Publicidade
Publicidade

Caneta em Maradona, soco em Simeone e mais: Romário relembra rivalidade com argentinos

Em entrevista à PLACAR, Ídolo da seleção brasileira disse que rixas ficavam em campo, e que sempre teve respeito e carinho pelos rivais

RIO DE JANEIRO – Mesmo à vontade em sua própria casa na Barra da Tijuca, no Rio, vestindo camiseta e bermuda ao lado da luxuosa piscina e das quadras de futevôlei e futebol, Romário de Souza Faria, de 57 anos, demorou um pouco a demonstrar a espontaneidade e a língua afiada de sempre. Ao falar sobre sua mais nova função, a de presidente eleito do América-RJ, seu time do coração, e do papel de senador pelo PL em Brasília, o Baixinho adotou tom mais sereno, quase protocolar. Já quando o tema passou a ser o clássico desta terça-feira, 21, entre Brasil e Argentina no Maracanã, seu semblante mudou. Em entrevista exclusiva à PLACAR, Romário destravou memórias da grande rivalidade e pregou respeito aos vizinhos.

Publicidade

O Baixinho tem na ponta da língua o clássico inesquecível, pela fase final da Copa América de 1989, 2 a 0 diante de mais de 110.000 torcedores no Maracanã. Um doa lances marcantes do duelo foi uma caneta de Romário em ninguém menos que Diego Armando Maradona. “Teve a caneta no Maradona, o passe que eu deixei para o Bebeto marcar de voleio, eu também fiz um gol nesse jogo. No Maracanã, o verdadeiro Maracanã, contra a Argentina do Maradona… é algo que não dá para esquecer.”

Maradona e Romario durante partida válida pela Copa América de 89, no estádio do Maracanã – Acervo/PLACAR

A memória mais amarga, no entanto, viria no ano seguinte. Se recuperando de lesão, o craque não pôde atuar nas oitavas de final da Copa do Mundo da Itália, em que a Argentina segurou a pressão brasileira e venceu com gol de Claudio Caniggia, em Turim. “Em março, eu tive uma ruptura na fíbula e tinha arrebentado alguns ligamentos. E por mais que eu tenha levado o [fisioterapeuta] Nilton Petroni “Filé” para a Holanda e tratado por meses, infelizmente não consegui me recuperar 100% fisicamente nem clinicamente. Só joguei um jogo contra a Escócia e acabei, infelizmente ficando de fora, não fui nem escalado para o banco, foi lamentável.”

Publicidade

O senador fez questão de esclarecer recentes declarações que causaram polêmica em Buenos Aires. Antes da final da última Libertadores, Romário proferiu uma série de xingamentos aos argentinos, mas disse ter sido mal interpretado.

“Você está me dando uma oportunidade de me redimir, digamos assim, não é nem pedir desculpas porque eu não quis esculachar ninguém. Mas numa entrevista ao [jornal O] Globo, sobre a final entre Fluminense e Boca, eu falei aquela coisa do futebol: que se jodan los argentinos. Tomar no c… Boca. Essas coisas que saem na hora. O jornalista escreveu tudo como eu falei, e eu falei mesmo, mas foi nessa coisa de brincadeira do futebol. Eu tenho maior respeito, carinho e sou até grato ao povo da Argentina, porque todas as vezes que fui lá enfrentar Boca e River, me xingaram dentro do que se pode xingar, e depois dos jogos, muitos iam nos hotéis, no ônibus, sempre me pediram foto, autógrafo. Não foi nenhum tipo de desrespeito.”

Apelidado na Argentina de Chapulín (em alusão ao personagem mexicano que fez sucesso em toda a América Latina), Romário diz guardar boas lembranças das visitas à Argentina e dos hermanos com quem trabalhou. “Chapulin é um apelido carinhoso que sempre recebi muito bem. No Valencia joguei com Ortega e Cláudio Piojo [López], o Valdano chegou a ser meu treinador. Ele disse que eu era um jogador de desenho animado. Sempre foram carinhosos e respeitosos, então não como eu ter problema. O que eu tenho, sim, é a coisa de rivalidade, dentro do campo e continuo dizendo: vai tomar no c…, Argentina, aqui é Brasil e f…-se. Mas, tenho respeito máximo. Vamos para cima deles, que vai dar Brasil.”

Publicidade

Romário sorriu ao relembrar sua rixa mais famosa com um argentino. Em 1994, ele foi expulso e punido após dar um soco no rosto de Diego Simeone, em uma partida entre Barcelona e Sevilla. “Hoje temos uma relação muito respeitosa, depois que paramos já tive com ele umas três vezes, na Copa do Mundo, no avião, batemos um papo. Ele se tornou um dos grandes técnicos do futebol mundial. Mas é o que falei, é a rivalidade, a porrada cantava mesmo, é isso.”

Romário disse não ter decidido ainda se irá ao Maracanã assistir ao clássico, mas, entre elogios rasgados ao técnico Fernando Diniz, se mostrou confiante em uma vitória da seleção brasileira. “Tenho certeza. Claro que o Brasil vem de uma derrota, não vem no melhor momento, tem um treinador novo que, para mim, é o melhor que tem no Brasil, era ela que tinha que ser. Por mais que a Argentina seja campeã mundial, líder das Eliminatórias, com Messi, time titular… com todo respeito, e tem que ter mesmo, são campeões do mundo. Mas se tiver que botar a ficha, eu boto no Brasil.

Nos próximos dias, PLACAR divulgará novos trechos da entrevista com Romário em nosso site e redes sociais, com foco em sua nova faceta de cartola. Em janeiro de 2024, ele assume o posto de presidente do América.

Para fazer parte da nossa comunidade, acompanhe a Placar nas mídias sociais.

Publicidade