.
2011: Barcelona
Com Messi inspirado e com Pep Guardiola como técnico, o Barça foi campeão no Estádio de Wembley, em Londres, fazendo 3 a 1 no Manchester United. O jogo é considerado uma das melhores da fase de ouro da equipe catalã sob o comando de Guardiola.
2010: Internazionale
O argentino Milito foi o destaque na vitória da equipe italiana sobre o Bayern, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madri – fez os dois gols na vitória por 2 a 0 e deu à Inter de Milão um título que não conquistava desde a década de 1960. Mourinho era o técnico.
2009: Barcelona
Eto’o e Messi marcaram os gols da vitória catalã no Estádio Olímpico de Roma, contra o Manchester United de sir Alex Ferguson e da dupla de ataque formada por Rooney e Cristiano Ronaldo. Foi o terceiro título do torneio continental para o Barça.
2008: Manchester United
Na final entre os ingleses, a equipe de Alex Ferguson levou a melhor sobre o Chelsea, no Estádio Luzhniki, em Moscou. No tempo normal, Cristiano Ronaldo abriu o placar e Lampard empatou. Na cobrança de pênaltis, Anelka perdeu e o United comemorou.
https://youtube.com/watch?v=e5iNzdPlAj4
2007: Milan
Com grandes atuações de Kaká e Inzaghi, a equipe italiana se vingou da derrota para o Liverpool na final de 2005. A decisão disputada no Estádio Olímpico de Atenas foi totalmente dominada pelo Milan, que conquistou seu sétimo título da Liga dos Campeões.
2006: Barcelona
Com Ronaldinho Gaúcho em grande fase, o Barça era favorito contra o Arsenal no Stade de France, em Paris. Os ingleses saíram na frente com Campbell, mas os catalães viraram com gols de Eto’o e do brasileiro Belletti. Foi o bicampeonato do Barcelona.
2005: Liverpool
Uma das maiores surpresas da história do torneio – não pela vitória da equipe inglesa, clube tradicional na competição, mas sim pela recuperação histórica. O Milan vencia por 3 a 0 no intervalo em Istambul. O Liverpool buscou o empate e venceu nos pênaltis.
2004: Porto
Carlos Alberto e Deco estavam entre os destaques da jovem equipe do Porto treinada por um então desconhecido, José Mourinho. Do outro lado estava outra zebra, o Monaco. A final, disputada em Gelsenkirchen, terminou com vitória dos portugueses, 3 a 0.
https://youtube.com/watch?v=9y7zKOKJGzk
2003: Milan
A final entre dois italianos no estádio Old Trafford, em Manchester, foi marcada pelo enorme equilíbrio. Milan e Juventus ficaram no 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. Na disputa por pênaltis, Dida defendeu três cobranças e Shevchenko selou a vitória do Milan.
https://youtube.com/watch?v=OLh6lGlXC3A%3Frel%3D0
2000: Real Madrid x Valencia
https://youtube.com/watch?v=jjYPOj2hros%3Frel%3D0
2003: Milan x Juventus
https://youtube.com/watch?v=jGJ62A2_CTQ%3Frel%3D0
2008: Manchester United x Chelsea