UFC: José Aldo, o supercampeão que se esquiva da fama
Invicto no torneio, ele tem uma rotina simples. É um dos melhores lutadores do planeta, mas só gosta de estar sob os holofotes quando sobe ao octógono
José Aldo é autêntico e não gosta de se promover – e a vida de astro, conciliando gravações de comerciais, participações em programas de TV e entrevistas, não combina com seu jeito simples
O brasileiro José Aldo provou mais uma vez, na madrugada de domingo, que é o melhor lutador da categoria peso-pena, até 66 quilos. Ao dominar os cinco rounds, exibir um arsenal de golpes impressionante e derrotar o americano Frankie Edgar por decisão dos juízes no UFC 156, em Las Vegas, ele deixou claro que é um dos melhores lutadores peso por peso do mundo – o que foi confirmado com a divulgação do primeiro ranking da franquia. O manauara de 26 anos aparece em quarto lugar na lista, atrás apenas dos astros Anderson Silva, Jon Jones e Georges St-Pierre. Para muitos especialistas, Aldo só não é citado mais vezes nesse grupo de elite do UFC por causa de sua conduta fora do octógono. Apesar do status de ídolo internacional do MMA, Aldo não liga para o estrelato – não se esforça para divulgar sua imagem, não ambiciona fechar contratos milionários e costuma dispensar as regalias que o sucesso no esporte pode trazer. O lutador prefere uma rotina simples e modesta. Enquanto o maior ídolo do UFC no país, Anderson Silva, se consolida como uma celebridade de primeiro escalão, Aldo se esquiva da fama e mantém os mesmos costumes de quando era um atleta iniciante.
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Nascido em uma família humilde em Manaus, José Aldo começou a trabalhar como ajudante de pedreiro ao lado do pai (que morreu anos depois). Seu sonho já era ser esportista, mas passava longe do octógono – assim como boa parte dos garotos brasileiros, ele queria mesmo era ser jogador de futebol. A carreira nos gramados não deu certo, mas logo aos 15 anos ele já estava treinando jiu-jitsu – a modalidade que rendeu a Aldo a chance de se mudar para o Rio de Janeiro para treinar com André Pederneiras na famosa academia Nova União. A viagem também serviu para o jovem manauara realizar outro sonho: conhecer o mar. Sem dinheiro, Aldo chegou a dormir no tatame da academia durante algum tempo. O brasileiro sempre se recorda do passado sofrido e fala abertamente sobre as dificuldades do começo da carreira de lutador – que, segundo ele, foram o combustível para que ele treinasse forte e conseguisse se transformar em um campeão. Leia também:
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O dilema do UFC: respeitar o esporte ou priorizar o show? Com quatro defesas de título, José Aldo é o terceiro campeão mais longevo do UFC – perde apenas para Anderson Silva, entre os médios, e para o canadense Georges St-Pierre, da categoria meio-médio. Como atleta profissional de MMA, José Aldo não perde uma luta desde 2005, quando foi finalizado pelo compatriota Luciazo Azevedo no Jungle Fight. Desde então, conseguiu nada menos que quinze vitórias, oito delas por nocaute. Mas Aldo não lembra em nada o Spider quando o assunto é lidar com o interesse do público e administrar sua imagem. O manauara já venceu todos os principais nomes da sua categoria, é respeitado por todos no mundo do MMA e está em alta no conceito do presidente do UFC, Dana White. Ainda assim, aparece bem menos que vários lutadores que pouco conquistaram na franquia. Quem conhece o atleta explica que isso é apenas uma consequência de seu temperamento. Leia também:
Minotouro vence e tira Rashad da rota do Spider Pezão nocauteia Overeem e já sonha com título Demian usa jiu-jitsu, vence e sobe na categoria De acordo com pessoas próximas ao lutador, José Aldo é autêntico e não gosta de se promover – e a vida de astro, conciliando gravações de comerciais, participações em programas de TV e entrevistas, não combina com seu jeito. O campeão prefere jogar conversa fora, contar piadas, brincar no videogame ou ficar ao lado da mulher e da filha recém nascida, Joana, de 6 meses. O manauara também dedica boa parte do tempo a uma paixão declarada: o Flamengo. Fanático pela equipe carioca desde pequeno, ele gosta de ver o time de perto, no estádio. Nunca em camarotes ou tribunas, é claro: Aldo frequenta as arquibancadas e faz questão de pular e cantar junto com a torcida organizada a que é ligado. A ligação com o futebol, porém, se restringe ao seu papel como torcedor. Se Anderson fez amizade com Ronaldo e passou a ter sua imagem administrada pela agência de marketing esportivo do astro, Aldo não quis nada parecido. Prefere manter o foco nos treinos e ficar sob os holofotes apenas na hora de subir ao octógono – o único palco em que José Aldo gosta de dar um show. Acompanhe VEJA Esporte no Facebook Siga VEJA Esporte no Twitter