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Brasil dá adeus após participação patética na Libertadores

Com a eliminação do campeão nacional Cruzeiro, o país acabou sem nenhum representante na semifinal da competição, o que não acontecia havia 23 anos

Com receitas e estrutura infinitamente superiores, era praticamente impensável que um dos times brasileiros não chegasse pelo menos à final – como aconteceu nas últimas nove edições

A eliminação do Cruzeiro diante do San Lorenzo, em pleno Mineirão, na quarta-feira, confirmou um vexame histórico para o futebol brasileiro na Copa Libertadores. Para quem sonhava com um inédito quinto título consecutivo de clubes do país, a maior competição do continente terminou de forma precoce e melancólica para nossos representantes. Apesar de ter começado a Libertadores com seis participantes (número máximo permitido pela Conmebol), o Brasil ficou de fora das semifinais pela primeira vez em 23 anos. Flamengo, Botafogo e Atlético-PR foram responsáveis pelos maiores fiascos – disseram “adiós” ainda na primeira fase. Atlético-MG e Grêmio resistiram um pouco mais: foram até às oitavas.

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A ausência de brasileiros entre os quatro melhores causou espanto, sobretudo por causa do abismo existente entre nossos clubes e os dos vizinhos. Com receitas e estrutura infinitamente superiores, era praticamente impensável que um dos times brasileiros não chegasse pelo menos à final – como aconteceu nas últimas nove edições. Ao colocar na balança a importância reservada à competição continental e os resultados dentro de campo, é possível dizer que o Brasil nunca passou tanta vergonha na Libertadores.

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Tudo jogava a favor dos brasileiros em 2014. Após quatro anos de total hegemonia (Inter, Santos, Corinthians e Atlético-MG foram os últimos campeões), os times do país tiveram ao seu dispor as melhores condições desde a criação do torneio, em 1960. Arenas modernas, com gramados impecáveis, como o Maracanã, a Arena da Baixada, o Mineirão ou a Arena do Grêmio seriam os palcos perfeitos para um possível pentacampeonato do Brasil. Além disso, alguns dos vizinhos mais tradicionais do continente, como Boca Juniors e River Plate, nem sequer estavam classificados para a competição. Peñarol, Nacional do Uruguai e Vélez Sarsfield, donos de camisas pesadas, também ficaram pelo caminho muito cedo.

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Mas ao invés de uma semifinal verde e amarela, chegamos ao cenário completamente inverso: com San Lorenzo, Nacional do Paraguai (ambos já classificados), Defensor, Atlético Nacional, Lanús e Bolívar ainda vivos, há uma grande chance de a semifinal ser formada por quatro clubes que jamais conquistaram o título – único campeão, o time colombiano terá que vencer o Defensor, em Montevidéu, por três gols de diferença para avançar.

O que agrava ainda mais o vexame nacional nesta edição é o esforço feito pelos clubes brasileiros para apenas ganhar uma chance de disputar o torneio. Ao contrário do que acontecia até o início da década de 1990, a Libertadores se transformou no maior sonho de consumo de todos os times do país. Pode parecer inacreditável, mas até poucas décadas atrás, os clubes brasileiros davam maior importância até aos títulos estaduais e chegavam a esnobar a competição continental, que, segundo eles, não era organizada nem lucrativa. Atualmente, porém, competições como a Copa do Brasil e a Sul-Americana são usadas apenas como “caminho mais curto” para se chegar à Libertadores.

Nos cada vez mais esvaziados Estaduais e até no Brasileirão, a regra geral é usar time misto ou até reserva, tudo para priorizar a Libertadores. Essa estratégia foi usada diversas vezes pelos times envolvidos na competição neste ano – e ainda assim as equipes do país naufragaram. Por tudo isso, é possível dizer que esta foi a pior participação dos brasileiros em toda a história da Copa Libertadores.

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Números do vexame – O Brasil não ficava fora das semifinais da Libertadores desde 1991, quando Boca Juniors, Colo-Colo, Olímpia e Nacional de Medellín foram os quatro melhores. De 2005 para cá, clubes brasileiros chegaram à decisão em todas as oportunidades, com seis títulos e três vices. Em 2005 e 2006, a decisão foi entre times do país (São Paulo x Atlético-PR e Inter x São Paulo, respectivamente), fato que desagradou a Conmebol, que prefere redistribuir as chaves para evitar confrontos domésticos na finalíssima.

Em caso de título brasileiro em 2014, o Brasil superaria a Argentina em recorde de taças consecutivas. Os vizinhos chegaram ao tetracampeonato duas vezes, no fim da década de 1960 – com títulos do Racing (1967) e Estudiantes (1968/69/70) – e no início da década seguinte, todos com o Independiente , entre 1972 e 1975. Alçado ao posto de novo favorito ao título, o San Lorenzo (time do coração do papa Francisco), pode aumentar a vantagem de títulos dos “hermanos”. Até o momento, clubes da Argentina conquistaram 22 Libertadores, contra 17 dos brasileiros. Os uruguaios aparecem na sequência, com oito. O maior campeão é o Independiente, que levantou sete vezes a taça mais cobiçada da América. Entre os brasileiros, São Paulo e Santos são os maiores vencedores, com três troféus cada um.

Vergonha maior que a de flamenguistas, gremistas, botafoguenses, cruzeirenses e atleticanos (de Minas e do Paraná) passaram os torcedores de clubes paulistas. Pela primeira vez desde 1998, a Libertadores teve uma edição sem nenhum representante do Estado mais rico do país.

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