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Senadores retiram assinaturas e enterram CPI da CBF

Comissão Parlamentar de Inquérito poderia investigar gastos dos governos com obras da Copa do Mundo. Pressão sobre parlamentares impediu leitura de requerimento

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que poderia investigar os gastos do governo com a Copa do Mundo naufragou antes mesmo de começar: nove senadores retiraram a assinatura do requerimento que pedia a criação da comissão, o que inviabilizou a investigação.

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Só podem ser instaladas as CPIs que têm o apoio de 27 senadores, o equivalente a um terço do total. O requerimento pedindo investigação sobre a Copa chegou a reunir 34 assinaturas. Depois de cinco dias de pressão dos governos federal e estaduais e de parlamentares ligados às entidades que comandam o futebol, restaram apenas 25 apoiadores.

A CPI da CBF, proposta pelo senador Mário Couto (PSDB-PA), tinha como objetivo investigar as despesas com os estádios da Copa do Mundo e apurar irregularidades na gestão das federações de futebol. O requerimento, que deveria ser lido em plenário nesta terça-feira para que a CPI saísse do papel, acabou arquivado.

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A lista de desistentes inclui parlamentares de oposição – inclusive do próprio PSDB de Mário Couto: Ivo Cassol (PP-RO), Lobão Filho (PMDB-MA), João Alberto (PMDB-MA), Clésio Andrade (PMDB-MG), Maria do Carmo Alves (DEM-SE), Wilder Morais (DEM-GO), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Paulo Davim (PV-AC).

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Quando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou o arquivamento, Mário Couto se enfureceu. Acusou o colega Zezé Perrella (PDT-MG), ex-presidente do Cruzeiro, de trabalhar pela retirada de assinaturas. O tucano prometeu ir ao Ministério Público Federal e bradou: “O Senado não quer? Dane-se o Senado. Os senadores não querem? Danem-se os senadores”.

Zezé Perrella, que estava a menos de dois metros de Mário Couto, disse que de fato trabalhou contra a CPI, mas tentou se justificar: “Nós estamos às vésperas de uma Copa do Mundo. No meu entendimento, uma CPI sobre a CBF não seria boa para o futebol brasileiro”.

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Mário Couto continuou exaltado, apontando o dedo para o colega: “Seja homem! Tenha honra!”, dizia ele. Perrella afirmou que o tucano queria usar a CPI para atingir o comando da Federação de Futebol do Pará, a quem se opõe. Mário Couto é dono de um clube de futebol no estado.

O senador paraense também prometeu subir à tribuna diariamente, por um mês, para lembrar os nomes dos senadores que retiraram as assinaturas: “Quero que a nação brasileira saiba quais os senadores que não querem fiscalizar o governo e se negam a fiscalizar uma CBF corrupta e as federações corruptas”, disse ele.

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