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Brasil tem bons motivos para almejar em Tóquio seu recorde de medalhas

Os Jogos marcam o centenário da primeira participação olímpica brasileira

Aos trancos e barrancos, sob protestos da maioria da população japonesa e com a pandemia do novo coronavírus como convidada indesejada, foi, enfim, aberta nesta semana a Olimpíada de Tóquio, a 32ª edição dos Jogos de Verão, a primeira na história sem a presença de torcida. Os 303 atletas de 35 modalidades que formam o Time Brasil, no entanto, sonham alto. Apesar de todos os inconvenientes causados pela Covid-19, como o cancelamento de campeonatos e entraves para treinar — além de os investimentos no esporte terem caído após os Jogos do Rio —, o país chega com chances reais de alcançar seu melhor desempenho em todos os tempos.

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arte Olimpíadas

Adiado em um ano, os Jogos no Japão marcam o centenário da estreia brasileira, em 1920, na Antuérpia. O primeiro pódio se deu em solo belga, no tiro esportivo, com o bronze de Guilherme Paraense, Afrânio da Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade na prova de pistola 50m por equipes. De lá para cá, foram 129 medalhas que colocam o país no 29º lugar geral desde Atenas-1896 até a Rio-2016. Os Estados Unidos lideram com folga o quadro histórico de medalhas, com 2 520 pódios.

Há cinco anos, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) não escondia o objetivo de integrar o grupo dos dez mais premiados. Bateu na trave e agora adota tom cauteloso, ainda que a meta seja a mesma. O novo programa olímpico detém alguns trunfos. As modalidades estreantes, skate e surfe, têm brasileiros entre os candidatos mais fortes: Pâmela Rosa e a caçula da delegação, Rayssa Leal (13 anos), nas pistas, e Gabriel Medina e Italo Ferreira sobre as ondas. Bicampeão mundial, Medina é quem chega com maior favoritismo, apesar da confusão envolvendo a ausência de sua mulher, Yasmin Brunet (leia mais na seção Gente). O atleta até disse que não estará 100% sem a companheira, que, segundo ele, é também sua treinadora — versão que não convenceu o COB.

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ZEBRA - Milena Titoneli, do tae kwon do: campeã do Pan quer surpreender -
ZEBRA - Milena Titoneli, do tae kwon do: campeã do Pan quer surpreender – Alexandre Loureiro/COB/.

Outro pódio provável é o da soteropolitana Beatriz Ferreira. Campeã mundial de boxe, a atleta de 28 anos debutará nos Jogos embalada. “Não levo o favoritismo como pressão, mas como uma força a mais”, diz a pugilista. O também baiano Isaquias Queiroz, da canoagem, já vislumbra o título que lhe escapou no Rio. “Meu objetivo é ser o maior atleta olímpico do Brasil, chegar ao nível de Robert Scheidt, Cesar Cielo e Torben Grael”, disse a VEJA durante sua preparação em Lagoa Santa (MG). A filha de Torben, Martine Grael, também tem chances reais de igualar-se ao pai com dois títulos olímpicos, ao lado da parceira Kahena Kunze, na classe 49er FX da vela.

FAVORITA - Beatriz Ferreira, a número 1 do boxe: “Sei aonde quero chegar” -
FAVORITA - Beatriz Ferreira, a número 1 do boxe: “Sei aonde quero chegar” – Jonne Roriz/COB/.

Além de seguir brilhando em modalidades como futebol, vôlei e judô, o Brasil precisará retomar o protagonismo em alguns esportes. Na natação, Bruno Fratus (50 metros livre) e Ana Marcela Cunha (maratona aquática) tentarão repetir no grande palco os bons resultados no último ciclo. No atletismo, surge outra esperança. O paulista Alison dos Santos, o Piu, de 21 anos, é a nova sensação dos 400 metros com barreiras, prova da qual quebrou cinco vezes o recorde sul-americano somente em 2021. Ele foi um dos maiores beneficiados da Missão Europa do COB, que levou mais de 200 atletas para treinar no exterior durante a pandemia. Voando baixo, Piu tem boas chances de ir ao pódio, mas terá pela frente uma das estrelas dos Jogos, o norueguês Karsten Warholm.

Ainda que a Olimpíada seja o ato final de uma jornada de quatro anos (cinco, neste caso), há sempre a possibilidade de uma surpresa de última hora. Foi assim com Thiago Braz, campeão olímpico do salto com vara em 2016. Entre os candidatos a zebra, destaca-se a paulista Milena Titoneli, do tae kwon do, em franca ascensão aos 22 anos. Quem também chegaria em alta seria o halterofilista Fernando Reis, que, no entanto, foi suspenso por doping já em solo japonês. Ao todo, o Brasil estará presente em 35 das cinquenta modalidades e tem 31 medalhistas, sendo dezoito campeões olímpicos, na equipe. Que venham muitos pódios e medalhas.

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Publicado em VEJA de 28 de julho de 2021, edição nº 2748

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