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Blatter pode ser julgado por venda de direitos da Copa

Emissora suíça revela contrato suspeito entre presidente da Fifa e federação caribenha, então presidida por Jack Warner

O presidente da Fifa Joseph Blatter não foi citado pelo FBI nas investigações que indiciaram 14 pessoas ligadas à entidade e acusadas de corrupção, em maio, mas pode entrar na mira da Justiça americana em breve. A emissora suíça SRF revelou que Blatter assinou um contrato em 2005 no qual negociava os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2010 e de 2014 para a União Caribenha de Futebol por um total de 600.000 dólares (aproximadamente 2,3 milhões de reais). A quantia, considerado muito abaixo do valor de mercado, levantou suspeitas e pode resultar em uma investigação criminal contra Blatter e Jack Warner, então presidente da federação caribenha, e um dos dirigentes já indiciados pelo FBI.

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Segundo a emissora suíça, Blatter negociou diretamente com Warner, que licenciou os direitos para uma empresa controlada por sua família. Eles foram então revendidos por cerca de 20 milhões de dólares (77,5 milhões de reais) para uma empresa de radiodifusão com sede na Jamaica. O documento do contrato confirma uma alegação feita por Warner em 2011, depois que ele deixou a Fifa sob acusações de envolvimento em suborno. Na ocasião, ele afirmou que entidade o permitia controlar direitos de transmissão da Copa em troca de ajudar a Blatter nas eleições presidenciais.

A apuração realizada na Suíça pode ameaçar Blatter, que deixará a presidência da Fifa em fevereiro do ano que vem. Nesta segunda-feira, Mark Pieth, professor suíço de direito penal, disse que o dirigente de 79 anos é um alvo provável em uma investigação federal suíça sobre “má gestão criminosa” na Fifa. “Blatter tem que se defender contra acusações de peculato. Isso é um assunto que será preciso discutir. Há evidências primárias de provas. Isso significa que tem de ser aberta uma investigação”, disse Pieth.

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O procurador-geral da Suíça Michael Lauber ordenou a apreensão de grandes quantidades de dados e documentos na sede da Fifa em maio e junho para uma investigação originalmente focada na escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022. Pieth disse que a investigação feita na Suíça é bem mais abrangente. “Se refere à totalidade da instituição e o que eles têm feito ao longo dos últimos 20 anos. Há algumas coisas muito, muito complicadas escondidas que podem até mesmo atingir o ex-chefe, Joseph Blatter”.

A Fifa defendeu o acordo sobre os direitos de transmissão no Caribe, alegando que exigiu metade do lucro quando as negociações fossem realizadas. O acordo de TV foi encerrado em julho de 2011, com a Fifa recuperando os direitos da Copa de 2014, após Jack Warner deixar seus cargos na entidade, evitando ser punido por acusações de suborno. Ainda de acordo com a Fifa, a entidade do Caribe, controlada por Warner, “fez várias brechas no contrato e não cumpriu as suas obrigações financeiras”.

(com Estadão Conteúdo)

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