Atlético de Madri já ‘apaga’ título para triunfar contra o Real
Técnico Simeone diz que a festa pelo campeonato espanhol já é passado. Ele não vê favorito na final de Lisboa, mesmo com Diego Costa quase descartado
“Ganhar sempre é melhor, mas logo isso passa. No futebol, só conta o que se fez por último. Sempre vejo a próxima partida como a mais importante de todas. O que passou, passou. Não olhamos para trás”
Menos de 500 metros separam a Praça de Cibeles, onde a torcida do Real Madrid costuma festejar os títulos da equipe, da Praça Cánovas del Castillo, local escolhido pelos seguidores do Atlético de Madri para comemorar seus triunfos, diante de uma estátua de Netuno, quase ao lado do Museu Nacional do Prado, na região central da capital espanhola. Durante décadas, o ponto de concentração dos fanáticos pelo Real foi usado com enorme frequência: para o clube mais rico e poderoso de Madri, levantar troféus importantes é uma rotina. No último fim de semana, porém, a praça preferida pelos fãs do Atlético voltou a ser palco de uma celebração – depois de um jejum de dezoito anos, o clube vermelho e azul enfim voltou a ser campeão nacional. Nesta segunda-feira, entretanto, já não havia mais sinais da farra da noite de sábado – nem na praça, nem no Estádio Vicente Calderón. O Atlético comemorou demais o título espanhol, mas iniciou a semana deixando essa notável façanha no passado. Agora, chegou o momento de fazer de tudo para impedir que a comemoração suba a Avenida do Prado e lote a Praça de Cibeles no próximo sábado, depois da final da Liga dos Campeões, em Lisboa, entre os dois clubes madrilenhos. Para o Atlético, o título obtido contra o Barcelona em pleno Camp Nou já não passa de uma lembrança agradável. Conforme o técnico Diego Simeone, a fome de títulos de um clube e de uma torcida que sofreram por tanto tempo ainda está longe de ser saciada.
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“As comemorações são muito divertidas, mas é preciso sempre virar a página, seja depois de uma vitória, seja depois de uma derrota”, disse o argentino nesta segunda-feira, no estádio do Atlético, erguido às margens do Rio Manzanares, no bairro de Arganzuela. Na noite de sábado, Simeone foi um dos mais eufóricos na festa pela conquista do título – o ex-volante botinudo e briguento pegou até seus jogadores de surpresa ao pular e dançar ao som de Happy, do rapper Pharrell Williams (assista no vídeo abaixo). O Simeone que apareceu nesta segunda no Vicente Calderón, porém, já era outro. “Ganhar sempre é melhor, mas logo isso passa. No futebol, só conta o que se fez por último. Sempre vejo a próxima partida como a mais importante de todas. O que passou, passou. Não olhamos para trás”, avisou ele, prometendo manter o time focado no clássico decisivo em Lisboa. Para o treinador de 44 anos, o elenco do Atlético tem a mentalidade certa para lidar com essa situação. “Temos uma equipe que trabalha muito, se dedica e é valente”, elogiou. “O time precisa continuar forte, confiante em suas possibilidades e totalmente concentrado para chegar à final da melhor maneira. Imagino um jogo marcado por muita ansiedade, mas aposto que meus jogadores responderão bem.”
Desfalques e dúvidas – Simeone mostrou enorme otimismo mesmo depois de uma péssima notícia: um exame feito na clínica Fremap revelou que o atacante brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa, que tem oito gols no torneio europeu, sofreu uma pequena ruptura num músculo da perna direita na partida contra o Barcelona. O tempo de recuperação para lesões desse tipo costuma ser de duas semanas. Ainda assim, a apenas cinco dias da decisão, Simeone não quis descartar nem Diego nem Arda Turan, o meia turco que também se machucou na rodada final da liga espanhola. “Vamos esperar até o fim da semana por Arda e Diego. Se eles não estiverem prontos, só aí vou pensar em uma nova formação. Vamos ver.” O argentino deu pistas, porém, de que não voltará a arriscar um retorno apressado, como aconteceu com o próprio Diego Costa. “A final da Liga dos Campeões não é um jogo para se jogar com 80% de suas capacidades. É preciso entrar com 100%.” Questionado sobre a possibilidade de Cristiano Ronaldo também não conseguir se recuperar a tempo, Simeone desconversou. “Sempre preparo meu time para enfrentar o melhor que o adversário pode levar a campo. Não depende de nós, então estaremos prontos para encarar os melhores.”
De acordo com Simeone, que comanda o Atlético desde o fim de 2011, o fato de seu clube encarar o arquirrival na decisão mexe só com a torcida, e não com os jogadores. “Estar em uma final desse tamanho já é mais do que suficiente para nos motivar. Penso em nós, e não nos outros. Não é bom ficar pensando demais em quem está do outro lado.” O argentino, que foi a três Copas do Mundo e jogou mais de cem partidas por sua seleção, afirma que, segundo sua experiência no futebol indica, não há favorito na final de Lisboa. “As possibilidades são de 50% para cada lado. Creio que eles têm melhores valores individuais, mas nós estamos chegando com uma enorme motivação. Tenho certeza que será uma partida muito equilibrada.” Apesar de estar prestes a medir forças com uma equipe muito mais rica (e que, segundo ele, cresceu de forma impressionante desde que o técnico Carlo Ancelotti assumiu o cargo, no início da temporada), o argentino não se inibe e garante que a festa de sábado na Praça Cánovas del Castillo tem tudo para se repetir mais vezes. “Enxergo nosso clube em crescimento, construindo uma equipe competitiva para brigar com os melhores, apesar das diferenças econômicas.”
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2013: Bayern
Depois de perder duas decisões em três anos – uma delas, em seu próprio estádio -, o Bayern não deixou passar a terceira oportunidade de levantar a taça. Em um clássico alemão, a equipe de Munique derrotou o Borussia por 2 a 1 no Estádio de Wembley.
2012: Chelsea
A equipe londrina surpreendeu e conquistou seu primeiro título contra o Bayern de Munique, na casa do adversário, a Allianz Arena. Didier Drogba foi o grande destaque da final, que foi decidida nos pênaltis depois de empate por 1 a 1 no tempo normal.
2011: Barcelona
Com Messi inspirado e com Pep Guardiola como técnico, o Barça foi campeão no Estádio de Wembley, em Londres, fazendo 3 a 1 no Manchester United. O jogo é considerado uma das melhores da fase de ouro da equipe catalã sob o comando de Guardiola.
2010: Internazionale
O argentino Milito foi o destaque na vitória da equipe italiana sobre o Bayern, no Estádio Santiago Bernabéu, em Madri – fez os dois gols na vitória por 2 a 0 e deu à Inter de Milão um título que não conquistava desde a década de 1960. Mourinho era o técnico.
2009: Barcelona
Eto’o e Messi marcaram os gols da vitória catalã no Estádio Olímpico de Roma, contra o Manchester United de sir Alex Ferguson e da dupla de ataque formada por Rooney e Cristiano Ronaldo. Foi o terceiro título do torneio continental para o Barça.
2008: Manchester United
Na final entre os ingleses, a equipe de Alex Ferguson levou a melhor sobre o Chelsea, no Estádio Luzhniki, em Moscou. No tempo normal, Cristiano Ronaldo abriu o placar e Lampard empatou. Na cobrança de pênaltis, Anelka perdeu e o United comemorou.
https://youtube.com/watch?v=e5iNzdPlAj4
2007: Milan
Com grandes atuações de Kaká e Inzaghi, a equipe italiana se vingou da derrota para o Liverpool na final de 2005. A decisão disputada no Estádio Olímpico de Atenas foi totalmente dominada pelo Milan, que conquistou seu sétimo título da Liga dos Campeões.
2006: Barcelona
Com Ronaldinho Gaúcho em grande fase, o Barça era favorito contra o Arsenal no Stade de France, em Paris. Os ingleses saíram na frente com Campbell, mas os catalães viraram com gols de Eto’o e do brasileiro Belletti. Foi o bicampeonato do Barcelona.
2005: Liverpool
Uma das maiores surpresas da história do torneio – não pela vitória da equipe inglesa, clube tradicional na competição, mas sim pela recuperação histórica. O Milan vencia por 3 a 0 no intervalo em Istambul. O Liverpool buscou o empate e venceu nos pênaltis.
2004: Porto
Carlos Alberto e Deco estavam entre os destaques da jovem equipe do Porto treinada por um então desconhecido, José Mourinho. Do outro lado estava outra zebra, o Monaco. A final, disputada em Gelsenkirchen, terminou com vitória dos portugueses, 3 a 0.
https://youtube.com/watch?v=9y7zKOKJGzk
2003: Milan
A final entre dois italianos no estádio Old Trafford, em Manchester, foi marcada pelo enorme equilíbrio. Milan e Juventus ficaram no 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. Na disputa por pênaltis, Dida defendeu três cobranças e Shevchenko selou a vitória do Milan.
https://youtube.com/watch?v=OLh6lGlXC3A%3Frel%3D0
2000: Real Madrid x Valencia
https://youtube.com/watch?v=jjYPOj2hros%3Frel%3D0
2003: Milan x Juventus
https://youtube.com/watch?v=jGJ62A2_CTQ%3Frel%3D0
2008: Manchester United x Chelsea