Adversária da seleção, Colômbia invadiu a Série A do Brasileirão
Número de atletas colombianos no país subiu de 3 para 17 em menos de dez anos; já é o líder entre estrangeiros, empatado com a Argentina
A seleção brasileira encara nesta quinta-feira, 11, a partir das 21h30 (de Brasília), em São Paulo, a Colômbia, um adversário que costuma lhe complicar e cujo elenco é formado por atletas conhecidos do torcedor brasileiro. Fazem parte do grupo convocado para a rodada das Eliminatórias da Copa de 2022, o atacante Miguel Borja, do Grêmio, e o volante Victor Cantillo, do Corinthians, além do ex-flamenguista Gustavo Cuellar — o zagueiro Yerry Mina, com passagem pelo Palmeiras, foi cortado por lesão. O país vizinho é hoje o líder em número de estrangeiros na Série A do Campeonato Brasileiro, empatado com a Argentina, ambos com 17 representantes.
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A presença de colombianos no país não é novidade. Nomes como Freddy Rincón (Palmeiras, Corinthians e Santos), Victor Aristizábal (São Paulo e Cruzeiro), Faustino Asprilla (Palmeiras e Fluminense), Wason Renteria (Inter), entre outros, deixaram suas marcas no futebol brasileiro nos últimos 30 anos. No entanto, a presença deles era mais restrita.
Historicamente, o Campeonato Argentino se acostumou a ter mais ídolos colombianos, como [Óscar Córdoba, Jorge Bermúdez e Mauricio Serna (Boca Juniors), Juan Pablo Ángel, Teo Gutiérrez e Rafael Borré (River Plate). Estrelas da seleção atual, o veterano Radamael Falcao Garcia iniciou sua carreira no River, enquanto James Rodríguez vestiu a camisa do Banfield.
O cenário começou a mudar e o Brasil passou a ser um destino mais recorrente para os vizinhos a partir de 2013, ano em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ampliou de três para cinco o número de estrangeiros liberados por equipe para disputar uma mesma partida.
Naquele ano, havia apenas três colombianos na elite brasileira. O número chegou a 17 nas últimas três edições e em 2021, pela primeira vez, empatou com a Argentina, que tradicionalmente lidera o ranking de gringos do Brasileirão. A “invasão cafeteira” no país tem razões técnicas e econômicas, conforme explicam membros deste mercado a PLACAR.
[box title=”Os colombianos da Série A”]Orlando Berrío – América-MG
Dylan Borrero – Atlético-MG
Nicolás Hernández – Athletico
Juan Pablo Ramírez – Bahia
Hugo Rodallega – Bahia
Stiven Mendoza – Ceará
Yony González – Ceará
Victor Cantillo – Corinthians
Yesús Cabrera – Cuiabá
Jhon Arias – Fluminense
Miguel Borja – Grêmio
Jamintin Campaz – Grêmio
Juan Manuel Cuesta – Internacional
Juan Quintero – Juventude
César Haydar – Red Bull Bragantino
Luis Orejuela – São Paulo
Santiago Tréllez – Sport[/box]
O Bahia conta hoje com dois colombianos, o jovem Juan Pablo Ramírez e o veterano Hugo Rodallega. “Os clubes se estruturaram muito em departamentos com análises de dados e desempenho. Esse departamento do Bahia, conhecido como Dade, faz isso com excelência, tanto é que trouxemos bons atletas vindos da Colômbia e de outros mercados sul-americanos”, afirma Júnior Chávare, gerente de futebol do Bahia.
“Os jogadores colombianos possuem características individuais diferentes de outros centros. Se assemelham muito com o comportamento do brasileiro na parte técnica, são fortes, e é um mercado que qualquer profissional deve estar sempre atento. Esse crescimento de colombianos na Série A tem a ver com o fato de ser um país que sempre foi muito exportador por possuir atletas com potencial e de oportunidades financeiras”, completa.
Numero de representantes na Série A do Brasileirão
Em 2021, o Internacional investiu na chegada de Juan Manuel Cuesta, meia de 19 anos revelado pelo Independiente de Medellín. Gustavo Grossi, diretor executivo da base colorada, citou três fatores que explicam o aumento deste mercado. “O atleta colombiano possui uma genética privilegiada, individualidades específicas, e geralmente são atletas em projeção, que podem dar certo no Brasil e serem vendidos posteriormente”, diz.
“Depois vemos a questão econômica. Os atletas argentinos e uruguaios estão num valor de mercado acima, quase 300% maior que o colombiano, e isso também pesa em algumas situações. Um atleta colombiano de seleção pode vir por 1,5 a 3 milhões de euros, o que não ocorre com argentinos e uruguaios”, prossegue, antes de citar um episódio que extrapola as quatro linhas.
“Por fim, considero que o fatídico acidente envolvendo a Chapecoense no final de 2016, antes da partida contra o Atlético Nacional, criou um vínculo emocional e bem próximo entre Brasil e Colômbia. Os dois países criaram laços muito profundos e se aproximaram muito, dentro e fora de campo”, diz Grossi.