Fernando Diniz evita falar de Ancelotti e nega conflito de interesse com Fluminense
Treinador interino da seleção brasileira se disse honrado com o convite em sua primeira entrevista na sede da CBF; confira as principais aspas
Fernando Diniz foi apresentado nesta quarta-feira, 5, como novo técnico da seleção brasileira, na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro. O treinador de 49 anos seguirá no comando do Fluminense e dirigirá a equipe nacional de forma interina até junho de 2024, quando a entidade espera apresentar Carlo Ancelotti, do Real Madrid, como treinador efetivo. Em sua primeira entrevista coletiva, Diniz evitou falar no italiano e negou qualquer conflito de interesses em conciliar os cargos.
“Em princípio, meu contrato é de um ano, vou procurar fazer o melhor possível. Não decidimos ainda se engloba Copa América. Sobre Ancelotti, sei o planejamento da CBF, e não estou aqui para falar depois de mim o que vai acontecer com Carlo Ancelotti, se é que esse é o nome que vai vir. Vocês vão ter que apurar de outra forma. Meu compromisso é preparar bem os jogadores e conseguir ter um bom rendimento”, disse Diniz.
“Não conheço o Ancelotti e uma condição muito clara de eu realizar meu trabalho e ter autonomia e liberdade total para fazer o que tenho que fazer, e uma delas é a convocação, e sei que não vai haver nenhuma, presidente foi muito claro com isso”, prosseguiu Diniz, que tampouco quis entrar no debate sobre as diferenças e semelhanças em seu estilo de jogo e o do italiano.
“Ancelotti é uma questão do presidente, vou falar sobre meu estilo que todos vocês conhecem. Vou reproduzir o que me trouxe aqui, o que muda é a fartura de jogadores renomados, a melhor matéria prima do mundo para poder tentar executar as ideias que eu tenho. Sinto muita alegria com tudo que esta acontecendo e com a possibilidade de contribuir para o futebol brasileiro. Futebol é minha vida, é a vida em movimento, e vou fazer o melhor para poder trazer muitas alegrias para os torcedores brasileiros e para o mundo do futebol como um todo.”
Sobre possíveis conflitos de interesse em eventualmente convocar atletas de seu clube, o Fluminense, ou dos rivais, em momentos decisivos, o treinador se disse tranquilo. “A ética tem a ver com quem tomas as decisões. Se as pessoas presumem que vai ter um conflito de interesse e eu vou tomar partido, estão me prejulgando. (…) Eu jamais vou fazer uma coisa que eu faria se não estivesse no Fluminense. Meu senso de justiça é o que vai pautar as minhas decisões”, disse.
“É uma questão pratica, mas recheada de subjetividade. Meu critério subjetivo vai se basear na minha ética. Quando eu estiver trabalhando, vou procurar o que é melhor para CBF, olhar o cenário como um todo, e tomar a melhor decisão possível. Mesmo com treinadores que não conciliaram cargos sempre houve questionamento, eles podem haver, mas nãos serão baseados na falta de ética, que é algo que eu preservo muito.”
O treinador ainda rasgou elogios a Neymar e chegou a dizer que a parceria entre o astro do PSG e o meia Paulo Henrique Ganso, do Fluminense, de quem é fã confesso, pode acontecer. “Quando penso em Neymar penso em quase que uma aberração, é um supertalento que demora muito para nascer outro. O Brasil tem a sorte de aparecer jogadores assim de tempos em tempos e tem que procurar aproveitar ao máximo um talento como este, é um fora de série em todos os sentidos quando se trata de jogar futebol”, disse. “Vou convocar os melhores que eu achar, se Ganso e Neymar estiverem entre os melhores eles vão ser convocados, nada é impossível.”
Confira, abaixo, como foi a entrevista:
16h10 – FIM DA ENTREVISTA
16h07 – Sintonia com a torcida
“Temos pouco tempo, mas estaremos construindo essas relações. Vamos atender o jogador o máximo que pudermos e oferecer no plano táctico físico e técnico as condições para o jogador se sentir bem, vou cuidar dos atletas e criar a sintonia com o torcedor que é o objetivo fim do futebol, ter a torcida muito contente e as pessoas que gostam do futebol também.”
16h05 – Reencontro de Neymar e Ganso?
“É uma pergunta muito precoce. Vou convocar os melhores que eu achar, se Ganso e Neymar estiverem entre os melhores eles vão ser convocados, nada é impossível.”
16h – Quem cuida do Fluminense na ausência de Diniz?
A gente tem conversado bastante sobe isso, uma das possibilidades é o Eduardo [Barros, auxiliar], que tem sido meu rosto quando eu não participo dos jogos, mas não é exatamente assim e só desse jeito. Vamos procurar deixar o Fluminense muito bem preparado para quando eu voltar.
15h58 – Heróis e vilões
Uma das coisas que a gente sempre tem que discutir no Brasil é essa coisa em relação ao resultado, a gente determina o valor das pessoas com uma bola que entra e outra que não entra,. Fomos eliminados da Croácia sendo muito superiores, ao perde nos penaltis. A vida é muito mais que uma bola que não entra ou não. Acredito nos processos, não está tudo ruim quando perde um jogo, um gol, quando um goleiro falha, pelo contrário, essas pessoas tem mais chances de ganhar. Vejo um desejo infantilizado de achar herói e vila o tempo todo, temos que gostar das pessoas que trabalham para atingir um fim (…) O campeão sempre vai ter um grande mérito, mas temos de valorizar quem faz as coisas com ética e coragem, que são pressupostos que te aproximam de ganhar, não é certeza, mas vai aumentar suas chances.
15h56 – Divisão de atenção
“Vou me dedicar 100% aonde eu estiver, saindo daqui da entrevista vou para minha casa começar a estudar o Inter e o próprio Fluminense. Na seleção, nas datas-Fifa, vou me dedicar e me centrar totalmente nisso. Obviamente, não dá para fazer um corte, sou ser humano, em alguns momentos posso pensar em um ajuste ou outro, mas minha dedicação será máxima onde eu estiver.”
15h50 – Ideias táticas x pouco tempo
Interfere ter menos tempo, mas as coisas básicas a gente consegue passar com pouco tempo, ter um alicerce para ir aos poucos difundindo a ideia. Não faremos mudanças táticas extremamente radicais, mas alguma coisa a gente sempre consegue melhorar. Meu trabalho não se resume ao olhar mais comum da saída do goleiro e o toque de bola, o futebol vai muito além disso. Vou partir do pressuposto de aproveitar o pouco tempo que eu tiver.
15h50 – Divisão com o Fluminense
“A chance de eu ser exclusivo da CBF jamais foi mencionada, e nesse momento que estou do Fluminense nas competições eu jamais aceitaria, embora fosse um sonho, eu teria que adiar. Sou muito grato à torcida do Fluminense, com quem tenho uma conexão especial desde 2019, e tenho certeza que a maioria vai saber entender.”
15h45 – ‘Neymar é quase uma aberração’
“Eu não costumo fazer muita projeção pro futuro. Em principio quero cumprir meu prazo de 12 meses e viver um dia de cada vez. Sobre Neymar, quando penso nele penso em quase que uma aberração, é um supertalento que demora muito para nascer outro. O Brasil tem a sorte de aparecer jogadores assim de tempos em tempos e tem que procurar aproveitar ao máximo um talento como este, é um fora de série em todos os sentidos quando se trata de jogar futebol.”
15h43 – Autonomia e liberdade
Não conheço o Ancelotti e uma condição muito clara de eu realizar meu trabalho e ter autonomia e liberdade total para fazer o que tenho que fazer, e uma delas é a convocação, e sei que não vai haver nenhuma, presidente foi muito claro com isso. Conversar eu converso muito, jamais faria o que faço sozinho. Teremos um grupo da CBF, mais outros que vem comigo, mas esse é um assunto muito fresco, não podemos fazer as coisas apressadas e cometer equívocos.
15m40 – Estilo Diniz x Ancelotti
“Ancelotti é uma questão do presidente, vou falar sobre meu estilo que todos vocês conhecem. Vou reproduzir o que me trouxe aqui, o que muda é a fartura de jogadores renomados, a melhor matéria prima do mundo para poder tentar executar as ideias que eu tenho. Isso que eu posso te falar, não quero entrar no mérito do Ancelotti, que não é meu foco. Sinto muita alegria com tudo que esta acontecendo e com a possibilidade de contribuir para o futebol brasileiro. Futebol é minha vida, é a vida em movimento, e vou fazer o melhor para poder trazer muitas alegrias para os torcedores brasileiros e para o mundo do futebol como um todo.”
15h35 – Conflito de interesses?
A ética tem a ver com quem tomas as decisões. Se as pessoas presumem que vai ter um conflito de interesse e eu vou tomar partido, estão me prejulgando que eu não tenho ética. Minha carreira é mais recheada de criticas do que de elogios. Construí minha carreira baseada no que sofri como jogador. E uma das coisas que mais me atordoava era a distorção com a falta de ética no futebol, as pessoas confundirem quem jogava bem com quem era boa pessoa, muitas vezes não era assim. As pessoas seguem sendo julgadas pelo bola que entra e a que sai (…) Eu jamais vou fazer uma coisa que eu faria se não estivesse no Fluminense. Meu sendo de justiça é o que vai pautar as minhas decisões.
É uma questão pratica, mas recheada de subjetividade. Meu critério subjetivo vai se basear na minha ética. O fato concreto tem que acontecer. Quando eu estiver trabalhando, vou procurar o que é melhor para CBF, olhar o cenário como um todo, e tomar a melhor decisão possível. Mesmo treinadores que não conciliaram cargos sempre houve questionamento, eles podem haver, mas nãos serão baseados na falta de ética, que é algo que eu preservo muito.
15h33 – Como recebeu o convite
“Foram dias de alegria e ansiedade, concomitantemente. O presidente procurou o Mário (Bittencourt) primeiro, um gesto respeitoso diante do Fluminense, ele me falou deste desejo, fiquei honrado e alegre. Eu precisava saber a quem vou me reportar, quem vai ser meu chefe, para eu me apresentar e saber se realmente eu sou o nome que ele quer para dirigir a seleção. Sem essa química, para mim não funciona. Já tinha essa imagem de entrevistas do presidente e sempre me pareceu uma pessoa honesta e ética, e ao conhecê-lo este sentimento de confirmou. Sobre janelas curtas, acho que existe uma distorção do meu trabalho. Prezo muito pelas relações, na seleção seguirei essa dinâmica. O que faço é proporcionar condições para os jogadoires colocarem todo o seu potencial para fora. A ideia principal é criar conexões para as coisas fluírem.”
15h29 – Contrato de um ano
“Em princípio, meu contrato é de um ano, vou procurar fazer o melhor possível. Não decidimos ainda se engloba Copa América. Sobre Ancelotti, sei o planejamento da CBF, e não estou aqui para falar depois de mim o que vai acontecer com Carlo Ancelotti, se é que esse é o nome que vai vir. Vocês vão ter que apurar de outra forma. Meu compromisso é preparar bem os jogadores e conseguir ter um bom rendimento.”
15m27 – Primeiras palavras de Diniz
“Boa tarde, é uma mistura de alegria e honra de ter sido convocado para esta missão de treinar a seleção. É um sonho que se realiza e pretendo, como fiz em todos os lugares, dedicar a minha vida ao bem do futebol. É motivo de muita alegria de fato”
15h20 – De presidente a presidente
Presidente Ednaldo Rodrigues, da CBF, inicia a entrevista agradecendo o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, pela “compreensão e parceria” por ter aceitado ceder seu treinador de forma interina à seleção. “Expliquei a ele o nosso projeto e as circunstâncias em que ele se deu, e encontrei nele toda a boa vontade”. Ednaldo diz ter ouvido uma série de dirigentes, técnicos e atletas da seleção para chegar à contratação de Diniz. “Na CBF, os tempos em que caráter e ética não eram prioridade acabaram.”
15h18 – Vai começar!
Com quase 20 minutos de atraso, terá início a entrevista de Fernando Diniz.