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Brusque perde pontos por injúria racial a Celsinho; Londrina quer exclusão

Clube foi punido com perda de pontos na Série B, multado em R$ 60 mil e teve conselheiro afastado; Londrina entende que pena deve ser mais severa

O Londrina considerou satisfatória, mas já estuda a possibilidade de entrar com recurso para ter aumentada a punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ao Brusque-SC. O pleno condenou nesta sexta-feira, 24, o clube catarinense e o conselheiro licenciado Júlio Antônio Petermann ao pagamento de multa, além da perda de três pontos na Série B do Campeonato Brasileiro por ofensas raciais ao meio-campista Celsinho, do Londrina, em partida disputada entre as equipes no último dia 28 de agosto.

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“É provável que haja mais desdobramentos. O Londrina entende que foi uma pena adequada. Pedimos pela aplicação do artigo 243-G, parágrafo terceiro. Ele faz menção ao artigo 170, incisos 5, 7 ou 11, que apontam para a exclusão de um clube em um caso como esse na competição. Esse foi o nosso pedido, na sustentação oral eu revisei isso”, disse Eduardo Vargas a PLACAR, advogado do clube.

“Entendemos que a pena deveria ser mais severa. A perda de pontos vai desestimular a prática, sim, mas pretendíamos obter a exclusão do Brusque da competição. De alguma forma a justiça foi feita, mas ainda pode haver recursos por parte do Brusque e existe um prazo de três dias para um recurso ainda da nossa parte. Vamos estudar a possibilidade de contestar”, completou.

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Durante o julgamento da quinta comissão disciplinar do STJD, de forma virtual, Petermann reconheceu ter ofendido o meio-campista com as palavras “vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha”, registradas na súmula pelo árbitro da partida, Fábio Augusto Santos Sá Junior. Ele foi condenado a 360 dias e multa de 30.000 reais.

“Na realidade, o que aconteceu é que eles estavam entre o banco e o alambrado se aquecendo e ali e estavam xingando o Brusque. Teve uma hora em que me irritei e realmente proferi ‘cachopa de abelha vai jogar bola’. Isso foi um momento inadequado, onde o jogo estava quente, o pessoal xingando a gente”, afirmou no julgamento.

“Queria aproveitar e pedir desculpas, se eu realmente o ofendi, e a todo o pessoal que eu possa ter ofendido. De maneira nenhuma eu quis ofender e não imaginei que pudesse dar essa confusão toda. Nessa região é muito comum chamar pessoas assim, de cachopa de abelha. Jamais iria proferir isso para ofender o Celsinho ou qualquer outra pessoa”, acrescentou. 

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No dia 10 de setembro, o Londrina ainda juntou ao documento do jogo um boletim de ocorrência feito pelo atleta, além de um vídeo registrado no segundo tempo da partida em que é possível ouvir alguém gritando “macaco”, além de matérias jornalísticas sobre o assunto. Em entrevista, o jogador disse que o episódio fez o seu filho mais velho e a sua esposa chorar.

Celsinho viu a sua família chorar com o caso de racismo -
Celsinho viu a sua família chorar com o caso de racismo –

“Apresentamos ainda o artigo 13 do código disciplinar da Fifa. A ideia era provocar o tribunal, mostrar que se trata de algum muito sério. A Fifa e a Uefa tem sido intolerantes com casos assim. A Conmebol já é mais branda, mas a Fifa fala em exclusão da competição. A decisão mais adequada e justa era a exclusão”, explica Vargas.

O clube também lembrou do episódio envolvendo o goleiro Aranha. Pelo Santos, o ex-jogador foi chamado de macaco em partida diante do Grêmio, pela Copa do Brasil, em 2014, em Porto Alegre. O caso foi classificado, assim como o Brusque, como um “ato discriminatório” e o time acabou excluído da competição na época baseado no mesmo artigo, 243-G e seus parágrafos (praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência).

O caso Celsinho ganhou repercussão nacional após o Brusque dizer que o jogador fez “falsa imputação de crime” e “oportunismo” quando informou ter sido vítima de racismo. O clube ainda insinuava a acusação como um “artifício esportivo” utilizado pelo jogador a quem se referiu como alguém que se promovia por fazer coisas do tipo. Dias depois, tentou se retratar pedindo desculpas pelo “posicionamento equivocado”.

Esse não foi o único episódio relatado por Celsinho durante a disputa da Série B. Três profissionais de rádio, dois deles da Rádio Bandeirantes de Goiânia, e um da Rádio Clube do Pará, também usaram de falas racistas como: “cabelo pesado”, “bandeira de feijão”, “negócio imundo” e “cabelo de ninho de cupim” para se referir ao jogador. Todos pediram desculpas e foram afastados pelas empresas. Eles foram acionados criminalmente.

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