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Sarah Menezes, o 1º ouro de 2012 (e da geração de 2016)

Piauiense de 22 anos estreia em Londres a nova fase das campanhas olímpicas do país, já de olho no Rio. Sarah foi a primeira mulher de ouro do judô brasileiro

Depois da semifinal, Sarah saiu chorando do tatame, por saber que já tinha conquistado uma medalha olímpica por antecipação. Foi abraçada pela técnica Rosicléia Campos

Sarah Menezes não era estreante em Olimpíadas: já tinha ido a Pequim-2008, quando perdeu logo na primeira luta. Também não era considerada uma zebra – na previsão de medalhas da revista americana Sports Illustrated, já aparecia como favorita ao ouro; nas projeções da BBC para as competições deste sábado, era uma das atletas destacadas pelos especialistas da rede britânica. Pouco antes de sua final olímpica, contra a romena Alina Dumitru, que chegou para a decisão com o status de atual campeã dos Jogos, outro medalhista de ouro, o brasileiro Aurélio Miguel, vencedor em Seul-1988, se dizia confiante nas chances de Sarah. Ainda assim, sua façanha neste sábado, na ExCel Arena, tem um inegável gosto de novidade, tanto pelo ineditismo de sua conquista – é a primeira mulher do país a conquistar um ouro no judô – como por sua idade. Aos 22 anos, a atleta piauiense de 1,52 metro e 48 quilos é uma representante da geração Rio 2016. Nos primeiros Jogos disputados no Brasil, ela pode estar no auge da carreira, com 26 anos. Melhor ainda que a colheita do ouro tenha sido antecipada para Londres-2012, onde Sarah inaugurou a contagem de medalhas douradas da equipe brasileira em uma Olimpíada que marca uma nova etapa nas campanhas do país nos Jogos – afinal, a expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) é de subir de patamar no quadro de medalhas na disputa em casa, dentro de mais quatro anos.

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Blog VEJA nas Olimpíadas: Como a técnica Rosicléia Campos motiva a seleção de judô

Sarah, atleta do peso ligeiro, precisou de cinco lutas para subir ao topo do pódio. Antes da final, derrotou a vietnamita Ngoc Tu Van, a francesa Laetitia Payet, a chinesa Shugen Wu e a belga Charline van Snick, sempre com um bom domínio dos combates – só levou um susto no duelo com a chinesa Wu, quando por pouco não deixa escapar a vitória nos instantes finais da luta. Depois da semifinal contra a belga, saiu chorando do tatame, por saber que já tinha conquistado uma medalha olímpica por antecipação. Foi abraçada por sua técnica Rosicléia Campos – figura essencial para a conquista, ao oferecer, na beira do tatame, a confiança e a motivação necessárias para Sarah lutar com segurança – e teve cerca de duas horas para recuperar a concentração e o fôlego. Contra a romena – uma atleta bem mais experiente, perto de completar 30 anos -, Sarah não se intimidou. Mantendo a postura das lutas anteriores, tomou a iniciativa no combate. Depois de uma tentativa de imobilização no chão, deixou a romena reclamando de dores no braço. Sarah seguiu na ofensiva e, no último minuto do combate, conseguiu encaixar o golpe que decidiu a medalha, obtendo um yuko. A 12 segundos do fim, com a romena praticamente entregue, voltou a pontuar, com um waza-ari – e selou, assim, sua histórica campanha em Londres. O Brasil soma, desta forma, duas medalhas neste sábado: pouco antes de Sarah disputar a final, Felipe Kitadai venceu a disputa pela medalha de bronze contra o italiano Elio Verde.

‘Essa medalha vai mudar a minha vida’

Sarah Menezes falou sobre sua conquista pouco depois de descer do pódio. A seguir, os principais trechos de sua entrevista coletiva:

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“Esperava muito chegar neste pódio olímpico – e cheguei, aos 22 anos. Estou muito contente mesmo. A ficha caiu, sim, mas ainda estou muito emocionada. Queria agradecer a todos que ajudaram na minha carreira, a todos que estiveram comigo. Me senti bem desde que cheguei à Vila Olímpica. Consegui segurar a emoção. E deu certo. Antes de vir para Londres, fiz um trabalho psicológico muito forte. Foi por isso que consegui lutar bem, e consegui que o ouro chegasse. Acreditava muito no meu talento, acreditava muito no meu treinador. E acreditavam em mim mesma, principalmente. Quando eu comecei, meus pais falavam que judô era um esporte masculino. Mas eu entrei em um acordo com eles: pedi para continuar no esporte e prometi continuar meus estudos. E sempre consegui conciliar os dois.”

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