UFC Rio 3: Anderson volta para show, mas enfrenta riscos
A luta contra o azarão Stephan Bonnar não vale título – mas coloca em jogo o prestígio do supercampeão contra um adversário duríssimo de ser derrubado
Antes de Anderson Silva subir ao octógono, seu mestre Rodrigo Minotauro tentará dar a volta por cima, mais uma vez, no Rio de Janeiro, contra Dave Herman
Depois de vários problemas com lesões de lutadores, o UFC 153 enfim acontece na noite deste sábado, no Rio de Janeiro, com uma luta inimaginável quando o evento foi anunciado por Dana White: Anderson Silva enfrentará Stephan Bonnar, na categoria meio-pesado. Com a sombra da possibilidade de cancelar outra noite de lutas (a primeira em mais de uma década foi o UFC 151, em setembro), os organizadores correram atrás do seu principal lutador e ofereceram a chance de lutar em casa, contra um adversário que já estava pensando em aposentadoria, mas que pode complicar a festa dos brasileiros. Além de Anderson Silva, seu mestre e parceiro de treinos Rodrigo Minotauro Nogueira também subirá no octógono. Ele enfrenta Dave Herman, que tentou esquentar o confronto provocando o brasileiro. Minotauro não quis entrar no bate-boca e se concentrou na tentativa de recolocar a carreira nos trilhos – de novo – depois de uma grave contusão. Outros quatorze brasileiros estarão no evento. O UFC 153 tem a primeira luta prevista para as 20 horas, com transmissão pelo canal pay per view Combate. A TV Globo promete transmitir ao vivo as lutas do card principal a partir de 0h40. Anderson Silva deve entrar no octógono às 2 horas de domingo.
As lutas do UFC Rio 3
Card principal
Anderson Silva x Stephan Bonnar
Minotauro x Dave Herman
Glover Teixeira x F. Maldonado
Jon Fitch x Erick Silva
Wagner Caldeirão x Phil Davis
Demian Maia x Rick Story
Card preliminar
Rony Jason x Sam Sicilia
Gleison Tibau x F. Massaranduba
Diego Brandão x Joey Gambino
Serginho Moraes x Renée Forte
Luiz Cané x Chris Camozzi
Cristiano Marcello x Reza Madadi
Depois de ver sua luta contra Chael Sonnen ser transferida para Las Vegas, em julho deste ano, Anderson sentiu que devia algo para os brasileiros e aceitou salvar o UFC 153. O adversário? O brasileiro avisou que toparia encarar qualquer lutador da categoria meio-pesado, com exceção do campeão Jon Jones, com quem tem bom relacionamento – e contra quem precisaria de uma preparação muito mais complexa para lutar. Anderson costuma pesar cerca de 100 quilos fora dos períodos de preparação para luta. Por causa do curto período até o combate, não conseguiria baixar para os 83 quilos, limite dos médios, em apenas três semanas. Não teria problemas, porém, para chegar aos 94 quilos, o limite da categoria em que luta neste sábado. Esta não será a primeira vez que o brasileiro enfrenta um adversário na categoria acima – a última vitória entre os meio-pesados foi contra Forrest Griffin, em 2009. Na teoria, os rivais dessa categoria são maiores e mais fortes que Anderson, que perderia a vantagem de abusar da esquiva, aproveitar sua grande envergadura e decidir a luta com apenas alguns golpes. Mas não foi isso que aconteceu na luta contra Griffin.
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Mesmo muito acima de seu peso, o brasileiro mostrou sua versatilidade e agilidade no octógono, conseguiu controlar o ritmo da luta e decidiu o confronto com uma esquiva que está entre os melhores momentos de sua carreira. O americano tentou atingi-lo com uma sequência de murros, mas o brasileiro, de guarda baixa, escapou de três golpes com rapidez impressionante e acertou um direto que nocauteou Griffin. Anderson mostrou, na ocasião, que teria potencial para dominar também a categoria acima, mas decidiu permanecer entre os médios, onde se sente mais à vontade. O adversário do Spider neste sábado é um meio-pesado legítimo, mas estava pensando em aposentadoria, por achar que não teria mais chances de lutar contra um atleta de alto nível. Apesar de surpreso com o convite, abraçou a ideia de desafiar o campeão, mesmo numa luta que não vale título. Stephan Bonnar tem 35 anos e participou de uma das melhores lutas do UFC, a primeira final do reality show The Ultimate Fighter, contra o mesmo Griffin derrotado por Anderson anos depois. A batalha durou três rounds e atraiu a atenção do grande público para o evento. A luta foi tão impressionante que, mesmo com a vitória de Griffin por decisão dos juízes, Bonnar também ganhou um contrato com o UFC.
O americano tem se mostrado um sujeito extremamente tranquilo e alheio à pressão de enfrentar um campeão considerado o melhor lutador de todos os tempos. Costuma fazer piadas de si mesmo, assume que é azarão, mas avisa que vencer a luta deste sábado poderia mudar sua vida. Com 1,93 metro de altura, o americano sabe que não sofrerá tanto com a envergadura privilegiada de Anderson, que costuma ser um grande problema para os outros adversários. Ele também sabe que seus socos são mais potentes que os do brasileiro – Anderson deve começar o duelo com a guarda erguida, para não ter surpresas. Com dezessete vitórias e sete derrotas, Bonnar nunca foi nocauteado (tem duas derrotas por intervenção médica). Além de ser muito bom de trocação e de dificilmente cair, ele é faixa roxa de jiu-jitsu de um dos treinadores mais famosos do UFC: Calrson Gracie, que morreu em 2006. Por tudo isso, a tarefa de Anderson Silva neste sábado não é tão simples quanto parece. Seu adversário está encarando a luta como uma chance de fazer história e promete dar muito trabalho – e sangue – para não deixar o campeão alimentar a euforia da torcida local.
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Antes de Anderson Silva subir ao octógono, seu mestre Minotauro tentará dar a volta por cima, mais uma vez, no Rio de Janeiro, contra Dave Herman. No primeiro UFC Rio, em agosto de 2011, ele estava desacreditado, mas nocauteou o jovem Brendan Schaub no primeiro round. Na luta seguinte, entretanto, ele perdeu de forma surpreendente para Frank Mir – depois de ter a chance de nocautear o adversário, acabou vacilando e foi finalizado. Sofreu uma fratura e teve de ser submetido a uma cirurgia, que acarretou um longo período de recuperaçnao. Sua estratégia para a luta contra Herman deve ser definida no próprio octógono. Faixa preta em jiu-jitsu, ele sabe que precisa aproveitar uma brecha, seja no chão ou em pé, para derrotar Herman. O americano, por sua vez, tem declarado que o jiu-jitsu não é eficaz, apesar de já ter vencido algumas lutas por finalização. As frases de Herman sobre o jiu-jitsu foram vistas como uma tentativa de chamar atenção e provocar o brasileiro para ganhar destaque. Mas não serão apenas Anderson e Minotauro que estarão na terceira edição do UFC no Rio, cujo card tem outros catorze brasileiros.
O capixaba Erick Silva, na categoria meio-médio, faz sua terceira luta na cidade, desta vez contra Jon Fitch, e uma vitória pode deixá-lo entre os dez melhores de sua categoria. O brasileiro venceu suas duas lutas no Brasil com menos de um minuto, mas a segunda ficou sem resultado, após o árbitro Mario Yamasaki interpretar que Erick acertou golpes ilegais na nuca de Carlo Prater. Na única luta entre brasileiros do card principal, Glover Teixeira, que enfrentaria Rampage Jackson, encara Fábio Maldonado, companheiro de equipe de Anderson e Minotauro na academia Team Nogueira. Os lutadores até ameaçaram uma troca de provocações na contagem regressiva para a luta. Na quinta-feira, porém, estavam conversando e apertando as mãos no saguão do hotel onde foi realizada a entrevista coletiva oficial do evento. A primeira luta do card principal será entre Demian Maia e Rick Story. Depois de uma carreira instável entre os médios, Maia desceu para os meio-médios e estreou com uma bela vitória no UFC 148, em Las Vegas. O card preliminar ainda terá os brasileiros Rony Jason, Gleison Tibau, Massaranduba, Diego Brandão, Serginho Moraes, Renée Forte, Luiz Cané e Cristiano Marcello.