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À sombra de Neymar

O ambiente da seleção pode até estar mais leve, mas os comandados de Tite terão de se mostrar capazes de levantar uma taça sem a ajuda de seu melhor jogador

A ausência de Neymar era ainda uma imensa presença nos dias que antecederam a estreia do Brasil na Copa América, contra a Bolívia, no Morumbi. Mas tentou-se de tudo, desde que o bode saiu da sala, para fazê-lo sumir de vez. Após o corte do atacante, que rompeu os ligamentos do tornozelo direito, as únicas viaturas policiais que rondaram a seleção foram aquelas responsáveis pela escolta da delegação. Quem faz parte do grupo comandado por Tite pode até dizer que não, mas o semblante de todos ficou menos sisudo sem o príncipe. As entrevistas coletivas, que eram monotemáticas sobre o camisa 10 do PSG, e mais recentemente sobre a acusação de estupro (leia a matéria), ganharam variedade de perguntas, o que claramente deixou o treinador mais confortável.

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O jovem atacante Richarlison, 22 anos, do mediano Everton, da Inglaterra, uma das poucas caras novas do grupo convocado para esta Copa América — catorze dos 23 escolhidos estiveram no Mundial da Rússia —, foi quem melhor se saiu nas declarações. “Deixamos o Neymar tranquilo. Acho que essa ausência será boa para ele resolver todos os problemas. Vamos sentir falta, claro, por sua qualidade, mas temos de saber jogar sem ele.” O capitão Daniel Alves, que só assumiu a braçadeira depois que Neymar foi punido por Tite pelo soco desferido em um torcedor na França, tratou de alçar o moral do grupo. “Divertir-se é fundamental, fazemos o que amamos. É preciso encarar as coisas com responsabilidade, mas sem esquecer de sorrir”, disse.

Há mais leveza no ambiente, há vontade de sorrir, mas convém não se apegar demais ao resultado do último jogo antes do início da Copa América: a goleada de 7 a 0 sobre a inexpressiva seleção de Honduras mascara um problema sério, a dificuldade de vencer jogos em competições oficiais sem a presença de Neymar no time (veja o quadro ao lado). Com Neymar no estaleiro, o Brasil levou o histórico 7 a 1 contra a Alemanha, em 2014. Depois, foi eliminado pelo Paraguai na Copa América de 2015 (o parça dos parças não jogou por estar suspenso) e pelo Peru, em 2016 (ele preteriu o torneio para disputar a Olimpíada). Sorte do Brasil, o anfitrião, ter caído em um grupo fácil na fase classificatória da atual versão do campeonato sul-americano, que terá a bizarra inclusão do Catar e do Japão: além de enfrentar a Bolívia, a seleção jogará contra a Venezuela e o Peru. Dá para vencer, mesmo com Neymar a distância.

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Publicado em VEJA de 19 de junho de 2019, edição nº 2639

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