Um líder nato: Casemiro celebra rápida identificação no United
"Me senti amado desde o primeiro dia", revela volante brasileiro, em entrevista exclusiva a PLACAR, direto de Manchester. Edição de julho chega às bancas dia 14
No norte da Inglaterra, Casemiro voltou a sorrir. A decepção pela eliminação na Copa do Mundo do Catar, tratada por ele como a derrota mais dolorosa de sua carreira, foi curada com vitórias, boas atuações e, sobretudo, com o afeto que recebeu da torcida do Manchester United logo em sua primeira temporada. “Claro que todo mundo quer ter o carinho e o respeito, quer marcar uma era de títulos, mas não imaginava que seria tão rápido, isso é muito gratificante e tem sido surpreendente”, contou o volante da seleção brasileira, em entrevista exclusiva que estampa a capa da edição de julho de PLACAR, que chega às bancas no próximo dia 14.
Há um ano, Casemiro tomou uma decisão drástica e, por que não, surpreendente. Deixou para trás a condição de lenda do então campeão europeu Real Madrid e aceitou uma proposta de 70 milhões de libras (quase 400 milhões de reais pela cotação da época) do Manchester United, outro gigante europeu, porém em má fase e nem sequer classificado para a Champions League. Direto de sua casa, o atleta que em fevereiro completou 31 anos diz ter posto diversos fatores na balança.
“Primeiro, conversei com minha família, que aceitou na hora”, diz. “Era a chance de sair de um grande clube por cima, com uma idade que ainda me permite ter essa força de vontade. Se fosse daqui a dois ou três anos, eu não sairia do Real Madrid para ir para outro grande, não teria essa ambição de mudar de liga e alavancar outro clube gigante”. Pesou também, é claro, o desejo de jogar a Premier League. “E o melhor de tudo é que era aquilo mesmo que eu pensava. O principal é que aqui não tem jogo fácil, o primeiro colocado joga contra o último e não tem a certeza de que vai ganhar. Se for com 90% de sua força apenas, você perde”, afirma.
Já com bom domínio de inglês, ele ficou feliz ao receber da reportagem de PLACAR um vídeo gravado em frente ao
estádio Old Trafford, no qual John, um senhor que vende cachecóis do United, rasgou elogios ao reforço. “Casemiro é classudo, conhece a posição e sabe ler o jogo, é fantástico. Já é uma lenda, vamos amá-lo e cantar seu nome por muitos anos”, disse o comerciante, cujos cachecóis personalizados mais vendidos são os de Casemiro, do argentino Lisandro Martínez e da estrela local Marcus Rashford.
O brasileiro admite surpresa com tanto afeto. “Todos no clube sempre foram muito carinhosos, me senti amado desde o primeiro dia, o que não era fácil depois de passar dez anos no Real Madrid”, diz. “É resultado do trabalho dentro de campo, foi uma mescla muito boa, dos torcedores, funcionários, jogadores, e isso tem sido muito importante para minha adaptação.”
De fato, a icônica camisa vermelha lhe caiu bem. Logo em sua primeira temporada, Casemiro virou titular absoluto, com 53 jogos disputados, marcou sete gols (igualando suas duas melhores temporadas pelo Real Madrid) e distribuiu sete assistências. De quebra, ajudou o lado vermelho de Manchester a faturar o título da Copa da Liga Inglesa — bateu na trave na Copa da Inglaterra, ao perder para o rival City — e a recolocar o clube na Champions League como terceiro colocado da Premier.
Casemiro segue a chamada linha “raiz”, sem frescura, e se autodefine um boleiro à moda antiga. Não reclama de nada, nem mesmo do boxing day, a rodada da Premier League de 26 de dezembro, que impede que atletas passem as festas de fim de ano em seus países. “Eu gostei, são os jogos com a melhor atmosfera”, diz. “Está tudo ótimo, me falavam que Manchester era uma cidade difícil de se viver, mas estou adorando.”
Casemiro é um líder nato. Com ou sem faixa no braço, ele se diz à vontade no papel de capitão das equipes. “Eu gosto de ter esse papel, sim, sendo sincero. De ser líder, de cuidar, de ser meio paizão, de ir atrás das coisas, gosto de dar o exemplo, ser o primeiro a chegar. Gosto de exercer essa função”, diz. “A faixa de capitão nada mais que é do que um símbolo, mas os jogadores tem a responsabilidade de falar com o arbitro, com os jogadores. Eu gosto de ser esse jogador exemplo.”
Pentacampeão da Liga dos Campeões, ídolo de diversas torcidas, quando questionado sobre seu grande objetivo profissional, Casemiro não titubeia. “Ganhar uma Copa do Mundo pelo Brasil e recolocar o Manchester United no topo”.
Nos próximos dias, PLACAR divulgará outros trechos da entrevista com Casemiro, tanto no site quanto na PLACAR TV, sobre seleção brasileira, parceria com Toni Kroos e Luka Modric, embates contra Lionel Messi, e muito mais. A íntegra da entrevista e a edição de julho, que traz um especial da Premier League e o guia da Copa do Mundo feminina, saem no dia 14 de julho.