As demonstrações de emoção mais exacerbadas, com choro dentro de campo, foram de quatro atletas que carregaram a equipe até as quartas: Neymar, o goleiro Júlio César e os zagueiros Thiago Silva e David Luiz, os melhores da seleção na campanha
A seleção brasileira está com os nervos à flor da pele, de fato – em campo, por causa das dificuldades enfrentadas em suas quatro primeiras partidas na Copa do Mundo, e fora dele, por causa da grande repercussão dos casos em que integrantes da equipe não conseguiram conter suas emoções. Os atletas demonstraram seu incômodo quando notaram que esse assunto tomou uma dimensão ainda maior que os resultados e o desempenho da equipe. Depois de receber a orientação da psicóloga da seleção, Regina Brandão, na terça – uma visita que, segundo a CBF, já estava prevista desde o início do planejamento para a segunda fase da competição -, os jogadores agora querem se concentrar em outro aspecto que precisa ser trabalhado para sexta, contra a Colômbia, nas quartas de final, em Fortaleza: a montagem do time que decidirá se o Brasil segue vivo ou encerra o sonho do hexa em casa. Os trabalhos desta quarta, na Granja Comary, serão fundamentais, já que o time terá de encontrar soluções para alguns problemas notados na batalha contra o Chile e encontrar um substituto para Luiz Gustavo, de papel essencial na equipe, que está suspenso para sexta.
Depois do treinamento desta quarta, em que o técnico Luiz Felipe Scolari deverá testar diferentes alternativas para suprir a ausência do volante (com a possibilidade, inclusive, de adoção de um esquema com três zagueiros), a seleção já viaja rumo a Fortaleza, onde faz só mais um treino, mais curto e menos intenso, na véspera da partida, provavelmente no próprio gramado do Castelão, palco da partida. Os jogadores deram sinais de que pretendem que o foco, nos dois dias de trabalho antes da partida, seja no trabalho técnico, tático e físico (na terça-feira, a ênfase nas atividades dos titulares foi na recuperação, por causa do desgaste da prorrogação nas oitavas). A preparação emocional virá com o acompanhamento de Regina Brandão – que contou ter mantido contato permanente com os atletas, mesmo à distância – e com as conversas dentro do grupo, iniciadas com uma reunião comandada por Felipão na noite de segunda-feira. “Falo com eles por WhatsApp, por e-mail, e estou ligada neles constantemente”, disse a psicóloga, que trabalha com as equipes e seleções treinadas por Luiz Felipe Scolari há duas décadas, em um vídeo divulgado pela CBF. .
Nas entrevistas coletivas concedidas desde a decisão por pênaltis contra o Chile, no Mineirão, os integrantes do grupo têm afastado a preocupação com um possível descontrole emocional da equipe. Fernandinho, na segunda, e Ramires, na terça, garantiram que as emoções são normais – pelo menos para uma seleção que carrega a responsabilidade de disputar uma Copa do Mundo em casa – e que o Brasil está pronto para novas situações de pressão na Copa. “O time está preparado para lidar com essa questão emocional tanto dentro como fora do campo”, avisou Ramires. “Jogar 90 minutos, prorrogação, pênaltis, enfrentar o calor e saber que há mais de 200 milhões de torcedores na torcida não é simples. Foi uma emoção diferente, e já vi jogadores ainda mais experientes chorando. Mas se vier outra decisão dessa maneira, estaremos muito mais preparados.” Ramires e seus companheiros sabem que, pelo menos até agora, as demonstrações de emoção mais exacerbadas, com choro dentro de campo, foram de quatro atletas que carregaram a equipe até as quartas: Neymar, o goleiro Júlio César e os zagueiros Thiago Silva e David Luiz, os melhores da seleção na campanha.