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Bruno Soares conta como viu o sonho olímpico ‘acabar’ após uma apendicite

‘Me preparei muito para Tóquio e estava no auge da minha carreira, o que tornou tudo ainda mais decepcionante’, conta o tenista mineiro de 39 anos

Sou tenista profissional há 21 anos e um dos meus maiores sonhos como esportista era conquistar uma medalha olímpica. Cheguei muito perto neste ano, mas um grande azar me deixou de fora da competição. Tudo começou ainda no caminho até Tóquio. Estava no aeroporto quando comecei a sentir um incômodo no meu abdômen, mas relevei os sintomas pois achava que não era nada importante. Assim que entrei no avião, veio o grande trauma: uma dor descomunal começou a tomar o meu corpo. A sensação era tão forte que parecia estar sendo esfaqueado. Eu já estou vacinado e já tive Covid-19, então imaginei que não era nada relacionado a isso, mas sofri calado por medo de criar alarde. Após cinco horas de voo, não consegui mais aguentar e comecei a vomitar. O fato de estar a mais de 10.000 pés do chão firme me deixava ainda mais angustiado, pois não tinha para onde correr.

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Ao chegar em Tóquio recebi atendimento médico e fui informado do diagnóstico: era uma apendicite que ia me tirar dos Jogos. Debati as possibilidades com a comissão técnica e resolvi esperar para ver como o meu corpo amanheceria, mas logo constatei que não tinha como continuar. Meu apêndice estava inflamado e só iria piorar com o tempo. Eu sabia que os jogos já tinham acabado para mim, por isso decidi focar na minha saúde. Passei por uma cirurgia de apenas 30 minutos e fiquei mais oito dias em solo japonês para me recuperar totalmente. Assim que recebi alta do hospital e cheguei na Vila Olímpica, a minha ficha começou a cair: o sonho olímpico tinha mesmo acabado.

Quando retornei para minha casa no Brasil precisei de muito tempo sozinho para refletir sobre tudo que aconteceu e me recuperar. Apesar de estar muito grato por ter saúde, fiquei frustrado pelo grande azar que é ser diagnosticado com uma apendicite justo na semana mais importante no mundo do esporte. Me preparei muito para Tóquio e estava no auge da minha carreira, o que tornou tudo ainda mais decepcionante. Atualmente sou o campeão do US Open, um dos maiores torneios de tênis no Grand Slam. Eu e a minha dupla, o Marcelo, batemos na trave nas últimas duas Olimpíadas, mas sentíamos que essa era a nossa grande chance de levar uma medalha para casa. Infelizmente, não pude lutar por ela nas quadras, mas sinto que travei minha própria batalha do lado de fora.

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O meu foco agora é no futuro e o passo imediato é a recuperação. Em quatro semanas já disputarei o próximo Grand Slam e pretendo lutar para manter meu título de campeão. No esporte, cada ano que passa faz toda a diferença na performance físíca, por isso ainda não sei se terei chances de competir em mais uma Olimpíada. Mas sem dúvidas essa é a minha vontade. Sou apaixonado pelo o que faço e continuarei jogando enquanto a chama dentro de mim permanecer acesa.

Bruno Soares em depoimento dado a Nathalie Hanna

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