Caso Daniel: suspeitos viram réus e denúncia contra Cristiana é aceita
Ministério Público denunciou, na terça-feira, sete suspeitos de participação no homicídio do jogador
A denúncia feita pelo Ministério Público do Paraná foi acatada pela Justiça e os sete suspeitos do caso de homicídio do jogador de futebol Daniel Corrêa se tornaram réus. Mulher de Edison Brittes, principal acusado de matar o atleta, Cristiana Brittes teve seu nome incluído no despacho feito nesta quarta-feira pela juíza Luciani Regina Martins de Paula, da 1ª Vara Criminal, Júri e Execuções Penais de São José dos Pinhais.
“Os indícios de participação da indiciada Cristiana na prática do homicídio repousam nos depoimentos das testemunhas sigilosas, as quais relatam que no momento em que a vítima estava sendo espancada pelos indiciados Edison, Eduardo, David e Ygor, não se viu a indiciada Cristiana tomando alguma atitude com a fim de evitar a morte da vítima, ao passo que ainda a indiciada dizia: ‘não deixa matar ele aqui dentro de casa’ e ‘não deixa seu pai fazer isso dentro da minha casa, você sabe como ele é’”, escreveu a magistrada.
A juíza ainda justificou o acato das denúncias, visto que o advogado de defesa da família Brittes, Cláudio Dalledone, foi bastante crítico ao Ministério Público paranaense. Segundo ele, trata-se da “melhor peça de defesa que existe no processo. Maior e melhor instrumento para defender Edison Brittes. Eu tinha minhas convicções profissionais e agora tenho pessoais depois de ler a denúncia na forma e maneira que os fatos foram denunciados em juízo”, afirmou, em coletiva de imprensa.
Sobre a denúncia, o despacho garante que “deve, sim, ser recebida, autorizando-se, bem assim, o exercício da ‘ação penal pública’ por seu legítimo titular, o Ministério Público do Estado do Paraná, mormente porquanto estejam ausentes as hipóteses elencadas no artigo 395 do Código de Processo Penal. A princípio, a vestibular acusatória é apta, pois atende ao disposto no artigo 41 do Código de Processo Penal, contendo a exposição dos fatos supostamente criminosos, com as circunstâncias (espaciais, temporais e modais) do caso, qualificação dos acusados, classificação dos crimes, rol de testemunhas”.
Confira as denúncias feitas e acatadas a cada suspeito do caso Daniel:
Edison Brittes Júnior – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual
Eduardo Henrique Ribeiro da Silva – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual
David Vollero da Silva – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, denunciação caluniosa e fraude processual
Ygor King – homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual
Cristiana Brittes – homicídio qualificado, fraude processual e coação de testemunha
Allana Brittes – coação de testemunha e fraude processual
Evellyn Brisola Perusso – denunciação caluniosa e fraude processual
O caso
Mineiro de Juiz de Fora, Daniel Corrêa foi assassinado aos 24 anos. Revelado pelo Cruzeiro, o meio-campista foi contratado pelo São Paulo após se destacar no Botafogo. Também passou por Ponte Preta e Coritiba. Ele estava emprestado pelo São Paulo ao São Bento, que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro.
O atleta foi encontrado morto no dia 27 de outubro, em um matagal de São José dos Pinhais, no Paraná, com o pescoço cortado e o pênis decepado. O crime ocorreu depois da festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes, filha do casal Edison e Cristiana Brittes, na noite anterior.
Dias depois do ocorrido, Edison se apresentou à polícia e assumiu a autoria do homicídio, afirmando que flagrou Daniel tentando estuprar sua esposa, versão descartada pelo delegado responsável pelo caso, Amadeu Trevisan.