Daniel Alves depõe, admite penetração e justifica mudança de versão
Preso há quase três meses acusado de estupro, jogador deixou a penitenciária pela primeira vez e declarou ao Tribunal que relação foi consensual
Daniel Alves deixou a Penitenciária Brians II pela primeira vez em quase três meses para depor nesta segunda-feira, 17, no Tribunal Superior de Justiça da Catalunha. O jogador de 39 anos está preso desde 20 de janeiro, sem direito a fiança, acusado de cometer estupro contra uma uma jovem de 23 anos, em uma boate na cidade, em 31 de dezembro de 2022.
A declaração durou menos de meia hora. Segundo o diário catalão La Vanguardia, Alves respondeu às perguntas da advogada da vítima, Ester García, da promotora Elisabet Jiménez e de seu próprio advogado, Cristobal Martel, e disse que o ocorrido no banheiro da boate foram atos sexuais “consentidos por ambas as partes”.
Ele reiterou ainda que mudou as versões sobre o caso (de início, negou qualquer relação), para proteger seu casamento com Joana Sanz. Recentemente, a modelo espanhola anunciou o fim da relação com uma postagem em suas redes sociais.
A declaração teve início com quase duas horas de atraso, pois a administração da penitenciária Brians II não havia recebido pedido de liberação até a manhã desta segunda-feira. O caso ainda está em fase de instrução e produção de provas e ainda não há data para julgamento.
Alves citou uma “atração sexual mútua” quando ele a jovem se encontraram em uma sala privada e disse que enquanto dançavam e flertavam, foi ele quem propôs à mulher que fossem juntos ao banheiro, um convite aceito pela mulher, ainda segundo sua versão.
O ídolo do Barcelona, jogador com mais títulos na história do futebol, completou dizendo que acessou o banheiro da área VIP e que dois minutos depois ela entrou, conforme combinado. Ele então teria abaixado suas calças e praticado sexo oral antes de seguir para a penetração vaginal. Ele admite ter ejaculado, fora do corpo da denunciante.
Daniel Alves disse ainda que não houve nenhum gesto de recusa ou repreensão da jovem e que não conversou mais com ela naquela noite, pois não a encontrou. Questionado sobre ferimentos no joelho da jovem, o lateral disse que as marcas se deviam à posição na qual ela praticou sexo oral.
No início de abril, Daniel Alves recebeu a visita da mãe Lúcia Alves no complexo Brians II. Segundo informações do diário Mundo Deportivo, o jogador tem tido bom comportamento na prisão, exceto um dia em que improvisou um batuque de carnaval na cela e foi repreendido por outros detentos.
Relembre o caso
No último dia 21 de março, o Tribunal de Barcelona rejeitou o pedido feito pela defesa do jogador brasileiro para que o atleta respondesse ao processo em liberdade. Na decisão, os três juízes responsáveis, Eduardo Navarro, Myriam Linage e Carmen Guil, alegaram que há risco de fuga de Daniel Alves para o Brasil, além de diversos indícios do crime cometido pelo jogador de 39 anos.
Daniel deu ao menos três versões para o ocorrido na boate Sutton, em 31 de dezembro. A princípio, ele havia negado qualquer tipo de abuso, afirmou que estava apenas dançando na boate e que nem sequer conhecia a mulher, em entrevista a uma emissora espanhola, dia 5 de janeiro.
Depois, no primeiro depoimento à juíza, o jogador da seleção brasileira disse que estava no banheiro quando a mulher entrou, mas que não teve contato algum com ela. Por fim, o jogador, que era casado com a modelo espanhola Joana Sanz, admitiu a relação sexual.
As investigações podem levar a uma punição severa ao brasileiro. Desde 7 de outubro do ano passado, vigora na Espanha a Lei de Garantia da Liberdade Sexual, conhecida popularmente como lei do “só sim é sim”, e diz respeito ao que configura sexo consensual (atual versão defendida por Daniel Alves).
De acordo com o jornal Mundo Deportivo, o ex-jogador de Juventus, Barcelona, PSG e São Paulo, entre outros clubes, pode pegar de um a quatro anos de prisão caso seja condenado por agressão sexual; no entanto, em casos de estupro com violência, como acusa a mulher, a pena pode chegar a 12 anos de detenção.
A denúncia se assemelha ao caso do ex-atacante Robinho, que no no passado foi condenado de forma definitiva pela Justiça italiana a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa, ocorrido em 22 de janeiro de 2013, em uma casa noturna de Milão. O ex-jogador segue vivendo em liberdade em Santos (SP), pois o Brasil não extradita seus cidadãos.