Como a guerra afetou a seleção da Ucrânia que disputa vaga na Copa
Entre os convocados, um dos principais nomes fez manifestações duras durante conflito, e grande maioria não jogou partidas oficiais em 2022
Ucrânia e Escócia jogam nesta quarta-feira, 1º de junho, às 15h45 (de Brasília), em Glasgow, maior cidade escocesa. O vencedor do confronto único encara o País de Gales, no próximo domingo, 5, por vaga na Copa do Mundo de 2022. A partida também marca o retorno oficial da seleção ucraniana, após todos os seus compromissos desde o início do ano terem sido adiados em razão da guerra com a Rússia.
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Sem entrar em campo oficialmente desde novembro de 2021, quando venceu a Bósnia por 2 a 0 pela fase de grupos das Eliminatórias, a Ucrânia realizou apenas amistosos neste ano. Em maio, durante preparação para a repescagem da Copa, o grupo que enfrenta a Escócia fez jogos contra clubes: Borussia Mönchengladbach, da Alemanha, Empoli, da Itália, e Rijeka, da Croácia. Contra os times alemão e italiano, a vitória foi ucraniana; já frente à equipe croata, a partida terminou em empate.
Oleksandr Petrakov, treinador da seleção da Ucrânia, tem 26 nomes convocados, e 16 deles atuam em times do país. Desse modo, em razão da guerra, esses atletas ainda não atuaram oficialmente no ano. Entre os principais nomes do elenco, o volante Taras Stepanenko, do Shakhtar Donetsk, por exemplo, fez só 11 amistosos. O último jogo oficial aconteceu em 11 de dezembro de 2021, contra o Oleksandria, pela Premier League Ucraniana.
Para compensar a falta de jogos oficiais, o elenco da seleção já completa quase um mês de treinamento e concentração. Os 16 jogadores que atuam no futebol ucraniano se reuniram para adquirir entrosamento e ritmo de jogo no dia 6 de maio. Com o final da temporada europeia, os outros convocados, que jogam em outros países, se juntaram ao grupo.
Além do impacto esportivo, a guerra também causou situações tensas para atletas ucranianos. Dois dos principais nomes do elenco, o meio-campista Oleksandr Zinchenko, do Manchester City, e o atacante Roman Yaremchuk, do Benfica, realizaram manifestações nesse período.
Zinchenko, no início dos conflitos, publicou em seu Instagram ofensas ao presidente russo Vladmir Putin: “Espero que você morra dolorosamente, monstro”. O jogador do time inglês segue se manifestando contra o mandatário. Já Yaremchuk levou o conflito para dentro dos campos. Após marcar contra o Ajax, pela Liga dos Campeões, o atacante exibiu camiseta com o Tryzub, símbolo do brasão de armas ucraniano. O atleta depois declarou: “A mensagem na camisa? Queria apoiar o meu país. Tenho pensado muito e tenho medo da situação”.
Yaremchuk, do Benfica, marcou pela Champions League e se manifestou a favor do exército ucraniano, mostrando camiseta com o brasão de armas do seu país.
Esse símbolo (Tryzub) já foi utilizado pela extrema-direita brasileira em atos pró-Bolsonaro. Ucranianos do Brasil repudiaram. pic.twitter.com/9dicH3JY1W
— Guilherme Azevedo (@guiazevedo31) February 23, 2022
Em coletiva, o treinador da seleção ucraniana fez questão de garantir que a equipe está pronta, apesar do tempo sem partidas competitivas. Petrakov ainda relembrou o conflito político, ao dizer: “Quando visitei os soldados nas trincheiras, eles me pediram para que nos classificássemos”.
A guerra entre Ucrânia e Rússia já matou mais de 3.300 pessoas, segundo número oficial da ONU. Contudo, Matilda Bogner, chefe da Missão de Monitoramento de Direitos Humanos da organização, afirmou no início de maio que o verdadeiro número de mortes supera em milhares os dados divulgados.