Após caso Neymar, Nike se diz ‘profundamente preocupada’ com Caboclo
Em uma semana, patrocinadora da CBF teve de lidar com duas denúncias de assédio sexual na seleção brasileira
A crise instalada na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que culminou no afastamento de 30 dias do presidente Rogério Caboclo, acusado de assédio moral e sexual por uma funcionária da entidade, preocupa os patrocinadores da seleção brasileira. No caso da fornecedora de material esportivo Nike, a mais longeva das parceiras, o caso ganhou especial atenção, pois, na semana passada, a própria marca americana se viu envolvida em um escândalo semelhante envolvendo o principal jogador da equipe, Neymar.
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“A Nike está profundamente preocupada com as graves acusações feitas ao presidente da CBF. Seguimos acompanhando de perto a apuração do caso e qualquer investigação futura. Esperamos que todas as descobertas sejam acionadas rapidamente”, afirmou a empresa, em nota, ao ser consultada por PLACAR nesta segunda-feira, 7.
Patrocinadora da CBF desde 1997 e responsável por boa parte da receita de 365 milhões de reais anuais de patrocínio da entidade, a Nike se posicionou na semana passada sobre outra grave denúncia, feita por uma funcionária sua, contra Neymar. Em 28 de maio, o diário americano Wall Street Journal, noticiou que o surpreendente rompimento do astro do PSG com a Nike, em 2020, se deu devido a não cooperação do jogador em uma investigação interna, aberta a pedido da funcionária, que diz ter sido abusada por ele em 2 de junho de 2016, em um hotel de Nova York.
Na ocasião, a Nike emitiu um comunicado reforçando a sua posição, mas ressaltou que a investigação foi inconclusiva e que o tema estava encerrado, afinal Neymar não é mais garoto-propaganda da empresa – acertou com a Puma, semanas depois do rompimento.
“Em 2019, quando a funcionária posteriormente manifestou interesse em prosseguir com o assunto, agimos imediatamente. A Nike solicitou uma investigação independente e contratou um advogado independente para a funcionária, de sua escolha e às custas da empresa. A investigação foi inconclusiva. Não emergiram fatos suficientes que nos permitam falar substancialmente sobre o assunto. Seria inapropriado para a Nike fazer uma declaração acusatória sem poder oferecer fatos que a suportem. A Nike encerrou sua relação com o atleta porque ele se recusou a cooperar em uma investigação de boa-fé de alegações críveis de uma funcionária. Continuamos respeitando a confidencialidade da funcionária e reconhecemos que essa tem sido uma longa e difícil experiência para ela.”, diz um dos trechos do comunicado da Nike.
Neymar e seu estafe, porém, negaram a acusação e a suposta falta de cooperação e disseram que a quebra do contrato se deu por motivos comerciais, que incluíam desentendimentos sobre a qualidade das chuteiras, que poderiam estar causando suas recorrentes lesões. Nas redes sociais, Neymar partiu para o ataque.
“Por ironia do destino, continuarei a estampar no meu peito uma marca que me traiu”, dissse ciente do fato de que seguirá vestindo Nike no PSG e na seleção. Em seguida, foi além: cutucou o antigo patrocinador ao cobrir o logo em uma foto, na camisa e no calção, com emojis.
Com o passar dos dias, no entanto, Neymar e sua equipe decidiram baixar o tom. “Não há provas, processo, nada. O assunto está encerrado”, disse o empresário Wagner Ribeiro, amigo da família, a VEJA. A estratégia, tanto do jogador quanto da Nike, é deixar que a história caia no esquecimento. A marca, porém, agora tem de lidar com nova denúncia envolvendo um de seus principais produtos, a seleção pentacampeã mundial.