Caso Robinho e a nova geração de craques e técnicos: as atrações de PLACAR
Reportagem de capa mostra como a pressão de torcedoras, torcedores e patrocinadores levou o Santos a suspender o contrato do ídolo acusado de estupro
A revista PLACAR de novembro já está disponível para dispositivos iOS e também Android e chega às bancas de todo o país a partir desta sexta-feira, 20. A reportagem de capa conta os bastidores da suspensão do contrato do atacante Robinho, ídolo santista acusado de estupro e condenado em primeira instância na Itália. Foi a pressão popular e de patrocinadores, impulsionada por novas descobertas da imprensa, que levaram o clube praiano a cancelar o vínculo. Esta edição traz também um guia dos jovens que devem brilhar na próxima Liga dos Campeões e uma reportagem sobre a nova leva de treinadores pelo mundo.
A capa da edição de novembro vê o mundo com os olhos de hoje e abriu à PLACAR a oportunidade de um mea culpa (confira, abaixo, a carta do editor). Para narrar a situação de Robinho e relembrar outros casos de como o futebol reagiu aos abusos, a redação convidou a jornalista carioca Martha Esteves, repórter da revista nos anos 1980.
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O repórter Alexandre Senechal apresenta a reunião de jovens talentosos, em campo e no banco, em duas reportagens: a primeira sobre prodígios como Erling Haaland, Ferrán Torres, Dejan Kulusevski e outros que prometem brilhar na próxima edição da Champions League e a segunda sobre nomes como Andrea Pirlo, Frank Lampard e Rogério Ceni, que hoje dirigem ex-companheiros e adversários e tentam repetir como treinadores o enorme sucesso que tiveram como atletas.
Esta edição traz ainda um mergulho especial pelo “Paulistão profundo”, a quarta divisão do Estadual. O repórter Klaus Richmond e o fotógrafo Alexandre Battibugli acompanharam a partida entre Barcelona Capela e Jabaquara, no estádio Nicolau Alayon, na zona oeste de São Paulo e expuseram o duro cotidiano de um futebol que se diz profissional, mas tem tantas dificuldades que é quase mais correto chamar de amador.
Na seção prorrogação, um passeio pelo imbatível histórico da revista, PLACAR relembra: o início da carreira de Kaká no São Paulo; uma entrevista com Mário Vianna, estrela da arbitragem muito antes do VAR, a inesquecível “defesa” de Luis Suárez na Copa de 2010, entre outros fatos marcantes. Boa leitura!
Carta do editor
Não há movimento mais civilizatório do que aprender com os erros — e para sentir na pele os tropeços do passado, só mesmo o passar do tempo. Ou, como escreveu o francês Marcel Proust, “os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem”. Nos anos 1990, PLACAR tinha como slogan a frase “Futebol, Sexo e Rock & Roll”. Publicamos capas evidentemente machistas, como a que aparece abaixo, com a modelo e atriz Susana Werner seminua. Eram outros tempos, a sociedade mal começara a reagir contra os preconceitos, e o que hoje conseguimos enxergar como um erro lá atrás era apenas névoa.
Ria-se do que não tem graça nenhuma. E PLACAR, naquele período um tanto irresponsável, navegava sem se dar conta dos incômodos que poderia provocar. Os jornalistas da revista, antes como agora, eram sérios, rigorosos, profissionais cuidadosos e avessos a qualquer tipo de discriminação — e todos eles, tendo em mãos a régua do presente, neste momento fariam de outra maneira. Os tempos mudaram, e que bom terem mudado.
A capa desta edição vê o mundo com os olhos de hoje. Os mesmos que levaram o Santos, pressionado por torcedoras e torcedores, além de patrocinadores, a suspender o contrato firmado com Robinho, acusado de estupro na Itália. Ele foi condenado a nove anos de cadeia em primeira instância — o caso está previsto para voltar a julgamento em dezembro.
Estaríamos mais felizes se fosse possível ficar apenas com as lembranças do jogador que, em 2002, surgiu para o mundo com pedaladas mágicas — mas isso não é possível. Robinho não pode apagar sua trajetória dentro e fora de campo, precisa assumir suas responsabilidades, com o direito de defesa que cabe aos acusados de qualquer crime.
Para narrar essa história, a redação de PLACAR convidou a jornalista carioca Martha Esteves, que contou com a colaboração de Klaus Richmond. Os dois se aprofundaram nas acusações contra o jogador e acompanharam todas as reações em torno da contratação. Nos anos 1980, como repórter da revista, Martha entrevistava atletas, técnicos e dirigentes, e viu muitos jogos à beira do gramado de estádios pequenos, nos quais não havia tribuna de imprensa. Lembra de ter sido xingada de todas as formas.
“Aprendi na marra a ser mulher, no meio mais machista do mundo”, lembra. A reportagem, que começa na página 12, ajuda a jogar um pouco mais de luz sobre a maneira como o Brasil (e o mundo) vê a relação do futebol com a sociedade, de seus protagonistas com as mulheres, cada vez mais presentes e atuantes — nos gramados, no apito, com o microfone na mão e onde mais elas quiserem, sem ser importunadas nem agredidas, sem virar apenas objetos de admiração masculina.