Ambicioso, Athletico Paranaense busca o seu 7º título em seis anos
Novamente na final da Sul-Americana, clube paranaense se acostumou a brigar por grandes conquistas nos últimos anos e quer reconhecimento como grande
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De “patinho feio” a protagonista, a frase que pode definir a década do Athletico Paranaense. De um clube com projeto e estrutura, mas rebaixado em 2011, o Furacão se tornou um dos grandes do país ao entrar, definitivamente, nos eixos e colher o plantio de um projeto iniciado nos anos 90. Hoje, a equipe da capital paranaense é finalista da Sul-Americana – que acontece neste sábado, 20, contra o Red Bull Bragantino, no estádio Centenário, em Montevidéu – e está a uma vitória de levantar o sétimo título em um espaço de seis temporadas, sendo três deles nacionais ou continentais.
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O nascimento
Fundado em 1924 após fusão entre o International Football Club e o América Futebol Clube, o Club Athletico Paranaense (grafia original) escreveu seus primeiros passos com certa relevância no cenário do Paraná. Em uma era na qual os campeonatos estaduais tinham grande peso, o “novato” venceu nove títulos paranaenses em 25 anos de vida e, pelo time que não deu chance para adversários em 1949, foi apelidado de “Furacão” pelos jornais locais. Alcunha que pegou.
![CAPxBAH-Sicupira-1600 Sicupira, que morreu no último dia 7, é um dos maiores ídolos do Athletico -](https://placar.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/11/CAPxBAH-Sicupira-1600.jpg?quality=70&strip=info&w=1024)
Passou o embalo. Depois, participações tímidas na Taça Brasil (correspondente da época à elite do futebol brasileiro) e queda para a segunda divisão. Em meio a isso, raras montagens de times competitivos e a presença de jogadores relevantes no elenco, como o de 1968, que contava com Djalma Santos e Bellini, campeões mundiais em 1962 com a seleção brasileira, além de Sicupira (1944-1921), maior artilheiro do Rubro-Negro, com 157 gols. Ainda em 1983, o Athletico fez uma boa temporada com o “casal 20”, apelido para a dupla de ataque formada Washington e Assis, ficando com o terceiro lugar do Campeonato Brasileiro. Nada que mudasse o “status” do clube.
A revolução
Em 1995, o Athletico amargurava cinco anos sem vencer um título estadual, jogava a segunda divisão nacional e era derrotado frequentemente por seu maior rival, o Coritiba. Assim, uma diretoria assumiu as rédeas do clube com o intuito de modernizar o que vinha sendo feito. Foram aí que os holofotes viraram para Mário Celso Petraglia, o responsável pela reconstrução de um tradicional clube, a começar pela construção de um novo estádio, a Arena da Baixada, um centro de treinamento moderno, o CT do Caju e a mudança do escudo, que, na época, foi modelado em círculo, mantendo a tradicional sigla CAP e as cores vermelha e preta.
Campeão da Série B em 1995 sobre o Coritiba, o Athletico voltou à elite do futebol brasileiro. Em 2001, já com a força de sua torcida no novo estádio, colhendo frutos de uma estrutura moderno e um time que contava com Alex Mineiro, ídolo do clube, e Kléberson, campeão da Copa do Mundo com o Brasil no ano seguinte, o Furacão foi Campeão Brasileiro. Em um recorte curto, naquele início de século, o time paranaense ainda foi vice do mesmo Brasileirão, em 2004, e da Libertadores, em 2005, ao perder para o São Paulo, que seria campeão mundial, na final. Porém, a moderna e admirável gestão também errou. Sem Petraglia desde 2008, em 2011, após 16 anos consecutivos na elite, o time da capital do Paraná foi rebaixado para a Série B.
![5A884D3C-FAB9-48DF-A875-17A3BA2FB92F Arena da Baixada, um dos estádios mais modernos do país -](https://placar.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/11/5A884D3C-FAB9-48DF-A875-17A3BA2FB92F.jpeg?quality=70&strip=info&w=733)
A figura de Petraglia voltou em 2012 e comandou a diretoria no retorno à Série A. Com o estádio reformado para a Copa do Mundo de 2014 disputada no Brasil, o Athletico passou a ter o primeiro – e único – estádio do país com teto retrátil, o que bem reflete a estruturação moderna do clube. Intensificando uma gestão esportiva, o “modus operandi” para a montagem do elenco se tornou a aposta em jogadores formados no CT do Caju mesclado à contratação de atletas em fase final de formação, sem perder atenção nas oportunidades de mercado. Sem estourar teto de gastos. Nesse sentido, o Rubro-Negro formou, revelou e colheu frutos esportivos e financeiros com diversos atletas nesta década, como Marcelo Cirino, Otávio, Léo Pereira, Renan Lodi, Bruno Guimarães, Rony e Pablo.
A consolidação
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A imagem de um clube responsável financeiramente e preocupado com a infraestrutura conduziu a uma imposição no cenário estadual – venceu quatro das últimas seis edições do Campeonato Paranaense -, mas, principalmente, a voos ainda mais altos com conquistas inéditas. Segundo o SportsValue, o clube tem hoje uma dívida de aproximadamente 200 milhões de reais, quase 100 milhões de reais a menos do que o rival Coritiba e 1 bilhão de reais a menos que o Atlético Mineiro, clube mais devedor.
Foi em 2018, sob comando de Tiago Nunes, que uma equipe repleta de jogadores que despontavam para o futebol, como Santos, Léo Pereira, Renan Lodi, Bruno Guimarães, Raphael Veiga e Pablo, encantou a América do Sul. Contando com os destaques consolidados Thiago Heleno, zagueiro do clube há anos, Lucho González, argentino veterano contratado em oportunidade de mercado e Nikão, atleta identificado e ídolo da torcida, o Athletico venceu a Copa Sul-Americana sobre o Junior Barranquilla, o primeiro título internacional da história do clube.
![D07595D6-BEB0-476A-9CC9-D4DC51CD6F88 Em 2018, Athletico tinha Léo Pereira e Pablo no elenco -](https://placar.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/11/D07595D6-BEB0-476A-9CC9-D4DC51CD6F88.jpeg?quality=70&strip=info&w=594)
![Internacional v Athletico PR – Copa do Brasil Final Em 2018, Athletico tinha Léo Pereira e Pablo no elenco -](https://placar.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/tiago-nunes.jpg?quality=70&strip=info&w=300)
Para o ano seguinte, a diretoria conseguiu manter a base e lucrar com vendas. A identidade visual também era outra. O escudo foi modernizado, o nome passou de Atlético para Athletico, resgantando as origens, e o apelido Furacão foi vendido com mais ênfase. Com a chegada do atacante argentino Marco Rúben, o Athletico se tornou uma potência ofensiva naquela temporada e a saída de Pablo, vendido ao São Paulo, foi suprida também pela consolidação de Rony, que na época tinha 23 anos e estava em fase final de formação. Desse modo, mais um título, a Copa do Brasil, batendo o Internacional, com vitória nos dois jogos da decisão.
Naturalmente, segurar todos os atletas presentes nos dois anos gloriosos foi uma tarefa impossível, o que gerou um 2020 de reconstrução do elenco. Contudo, para 2021, a fórmula de sucesso foi a mesma – e o resultado também. Jovens atletas foram comprados, como David Terans e Matheus Babi, promessas da base foram utilizadas, como Abner, e algumas referências foram mantidas, como Thiago Heleno e Nikão. Assim, apesar de um Brasileirão instável, o Furacão foi avassalador na Copa Sul-Americana, chegando à final contra o Red Bull Bragantino, e na Copa do Brasil o título também pode ser alcançado após chegar à decisão embalado, com direito a 3 a 0 no Flamengo, no jogo de volta da semifinal, em pleno Maracanã.