UFC 157: enfim, a primeira luta do ‘tsunami’ Ronda Rousey
A estrela roubou a cena dos homens e provocou uma revolução na franquia – mas terá de provar o favoritismo neste sábado, em sua estreia, na Califórnia
Questionado sobre a venda de pacotes pay per view, o chefão do UFC, que nunca divulga esses números, só abriu um sorriso e revelou: “Estamos indo muito bem”
Há pouco mais de um ano, o presidente do UFC, Dana White, foi questionado sobre quando a franquia abriria as portas para as mulheres. A resposta foi rápida, direta e dura como um golpe desferido por Anderson Silva: “Nunca!” Na noite deste sábado, no Honda Center, em Anaheim, nos arredores de Los Angeles, o chefão da franquia estará, como de costume, sentado na primeira fileira diante do octógono para a luta principal do UFC 157. Mas o combate não contará com Lyoto Machida, Dan Henderson ou Urijah Faber, todos ex-campeões de MMA, todos confirmados no card. O combate de fundo na noitada de lutas na Califórnia será justamente o primeiro duelo entre mulheres na história do UFC. De um lado estará Liz Carmouche, uma militar americana com três passagens pela guerra do Iraque, homossexual assumida e dona de cartel respeitável; do outro, porém, estará a dona da noite, uma estrela em ascensão no esporte internacional. Ronda Rousey é o motivo que levou Dana White a mudar de ideia sobre as mulheres no UFC. Depois de iniciar uma verdadeira revolução na franquia, ela terá de provar seu favoritismo e confirmar seu status de superestrela do octógono em sua estreia na nova companhia. O evento acontece a partir das 20h30 (de Brasília) e será exibido no Brasil apenas pelo canal pago Combate. A luta entre Lyoto e Henderson é a segunda principal da noite.
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https://youtube.com/watch?v=F31vdn34GYM%3Frel%3D0
Ronda Rousey foi a estrela da véspera da luta. Todos os integrantes do card principal, incluindo Lyoto ‘The Dragon’ Machida e Dan Henderson, bateram o peso
Falar em revolução provocada por Ronda não é exagero. Se antes era difícil imaginar que o UFC abriria espaço para as mulheres, o fato de um evento grande como o deste sábado ter uma luta feminina fechando a noite mostra bem a mudança radical provocada pelo brilho de Ronda. De acordo com Dana White, a aposta, por enquanto, deu certo. O Honda Center foi palco do primeiro duelo entre Júnior Cigano e Cain Velasquez, uma disputa de cinturão dos pesados. Na véspera da luta, o número de ingressos vendidos já era muito bom, como era de se prever em caso de luta valendo título. Pois bem: até a sexta, a vendagem de ingressos para o combate de estreia de Ronda já tinha superado com folgas os números da luta de Cigano. Além da presença dos jornalistas especializados em MMA, os eventos prévios do combate, como entrevista coletiva e pesagem, tinham representantes da rede CNN e das revistas Rolling Stone e Forbes, que nunca cobrem esses eventos. Questionado sobre a venda de pacotes pay per view, o chefão do UFC, que nunca divulga esses números, só abriu um sorriso e revelou: “Estamos indo muito bem”. A noite histórica para o UFC só tem um ponto frágil: tudo se baseia na fama, no carisma e na beleza da campeã. Dana White não quer nem pensar na hipótese de ver Ronda derrotada logo na estreia. Dona de um cartel perfeito – nove vitórias que, somadas, duraram pouco mais de nove minutos -, a campeã disse que não queria ser chamada assim antes de provar, no octógono, que merecia o título, entregue por Dana White logo depois do anúncio da criação da categoria feminina.
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Em caso de vitória, no entanto, Ronda Rousey deverá despontar como um dos rostos que representam o UFC, ao lado de Anderson Silva e Jon Jones. A lutadora, de fato, tem tudo para ser uma grande estrela do esporte. Além de bonita, a loira tem ótimo jogo de cintura na hora de lidar com as câmeras, tem uma trajetória pessoal interessante, conhece do esporte e tem currículo notável, com direito a medalha olímpica (no judô) e uma respeitável série de vitórias. Mais importante ainda, ela sabe lutar – e muito. Ronda costuma dominar seus combates e atropelar as rivais. Para completar, é durona e confiante, mas na medida certa. Antes do duelo com Liz Carmouche, ela disse várias vezes que está convicta de que vai vencer. Sempre que fez essa previsão, porém, exibia sorriso maroto capaz de afastar qualquer impressão de arrogância ou antipatia. A chegada de Ronda ao UFC é o ponto alto de uma trajetória tortuosa, que começou com problemas de saúde na infância, sobreviveu à tragédia do suicídio do pai, passou por uma Olimpíada e até por um período de afastamento das lutas, em que a estrela trabalhou como garçonete. Como quase todos os grandes nomes das modalidades mais populares do planeta, Ronda Rousey cumpriu um caminho improvável até chegar ao topo. A partir deste sábado, ela tenta provar que merece um lugar no primeiro escalão do esporte.