Ao fazer ‘piada’ com queda de avião, Felipão atinge seu próprio elenco
A brincadeira infeliz do treinador toca em ferida recente do grupo alviverde e especialmente do meia Hyoran, que escapou do voo fatal da Chapecoense em 2016
O técnico Luiz Felipe Scolari deu uma autêntica “canelada” depois da vitória por 4 a 0 sobre o Godoy Cruz, que classificou o Palmeiras às quartas de final da Copa Libertadores. Questionado sobre as mudanças nos inscritos que fará depois da chegada de reforços, Felipão fez uma estranha piada sobre queda de avião. Ninguém entendeu na hora, mas a conclusão foi unânime: foi uma brincadeira de péssimo gosto do treinador gaúcho. Sobretudo para um de seus atletas, o meia Hyoran, que escapou da tragédia do voo da Chapecoense em 2016, por estar lesionado na ocasião.
Felipão não quis revelar quem serão os jogadores cortados e, em seguida, emendou: “Não vou falar aqui agora, até porque amanhã pode cair o avião e morrer todo mundo. E se morrerem alguns, vou até soltar foguete”, diante de olhares confusos, o técnico tentou se explicar. “Mas não são os jogadores, vocês não entenderam a minha piada”, disse, antes de encerrar mais uma entrevista em que demonstrou mau-humor com os jornalistas.
Nas redes sociais, torcedores especularam sobre as motivações da fala de Felipão. Alguns torcedores citaram uma frase atribuída ao comentarista Rodrigo Bueno, da Fox Sports, sobre os problemas enfrentados no voo do Palmeiras para o jogo de ida, em Mendoza. O assessor de imprensa de Felipão deu outra explicação. Negou qualquer entrevero com Bueno e disse que Felipão, na verdade, brincou com o repórter Marcello Lima, com quem convive desde 1997, que estava rindo de suas respostas durante a coletiva.
“Eles têm essa mania antiga de não firmar nenhum compromisso dizendo que ‘pode ser atropelado’, coisas do tipo…” justificou Acaz Fellegger, seu assessor. O treinador, inclusive, chegou a ser advertido pelo próprio Acaz a parar a de fazer menções a morte em suas declarações – semanas antes, ao minimizar a eliminação para o Internacional, na Copa do Brasil, Scolari torceu o nariz para quem questionou o peso da derrota dizendo que “ninguém morreu” com a desclassificação.
Qualquer que tenha sido o contexto, Felipão foi extremamente infeliz. Primeiro, pois não se brinca jamais com tragédias. Ainda mais depois de o time ter levado um susto no voo para a Argentina, no qual diversos integrantes passaram mal. Pior ainda sabendo que um de seus atletas, Hyoran, sofreu com a perda de dezenas de companheiros no voo da Chapecoense. E, nestes casos, pedir desculpas seria bem mais efetivo que tergiversar. Afinal, todos estamos sujeitos a errar o tom de uma brincadeira ou provocação.