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A esperança e o receio dos organizadores da Olimpíada de Tóquio

Apesar das incertezas com a pandemia, a Tocha sairá esta noite de Fukushima – resta saber se chegará a Tóquio, em 23 de julho

Os Jogos Olímpicos de Tóquio, cancelados em 2020 e anunciados para 2021, viverão na noite desta quarta-feira (manhã de quinta-feira no Japão) um momento que mistura esperança e apreensão: o início do revezamento da tocha olímpica, em Fukushima. A esperança: o evento, como sempre desde 1896, à exceção dos períodos de guerra, marca o início da competição. A apreensão: a triste permanência dos casos e mortes em decorrência das Covid-19, com a eclosão de novas variantes do vírus, apesar dos avanços globais na vacinação.

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Diante das incertezas, a manutenção da cerimônia simbólica do fogo aceso a caminho da pira – os Jogos estão marcados para iniciar em 23 de julho – virou uma “opção antidemocrática”, na definição do The New York Times. Antidemocrática porque contraria a vontade popular: pesquisas recentes indicam que mais de 80% da população japonesa não quer a competição. Epidemiologistas concordam com o risco de contágio, apesar de já ter sido anunciada a proibição de turistas estrangeiros. “Não sei por que alguém sairia de casa para assistir a esses Jogos Olímpicos”, disse Hyoung Min Yoo, que trabalha com finanças em Tóquio e assegurou antecipadamente a compra de ingressos para as finais de atletismo e natação, mas que não irá usufruir da aquisição.

No Japão, a Olimpíada foi vista, antes da pandemia, como símbolo de recuperação para o país, um modo de superar uma histórica crise econômica, terremotos, tsunamis, o desastre nuclear de Fukushima. Mas então veio o novo coronavírus para deixar tudo no ar. Há pressão econômica – foram gastos mais de 100 bilhões de dólares – e diplomáticas. Como a China sediará a Olimpíada de Inverno de Pequim, em 2022, os japoneses não querem conceder aos adversários históricos o direito de celebrar o primeiro grande encontro internacional depois da pandemia. Seria uma derrota para o orgulho nacional. Trata-se, portanto, de assumir riscos – apesar da evidente desconfiança dos cidadãos. Taro Aso, o ministro das finanças do país, classificou as Olimpíadas de Tóquio como “amaldiçoadas” já que dificilmente o país conseguirá recuperar investimentos. “Cancelar os Jogos Olímpicos seria muito mais fácil”, disse Kentaro Iwata, especialista em doenças infecciosas do Hospital Universitário de Kobe, que acredita que o evento traz riscos mesmo com a prometida “bolha”, em que atletas não poderão socializar fora da vila olímpica, sendo rastreados por um aplicativo de celular.

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O revezamento da Tocha é uma luz, mas convém lembrar que, em 2020, ele também deixou Fukushima – mas foi interrompido, lastimavelmente, no meio do caminho.

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