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Assis tem postura abusiva sobre Ronaldinho, diz ex-presidente do Grêmio

Quem conhece a família do craque de perto afirma que é o irmão mais velho quem toma as decisões comerciais referentes ao ex-jogador

Ronaldinho Gaúcho tornou os Assis Moreira mundialmente conhecidos. Mas foi seu irmão mais velho, Roberto, quem tirou a família do humilde bairro de Vila Nova, na periferia de Porto Alegre. Quando assinou seu primeiro contrato como jogador profissional do Grêmio, o meia Roberto Assis ganhou uma casa nova como “luvas”, o bônus oferecido aos jogadores de futebol para fechar negócio, idêntica ao que o clube havia dado ao ídolo Renato Portaluppi. Foi morar lá com os pais, seu João e dona Miguelina, além dos irmãos mais novos: Daisy e um tal de Ronaldo. “O seu João era uma pessoa muito simples, trabalhava como flanelinha dos carros da diretoria em dias de jogos do Grêmio no Estádio Olímpico. Ele costumava dizer que o verdadeiro craque estava em casa”, relembra o ex-presidente gremista Paulo Odone.

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Uma tragédia familiar fez o mais velho dos irmãos assumir o papel de patriarca da família. Seu João morreu afogado na piscina de casa, justamente a casa que havia ganhado do Grêmio pela assinatura de seu contrato. Sobre a relação do ex-jogador com Roberto, o próprio Ronaldinho já disse em uma carta divulgada há três anos como Assis ocupou a lacuna deixada por seu pai. “Mesmo que ele seja dez anos mais velho que você, ainda que ele já esteja jogando pelo Grêmio como profissional, Roberto estará sempre ao seu lado. Ele não será apenas seu irmão, ele será como um pai para você. E mais do que isso: ele será seu herói.”

“Esse rapaz (o Assis), assumiu uma postura abusiva em relação ao irmão. Ele toma todas as decisões por ele, ele é o tutor. É uma postura parecida com a de Neymar com seu pai: enquanto um joga bola, o outro cuida de todos os outros assuntos. Ronaldinho só quer saber de jogar bola, fazer música e pagode”, diz Odone, ex-presidente gremista. Diversas fontes ouvidas por VEJA confirmaram a postura gananciosa de Assis, que sempre busca levar vantagem em todas as negociações das quais participa. “Ele tinha uma relação estranha em relação ao Ronaldo. Ele acreditava que seu irmão nunca havia recebido o mesmo reconhecimento que o ‘Fenômeno’. Ele costumava dizer que ‘de onde o ‘Gordo’ saia, eles entravam”, disse uma pessoa que esteve presente nas negociações do retorno de Ronaldinho ao futebol brasileiro em 2011.

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PARCEIROS – A dupla em uma foto de 1988: relação de pai e filho Lemyr Martins/.

Depois que deixou o Barcelona, em 2008, a carreira de Ronaldinho entrou em franca decadência. Depois de uma passagem abaixo da média pelo Milan (e de ter ficado de fora da Copa do Mundo de 2010) ele se colocou a disposição do mercado. Negociando em nome do craque, Assis fez leilão entre três equipes: Grêmio, Palmeiras e Flamengo. Depois da desistência de gremistas e palmeirenses, irritados com a postura do irmão e empresário do jogador, o craque acabou no rubro-negro, onde ficou menos de 2 anos e não levantou uma taça de grande expressão. Houve, na sequência, um lampejo de futebol, quando Ronaldinho levou o Atlético Mineiro ao título inédito da Libertadores de 2013. Depois do Galo, o ex-camisa 10 da seleção passou pelo Querétaro do México e rapidamente pelo Fluminense. Pendurou as chuteiras sem dizer nada, sem uma despedida pomposa e digna de sua trajetória no futebol.

Em 2005, quando estava no auge da carreira e do sucesso, Ronaldinho arrecadava mais de 20 milhões de euros anuais, entre salários e contratos de patrocínio, sendo o jogador de futebol mais bem pago do mundo. Desde aquela época, seus arranjos publicitários representavam a maior parte de seus ganhos. Propostas de negócios nunca faltaram a Ronaldinho, nem a nenhum grande craque do futebol. A dificuldade é justamente afastar os aproveitadores e as “barcas furadas”. Esse trabalho, que deveria ser de Assis, parece não ser tão bem feito.

Assis acumula uma série de fracassos empresariais – já fundou inclusive um time de futebol (o Porto Alegre), que já fechou as portas -, quando não processos na Justiça. Ele já foi condenado (e inocentado em Segunda instância) em um caso de sonegação fiscal envolvendo o Instituto que leva o nome do irmão mais famoso. Recentemente, Roberto foi investigado pelo Ministério Público gaúcho por suposto envolvimento com um cassino ilegal que operou em Porto Alegre e outras cidades do estado. Chamado Winfil, ele operou entre 2017 e 2018 em um imóvel de propriedade de Assis e que é sede inclusive de uma de suas empresas, a Planet.

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E não é só no Paraguai onde Ronaldinho e o irmão podem enfrentar problemas com a Justiça. Pela associação com uma empresa acusada de promover um esquema de pirâmide financeira, a 18KRonaldinho, o jogador é investigado nas esferas cível e criminal por participação no esquema. Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, o jogador alega que não tinha conhecimento da promessa ilusória de seu parceiro comercial e de que apenas cedeu sua imagem à empresa para a confecção de peças publicitárias. E que a apresentação e maior parte dos contatos com os fundadores da 18KRonaldinho eram feitos, claro, com Assis.

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