Blatter classifica prisão de cartolas corruptos como ‘ataque americano’ e diz não temer investigações: “Ser preso por quê?”
Reeleito, presidente da Fifa afirmou que operação foi retaliação e disse que dirigentes deveriam ter sido presos somente quando estivessem nos Estados Unidos
Reeleito para seu quinto mandato, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, partiu para o ataque. Ele disparou sua artilharia contra os Estados Unidos e questionou a operação do FBI que levou sete dirigentes para a cadeia – entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin. O cartola de 79 anos acusou o país de tentar interferir no Congresso da entidade:
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“Ninguém vai me convencer de que foi uma simples coincidência esse ataque americano, dois dias antes da eleição da Fifa. Depois, a reação da Uefa e do senhor Platini. Isto não me cheira bem. Foi algo para me denegrir e atingir a Fifa. Algo pensado, como ‘o momento é agora’”, disparou o dirigente numa entrevista ao canal suíço RTS.
Numa entrevista coletiva concedida no fim da manhã deste sábado, na sede da Fifa em Zurique, ele foi questionado se temia ser preso no desenrolar das investigações. E foi lacônico: “Ser preso por quê?”.
Para o cartola, ‘alguns sinais não podem ser ignorados’. Blatter disse também enxergar um movimento da imprensa contra seu mandato e ainda afirmou que a operação desencadeada não deveria ter ocorrido em solo suíço. “Os americanos foram derrotados na disputa pela Copa de 2022. Os ingleses perderam o Mundial de 2018. Então, sinceramente, este foi um movimento também da mídia desses dos países. Respeitamos o sistema de Justiça dos Estados Unidos, mas se existe algum crime financeiro que diz respeito aos americanos, as pessoas têm que ser presas lá, não em Zurique, enquanto acontece um Congresso”, diz.
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O fato de a operação do FBI ter como alvo esquemas de corrupção envolvendo as confederações das Américas (Concacaf e Conmebol) também serviu de argumento para Blatter: “As suspeitas são em cima das Américas do Norte e do Sul, mas a questão foi levada para Zurique e passou a ser uma coisa envolvendo a Fifa”, disse.
As declarações da procuradora-geral americana, Loretta Lynch, surpreenderam o presidente da entidade máxima do futebol. “Fiquei chocado com o que ela falou. Como presidente, jamais falaria algo de uma outra instituição sem saber do que estou falando”.
Na última quinta-feira, 24 horas após a ação da polícia americana – que contou com o apoio de autoridades da Suíça -, o presidente da Uefa, Michel Platini, chegou a procurar Blatter e pediu que renunciasse. “Se fizesse isso estaria reconhecendo que fiz algo de errado. E nos últimos três ou quatro anos o que fiz foi lutar contra a corrupção, lutar contra tudo que é ilegal”, argumentou Blatter.
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Neste sábado, o Comitê Executivo da Fifa voltou a se reunir na sede da entidade. Ficou decidido que as Copas de 2018 (Rússia) e Catar (2022) terão 32 seleções e que o sistema de divisão de vagas por confederação está mantido. Com isso, a América do Sul, que temia ficar sem uma vaga, manteve as cinco. Quase todas as perguntas, no entanto, foram em cima do escândalo de corrupção: “Estou feliz por saber que, mesmo em meio a todos esses problemas, 133 nações confiaram em mim, não apenas para continuar desenvolvendo o futebol no planeta, mas também para resolver a situação que estamos vivendo hoje”.
Questionado sobre possíveis retaliações contra rivais políticos que acabou de derrotar (a Uefa e também os Estados Unidos), Blatter disse ‘perdoar, mas não esquecer’, e concluiu colocando panos quentes: “Temos que trabalhar juntos, e não tem sentido porque a Uefa precisa da Fifa e a Fifa da Uefa”.