Juventus perde 15 pontos no Campeonato Italiano por escândalo financeiro
Clube foi sancionado pela federação italiana por crimes financeiros em transferências de atletas entre 2019 e 2021 e despencará do 3º para o 10º lugar
A Federação Italiana de Futebol (FIGC, na sigla original) anunciou nesta sexta-feira, 20, punição a Juventus com a perda de 15 pontos por conta das novas informações sobre o escândalo financeiro que envolveu o clube. A Corte Federal de Recursos da entidade, presidida por Mario Luigi Torsello, acatou parcialmente a decisão do Ministério Público do país de sancionar o clube com a penalidade já na atual edição do Campeonato Italiano.
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Atual terceira colocada na Série A, com 37 pontos, um atrás do Milan, o segundo, e dez atrás do Napoli, o líder, a Juve cairá para 22 pontos, despencando para a 10ª colocação ao lado de Bologna e Empoli.
Além dos pontos, também foram punidos 11 dirigentes com envolvimento direto com o clube italiano: o ex-diretor Fabio Paratici, atualmente no Tottenham o ex-presidente Andre Agnelli, além de Maurizio Arrivabene, ex-chefe da equipe Ferrari na Fórmula 1 e executivo do clube. Outro nome relevante é o do ex-jogador checo e ex-vice-presidente Pavel Nedved.
Paratici ficará 30 meses afastado de qualquer atividade relacionada ao futebol, enquanto Agnelli 24 meses, Arrivabene 16 meses e todos os demais sofreram punições de oito meses.
O Tribunal confirmou ainda a absolvição dos outros oito clubes envolvidos na investigação: Sampdoria, Pro Vercelli, Genoa, Parma, Pisa, Empoli, Novara e Pescara, além de seus respectivos diretores e gerentes.
O caso
A investigação corre desde 2021 devido a 42 transferências sob suspeita de irregularidades. Em novembro, o jornal italiano La Gazzetta dello Sport afirmou que, caso confirmados, os crimes financeiros poderiam levar novamente o clube à segunda divisão, além de anularem o título italiano da temporada 2019/20.
“Juventus sob pressão. Os magistrados, convencidos de fechar a sentença dentro de um mês, acusam: o sistema futebolístico está doente”, afirmou a principal manchete da publicação na ocasião.
A promotoria da federação abriu inquérito na última semana para apurar, ao todo, 62 negociações irregulares durante 2019 e 2021 – 42 delas seriam da Juventus, a principal delas a transação que envolveu a compra do volante brasileiro Arthur do Barcelona por 72 milhões de euros (442 milhões de reais na cotação da época), com a cessão do bósnio Miralem Pjanic.
O processo é conduzido pelo Ministério Público de Turim e colheu depoimentos de nomes importantes. A investigação também envolve diretamente nomes como Andrea Agnelli, presidente da Juve, o ex-jogador checo Pavel Nedved, vice.
Eles são investigados por possíveis falsas contabilidades e emissões de faturas para transações não existentes. A justiça acredita que o clube lançava em seus balanços ganhos fictícios provenientes da compra e venda de jogadores. As operações suspeitas ultrapassariam 280 milhões de euros (1,7 bilhão de reais).
Além da compra de Arthur, entre as negociações sob suspeita estão a do astro português Cristiano Ronaldo, negociado na última janela de transferências com o Manchester United. Outros casos como o do português João Cancelo e o do lateral direito brasileiro Danilo também são investigados.
Fiscais de Guarda de Finanças estiveram na sede do clube na época para apreender documentos que colaborarão na investigação.
O clube italiano sofreu em 2006 uma punição semelhante a cogitada neste ano pelo envolvimento em um esquema de manipulação de resultados no futebol italiano. A Juve perdeu o scudetto da temporada 2004/05 e ainda foi rebaixada à segunda divisão da competição.