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Após seguidos prejuízos, consórcio poderá devolver Maracanã ao Governo do Rio

Com capacidade para 78 mil pessoas, o estádio nunca lotou desde que foi reformado pela última vez

Prevista para durar 35 anos, a concessão do estádio do Maracanã para a iniciativa privada pode acabar com menos de 10% do prazo transcorrido. Apresentando sucessivos déficits operacionais, a concessionária que administra o estádio desde 2013 cogita devolver o Maracanã para o governo do Estado do Rio nos próximos meses. E ela estaria disposta até mesmo a pagar a multa prevista em contrato. O problema é que a administração do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que enfrenta uma grave crise financeira em função da queda dos royalties de petróleo e de ICMS, não tem o menor interesse em retomar o controle do estádio.

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No balanço financeiro de 2013, a Concessionária Maracanã – formada pela empreiteira Odebrecht, que detém 95% dos ativos, e pela norte-americana AEG – apresentou prejuízo de R$ 48 milhões, enquanto que no exercício do ano passado a conta ficou negativa em R$ 77,2 milhões. Este ano, deve fechar no vermelho mais uma vez.

Além do Maracanã, que fica na zona norte carioca, em trecho próximo ao centro, a Odebrecht é controladora da Arena Pernambuco e de metade da Arena Fonte Nova, em Salvador. Mas é justamente no mais icônico dos estádios brasileiros que a construtora encontra as maiores dificuldades financeiras, já que, diferentemente dos estádios no Nordeste, o modelo de negócio assinado no Rio estabelece que cabe apenas à concessionária arcar com eventuais prejuízos. É por causa disso que o fim do acordo parece inevitável.

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Oficialmente, tanto a Concessionária Maracanã quanto a Casa Civil do governo fluminense asseguram que as duas partes ainda negociam. Ambas, inclusive, usaram a mesma expressão – busca por um “reequilíbrio do contrato de concessão” – para destacar que o rompimento do acordo ainda não é definitivo.

O governo do Rio concorda que os termos da concessão precisam ser revistos. No edital de licitação estava estabelecido que a empresa que assumiria a gestão do estádio teria direito a construir estacionamentos e lojas nos locais onde ficam o Museu do Índio, o Parque Aquático Júlio Delamare, o estádio de atletismo Célio de Barros e a escola municipal Arthur Friedenreich, todos localizados no entorno do Maracanã. Mas, posteriormente, a demolição de todos essas edificações foi impedida em 2013 por decisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), devido à repercussão negativa.

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Os prejuízos financeiros têm relação direta com a mudança no escopo do contrato. “O Maracanã vem realizando esforços contínuos para reduzir os custos fixos, minimizar os prejuízos operacionais e se adequar aos impactos da alteração unilateral do contrato de concessão e aos períodos de interrupção da operação como na Copa do Mundo e Olimpíada”, informou a concessionária, em nota.

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Demissões – Dentre o que chamou de “esforços contínuos para reduzir os custos fixos” está a demissão de funcionários. Em outubro, 32 dos 80 empregados (40%) foram dispensados. Novos cortes estão previstos. “O Maracanã possui um planejamento para desmobilização gradativa do seu quadro de integrantes, a fim de se adaptar ao período de uso exclusivo dos Jogos Olímpicos, quando cederá suas instalações ao Comitê Rio-2016 por até nove meses”, comunicou o consórcio.

Com capacidade para 78 mil pessoas, o Maracanã nunca lotou desde que foi reformado pela última vez. Segundo o site da própria concessionária, o recorde de público desde que ela passou a operar o estádio, em 2013, foi de 68.857 pessoas – o público de 74.738 torcedores que esteve na final da Copa do Mundo do ano passado (Argentina x Alemanha) não é contabilizado porque a arena estava cedida à Fifa.

Manutenção – O custo anual apenas para manutenção do estádio supera os R$ 10 milhões, mas a despesa chega a ser multiplicada por oito quando se incluem os gastos com serviços de segurança, equipamentos, água, luz e outros serviços.

É por isso que o governo do Rio de Janeiro não cogita receber de volta a administração do Maracanã. O Estado passa por grave crise financeira e tem atrasado repasses em áreas essenciais, como educação e saúde, e o pagamento de funcionários e fornecedores.

“A Concessionária e o Governo do Estado do Rio de Janeiro ainda estão em negociação sobre o reequilíbrio do contrato de concessão, com vistas à assinatura de aditivo que redefina o escopo e o cronograma das obras incidentais”, informou o Maracanã.

Se esse reequilíbrio não for encontrado, um dos mais emblemáticos estádios de futebol do mundo acabará se tornando também um dos mais emblemáticos “elefantes brancos” do planeta.

(Com Estadão Conteúdo)

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