Bruninho e Guigui, o retrato mais puro da paixão pelo futebol
Torcedor santista de 9 anos que encantou o país após ser hostilizado na Vila Belmiro conheceu o amigo palmeirense que o apoiou nas redes sociais
A vida de Bruno Nascimento, de 9 anos, torcedor do Santos e morador de Praia Grande, no litoral paulista, se transformou completamente no espaço de uma semana, graças a um gesto genuíno de amor ao esporte — seguido da estupidez de um bando de marmanjos. O Brasil se comoveu com o menino acuado com a hostilidade de outros santistas, que não aceitaram o simples fato de uma criança ter pedido uma camisa de um jogador rival. Da covardia de meia dúzia surgiu o afeto de milhares, de Pelé a Neymar, de Tite a… Guigui. Uma das mensagens de apoio mais simbólicas que Bruninho recebeu via redes sociais veio de outro pequeno, o palmeirense Guilherme Herradon, 8 anos, que nesta quinta-feira, 18, viajou de Maringá (PR) até o Museu do Futebol, em São Paulo, para conhecer o novo amiguinho.
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“Não fique triste não, eu já ganhei várias camisas de outros times, e você não vai deixar de ser santista porque gosta de outros jogadores. Tenho vários amigos que torcem para outros times e sabe de uma coisa? Hoje você é meu amigo, você santista e eu palmeirense. Um beijo, fica com Deus”, exclamou Guigui no vídeo que viralizou há dez dias, quando Bruninho ainda se recuperava do trauma causado após ter pedido a camisa do goleiro alviverde Jaílson. Nesta quinta, na entrada do estádio do Pacaembu, onde os times de ambos colecionaram glórias ao longo da história, Bruninho e Guigui puderam, enfim, selar essa parceria.
GuiGui, um jovem torcedor do Palmeiras mandou um recado ao Bruninho:
"Você não vai deixar de ser santista porquê gosta de outros jogadores"
Que aula 👏👏 pic.twitter.com/KSM14nCW4R
— Alef Sousa (@AlefSousa__) November 9, 2021
“Fiquei muito triste com o que aconteceu com ele, foi um desrespeito, porque eu também gosto dos goleiros de outros times, como o Tadeu, do Goiás, e não tem problema nenhum”, contou Guigui, a PLACAR. “Hoje nós conversamos e eu falei para o Bruninho que podemos ser amigos mesmo torcendo por times diferentes”, disse, enquanto os pais dos garotos também confraternizavam, orgulhosos da mensagem de tolerância passada pelos herdeiros.
Vestindo uma camisa do Real Madrid e uma blusa do Santos, Bruninho se mostrou muito grato com as novidades dos últimos dias. Na semana passada, ele visitou a concentração da seleção brasileira e papeou com seus ídolos. “O que aconteceu de mais legal para mim foi conhecer a seleção brasileira e o Neymar. Ele me disse para eu não me abalar e seguir em frente”, disse. “Ganhei a camisa 4 do Marquinhos e uma chuteira do Coutinho. Ainda não usei, porque ele calça 37 e eu calço 31.”
Fã de Lucas Braga e João Paulo e frequentador assíduo da Vila Belmiro, Bruninho tem o sonho de se tornar jogador do Santos e já está encaminhado: joga como lateral-direito ou zagueiro e a partir de janeiro integrará as categorias de base do Peixe. O pai, Moisés Nascimento, tenta conter as expectativas. “O Deixo livre para viver seus sonhos, mas sempre preparo o Bruninho para um ‘não’, não quero que depois ele se frustre. Não é fácil ser jogador de futebol. Antes de qualquer coisa, ele tem de estudar.”
Bruninho e Guigui estiveram no Museu do Futebol à convite da Bridgestone, patrocinadora da Libertadores, em um evento em que a produtora japonesa de pneus apresentou o anel que será entregue ao craque da competição — Gabigol, Arrascaeta e Bruno Henrique, do Flamengo, e Raphael Veiga, Rony e Weverton do Palmeiras, brigam pelo objeto cravejado de diamantes, safira e topázio.
No palco, Bruninho foi surpreendido com uma homenagem, um troféu de craque do jogo, que o emocionou. Antes, porém, foi ele quem arrancou lágrimas gerais com uma resposta incrivelmente espirituosa. Questionado pelo mestre de cerimônias Caio Ribeiro sobre qual dos presentes recebidos (camisa da seleção, foto com Neymar, vídeo do Pelé, entre outros) ele mais gostou, Bruninho não teve dúvidas: “a camisa do Jaílson, pois sem ela nada disso estaria acontecendo na minha vida.” Craque.