Em guerra com grandes, Uefa oficializa novo formato da Champions
Alterações passarão a ter efeito a partir da temporada 2024/2025; com as novas regras, Liga dos Campeões tem projeção para saltar de 125 para 225 jogos
Em meio a uma guerra nos bastidores do futebol em razão do lançamento da Superliga Europeia, o comitê executivo da Uefa aprovou na tarde desta segunda-feira, 19, mudanças nos formatos de sua competições de clubes a partir da temporada 2024/2025. As alterações ratificadas tem destaque, principalmente, para a Liga dos Campeões da Europa. A competição ficou em evidência nas últimas horas após o anúncio da criação de uma Superliga, modelo próprio de competição lançado por doze importantes clubes do continente que pretende fazer oposição ao tradicional torneio.
A Champions terá um aumento no número de participantes. De 32 equipes que compõem o atual formato, divididas por oito grupos com quatro cada, a competição saltará para 36. Com as novas regras, também passará a ter 225 jogos a cada temporada, quase dobrando o atual formato, que contabiliza 125.
☑️ The #UEFAExCo has approved a new format for club competitions as of the 2024/25 season.
⚽ The reforms come after an extensive consultation across the football family. The changes made are designed to secure the positive future of European football at every level.#UCL #UEL
— UEFA (@UEFA) April 19, 2021
A fase inicial de grupos será extinta, sendo substituída pelo formato de liga única. Sendo assim, cada equipe realizará dez jogos, cinco deles como mandante e outros cinco fora de casa. Os oito melhores classificados desta fase se garantirão na fase eliminatória, de oitavas de final.
As equipes que ficarem abaixo, entre o nono e 24º lugar, disputarão um playoff para assegurar mais oito vagas e formar a fase de mata-mata da competição. “Esse formato evoluído vai manter vivo o sonho de qualquer time da Europa de participar da Liga dos Campeões graças aos resultados obtidos dentro de campo, e também vai permitir viabilidade a longo prazo, prosperidade e crescimento para todos do futebol europeu”, disse o presidente Aleksander Čeferin.
Formato semelhante também será adotado na Liga Europa, com um mínimo de oito partidas para cada equipe. Modelo esse que será seguido pela Europa Conference League, terceira competição de clubes da entidade, que terá a sua edição na próxima temporada, destinado a equipes eliminadas da Liga Europa e em colocações mais baixas das ligas locais.
Guerra com a Superliga
O principal assunto durante o lançamento da Uefa foi a criação da Superliga e as ameaças de exclusão aos clubes que a ela aderirem. Joseph Moller, membro do comitê executivo da Uefa, afirmou à Reuters que Manchester City, Real Madrid e Chelsea devem ser excluídos já da atual Liga dos Campeões, que está em sua fase semifinal (dentre os classificados, apenas o Paris Saint-Germain não integra oficialmente a Superliga). “Esses clubes precisam sair, e eu espero que isso aconteça na sexta-feira. Depois, vamos ver como encerrar essa edição da Liga dos Campeões”, afirmou.
A criação da Superliga é uma iniciativa de 12 clubes, por enquanto: seis deles da Inglaterra – Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham –, três da Espanha – Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid –, além de três da Itália – Inter de Milão, Juventus e Milan.
Outros três participantes fixos eram aguardados para a temporada inaugural: Bayern de Munique, Borussia Dortmund e PSG. Os clubes alemães já se manifestaram contrários ao formato e explicaram que não irão compor o grupo. O último a se pronunciar a respeito do assunto foi o Bayern.
“O Bayern não participou do planejamento de uma Superliga. Estamos convencidos de que o atual formato do futebol garante uma base séria. O Bayer saúda as reformas da Liga dos Campões porque acreditamos que são o passo certo para o desenvolvimento do futebol europeu. A rodada preliminar modificada contribuirá para mais tensões e emoções na competição”, disse o CEO do clube, Karl-Jeinz Rummenigge.
“Não acredito que a Superliga resolverá os problemas financeiros dos clubes europeus que foram causados pela Covid-19. Devemos trabalhar em solidariedade para garantir que a estrutura de custos, em particular os salários dos jogadores e honorários dos dirigentes, sejam ajustados as receitas a fim de tornar o futebol europeu mais racional”, completou.
A Superliga é alvo de inúmeras críticas, sobretudo, no que diz respeito ao mérito esportivo, pois não contaria com rebaixamento ou qualificação. Os 15 clubes fundadores teriam sempre vaga garantida no torneio, independentemente do que realizarem em cada uma das ligas locais. O novo torneio ainda teria espaço para mais cinco vagas destinadas a clubes convidados. O torneio seria disputado em dois grupos de dez equipes. Os três primeiros colocados e mais dois times que disputariam um playoff entre os 4ºs e 5ºs colocados, disputariam o mata-mata, a partir das quartas de final, em jogo único.
O grupo é presidido por Florentino Pérez, presidente reeleito do Real Madrid, que acredita que o formato é a solução para sanar prejuízos financeiros dos clubes no período de pandemia. O anuncio já provocou uma série de repercussões negativas e desabafos de jogadores, dirigentes, federações e até mesmo da Uefa, que ameaça punições e briga judicial no caso.