Como o Barcelona consegue contratar estrelas mesmo com dívida bilionária
Saídas de jogadores com salários enormes, reajustes de contratos e "alavancas econômicas" explicam atividade do clube no mercado
Há apenas um ano, o Barcelona perdeu o maior jogador de sua história, Lionel Messi, porque simplesmente não tinha dinheiro para pagar seu salário e registrá-lo na liga. A dívida do clube à época chegou a ultrapassar 1 bilhão de euros. Nesta janela, porém, o time se movimenta com contratações de peso – a última delas, a do astro polonês Robert Lewandowski, do Bayern de Munique, por uma quantia que pode chegar a 50 milhões de euros. A pergunta que muitos torcedores se fazem é: de onde vem o dinheiro?
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Desde que voltou à presidência do Barça, em março do ano passado, Joan Laporta tem tomado diversas medidas para tentar sanar as finanças do clube, que há muitos anos vinham se deteriorando e ficaram em situação precária durante a gestão anterior, de Josep Maria Bartomeu. O principal problema era a folha salarial gigantesca – segundo o dirigente, ela era equivalente a 103% das receitas do clube quando ele assumiu, e havia aumentado mais de 60% sob a presidência anterior.
Cortes na folha salarial
A saída de Messi, de longe o maior salário do elenco, foi um passo fundamental. Mesmo com o craque argentino querendo ficar e o Barça querendo mantê-lo, a liga espanhola não permitiu que ele fosse registrado, porque isso faria o time ultrapassar o limite salarial para a temporada, que é imposto de acordo com um estudo das receitas do clube.
Outros jogadores de salários astronômicos também saíram nos últimos anos: Philippe Coutinho foi vendido ao Aston Villa, da Inglaterra, enquanto Antoine Griezmann está emprestado ao Atlético de Madri com obrigatoriedade de compra. Além disso, Ousmane Dembélé, após uma negociação que durou praticamente um semestre inteiro, aceitou reduzir seus ganhos pela metade para assinar um novo contrato.
Vários outros nomes importantes do elenco, como Gerard Piqué, Sergio Busquets e Jordi Alba, também aceitaram reduções salariais para permanecerem. O caso mais peculiar foi o do zagueiro Samuel Umtiti: encostado no elenco por causa de lesões, ele aceitou baixar o salário para que o Barça pudesse registrar o atacante Ferran Torres, contratado do Manchester City – em troca, porém, exigiu que seu contrato fosse renovado por mais três anos.
Vender o futuro para pagar o presente
Outro fator que ajuda a explicar como o Barcelona se mantém ativo no mercado são as chamadas “alavancas econômicas”, como Laporta chamou algumas operações que vendem recursos futuros do clube para levantar dinheiro no curto prazo. Uma delas, aprovada recentemente pelos sócios, permitiu que o presidente vendesse 10% dos direitos de TV do time no Campeonato Espanhol pelos próximos 25 anos, por pouco mais de 200 milhões de euros. Ele planeja vender mais 15% nos próximos dias. O clube perde dinheiro no longo prazo, mas ganha recursos importantíssimos para agora.
Ainda assim, tudo isso pode não ser o bastante. Na política do Barça, oposicionistas de Laporta acusam o presidente de gerir as contas do clube na base do “improviso”, contratando jogadores sem saber se terá condições de registrá-los. Nesta janela, além de Lewandowski, chegaram o zagueiro Andreas Christensen, do Chelsea, e o volante Franck Kessié, do Milan, ambos sem contrato, além do ponta brasileiro Raphinha, comprado do Leeds em uma operação que pode chegar a 65 milhões de euros.
Porém, ainda não se sabe ao certo se o Barcelona já tem condições de registrar todos esses reforços dentro do limite salarial imposto por La Liga para a próxima temporada – o número exato só será conhecido após o fechamento da janela de transferências.
É por isso que o time está tentando vender o volante holandês Frenkie de Jong ao Manchester United: o jogador quer ficar, mas o Barça precisa que ele libere espaço na folha salarial. Assim, equilibrando o rombo nas finanças com a busca por se manter como protagonista na elite do futebol, o time catalão segue tentando sair do buraco.
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