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Argentina 0x5 Colômbia: Rincón relembra goleada histórica

Vitória em Buenos Aires, com show de Rincón, Valderrama e Asprilla, mudou a história do futebol colombiano, há 25 anos

Há exatos 25 anos, em 5 de setembro de 1993, o Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, foi palco do maior pesadelo da história do futebol argentino. E, consequentemente, da vitória mais surpreendente e celebrada da seleção colombiana. A equipe da casa, com o ídolo Diego Armando Maradona – já combalido por escândalos de doping -, entre os mais de 60.000 torcedores na arquibancada, precisava vencer para se classificar para a Copa do Mundo de 1994 de forma direta. Mas não só falhou como deixou o campo do River Plate envergonhada, goleada de forma irretocável por 5 a 0. E com risco de não participar do Mundial dos Estados Unidos. Freddy Rincón, então jogador do Palmeiras, foi um dos destaques daquela partida e nesta quarta-feira relembrou detalhes do massacre colombiano.

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“A melhor sensação foi quando o jogo terminou e a torcida argentina começou a nos aplaudir. Sabemos como são os argentinos e escutá-los nos reverenciando foi maravilhoso”, contou o ex-jogador de 52 anos, que após décadas em São Paulo, voltou a viver em seu país. O clima em Buenos Aires era de tensão absoluta. Campeão da América em 1991 e 1993, e com jovens talentosos como Diego Simeone, Fernando Redondo e Gabriel Batistuta, a seleção argentina enfrentava um momento conturbado e já esperava um jogo difícil diante da rápida e ousada seleção colombiana, uma das sensações do Mundial de 1990.

Como de costume, a Argentina tentou intimidar o adversário na base das provocações. O que, segundo Rincón, só inflamou os visitantes. “As discussões com argentinos sempre aconteceram, palavras ofensivas, mas isso acabou nos motivando mais a fazer gol. Em nenhum momento abaixamos a moral, queríamos jogar ainda mais.”

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A Argentina desperdiçou boas chances no início, para desespero dos torcedores, e foi o próprio Rincón quem iniciou a goleada, ao receber pelo passe do maestro cabeludo Carlos Valderrama, invadir a área, driblar o goleiro Goycochea e tocar para as redes. Ele ainda marcaria o terceiro gol da partida. (confira os gols abaixo, com narração colombiana). Naquela época, Rincón, que se consagrou no Corinthians como volante, atuava como um atacante no time dirigido por Francisco Maturana.

Faustino Asprilla, que anos depois passaria por Palmeiras e Fluminense, também colocou seu nome na história com dois gols de extrema categoria. Nesse momento, o temor tomou conta do estádio: caso o Paraguai vencesse o Peru naquela noite, a Argentina ficaria fora de uma Copa pela primeira vez desde 1970. Um vexame inigualável. Já no fim, Valencia invadiu a área argentina com extrema facilidade e completou a goleada sobre os bicampeões mundiais. A torcida se dividiu entre vaias ao time argentino e aplausos àquela fascinante equipe colombiana, que naquela noite se credenciou como uma das melhores do mundo.

A partida por pouco não se transformou em uma tragédia argentina no mais estrito sentido da palavra. Em uma cena surreal, um piloto da Aerolíneas Argentinas quis “presentear” seus passageiros com a experiência cultural inovadora de sobrevoar um campo de futebol lotado. A avião, no entanto, passou muito baixo, como comprovam fotos assustadoras, e por pouco não se chocou contra a arquibancada. “O avião passou perto, mas a gente pensou que era mais uma coisa de espetáculo, essas coisas que às vezes acontecem no futebol, então nem chegamos a ter medo”, afirma Rincón.

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A melhor frase sobre o incidente, no entanto, veio do meia argentino Ramón Medina Bello, em entrevista ao jornal Clarín. “Se eu vi o avião passar? Não vi nem os colombianos em toda aquela noite, imagine um avião”. O piloto acabou suspenso pela companhia aérea. Já a seleção argentina só se classificaria para a Copa após dramática vitória sobre a Austrália na repescagem, com Maradona de volta ao time, bem fora de forma, graças ao clamor popular. Confira abaixo, o drama vivido pela equipe há 25 anos, na voz de um locutor local. 

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“Esse jogo influenciou nossas carreiras, crescemos no futebol e também apareceram novos contratos”, admitiu Rincón, que depois do Palmeiras passaria por Napoli e Real Madrid antes de retornar ao Brasil. O goleiro Óscar Córdoba encantou tanto os argentinos que anos depois se transformaria em um ídolo do Boca Juniors. Asprilla fez sucesso na Inglaterra e na Itália e Valderrama se tornou uma das estrelas da estreante MLS, a principal liga dos Estados Unidos, entre outros casos.

A euforia foi tanta que nomes como Pelé e Johan Cruyff passaram a apontar a Colômbia como principal favorita ao título da Copa nos Estados Unidos. Asprilla entusiasmou-se a ponto de dizer que seria o artilheiro daquele Mundial. O sonho da seleção cafetera, no entanto, terminou em tragédia. O time foi eliminado na primeira fase, com direito a um gol contra de Andrés Éscobar – que, dias depois, seria assassinado em uma casa noturna de Medellín, em crime supostamente ligado à eliminação do time.

Argentina 0 x 5 Colômbia – Escalações:

Argentina: Goycochea; Saldaña, Borelli, Ruggeri, Altamirano; Zapata, Redondo (ST 24’ Acosta), Simeone, Leonardo Rodríguez (ST 9’ Claudio García); Medina Bello y Batistuta. DT: Alfio Basile.

Colombia: Oscar Córdoba; Herrera, Perea, Alexis Mendoza, Wilson Pérez; Leonel Álvarez, Gabriel Gómez, Valderrama, Rincón; Asprilla y Valencia. DT: Francisco Maturana.

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